A mudança de modelo da Temu provoca descontentamento e protestos entre os seus fornecedores na China

  • Servimedia
  • 2 Agosto 2024

Os fornecedores consideram que a "estratégia de preços agressiva" e as "sanções severas" do gigante chinês estão a corroer os seus lucros e a prejudicar a sua atividade.

Nos últimos dias, a sede da Temu em Guangzhou (China) tornou-se o epicentro de uma série de protestos organizados por numerosos fornecedores chineses que vendem os seus produtos nesta plataforma.

De acordo com notícias publicadas, estas manifestações estão a ter lugar em resposta à mudança de estratégia proposta pela empresa chinesa. Atualmente, a Temu anunciou a sua preferência por fornecedores com armazéns no estrangeiro e está a evoluir o seu atual modelo de negócio “totalmente gerido” para uma abordagem mais descentralizada, como salientou recentemente o Financial Times, que observou que “esta estratégia parece estar centrada em proteger o negócio da Temu da possibilidade de os governos fecharem uma lacuna fiscal que impulsionou o seu crescimento”. O jornal comentou ainda que, com esta mudança, “está a tentar encurtar os prazos de entrega, armazenando os produtos mais perto dos compradores”.

Uma das principais novidades desta nova política adotada pela Temu tem a ver com as condições de envio e devolução de produtos. A partir de agora, os fornecedores são obrigados a suportar os custos de expedição, armazenamento e entrega, responsabilidades/competências que anteriormente eram cobertas pela Temu. Em declarações ao Financial Times, vários fornecedores chineses do centro de produção de Guangzhou, no sul do país, questionaram fortemente esta medida, que os obriga a assumir mais riscos para poderem vender na plataforma.

No entanto, esta não é a única queixa apresentada pelos fornecedores afetados. Outra queixa comum diz respeito às margens comerciais apertadas e às táticas da Temu para fazer com que os comerciantes baixem os preços; ou à falta de fiabilidade dos modelos de previsão de vendas da Temu, que podem decidir quais os produtos dos comerciantes que são mais promovidos junto dos compradores, dependendo de qual deles está a vender os produtos mais baratos ou aderiu recentemente à plataforma.

A Temu, que ganhou popularidade nos mercados ocidentais pelos seus preços competitivos em milhares de produtos, está, por isso, a enfrentar uma pressão crescente por parte dos seus fornecedores, que argumentam que as medidas tomadas estão a corroer os seus lucros e a prejudicar os seus negócios.

MOBILIZAÇÕES

Na sequência desta mudança de estratégia definida pelo gigante chinês, nos últimos dias, dezenas de comerciantes manifestaram o seu descontentamento com as novas políticas adotadas pela plataforma, que afetariam particularmente as condições de devolução e reembolso da plataforma, que consideram prejudiciais para os seus negócios, segundo os meios de comunicação locais ‘Yicai’ e outros títulos internacionais como a Bloomberg ou a Business Insider.

De acordo com os comerciantes, a plataforma impõe coimas aos pedidos de reembolso ou às queixas dos clientes, mesmo quando os produtos não são devolvidos. Um comerciante afirmou ter perdido quase todos os seus lucros devido a multas de cerca de 410 000 dólares. Outros vendedores afirmam que a Temu permite que os clientes fiquem com os produtos sem os devolverem, o que afeta significativamente as suas margens de lucro e lhes causa graves perdas financeiras.

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