Presidente mexicano suspende relações com embaixadas dos EUA e Canadá devido a reforma judicial
López Obrador espera um esclarecimento dos representantes diplomáticos, no sentido de que "respeitarão a independência do México, a soberania do país".
O Presidente mexicano, López Obrador, anunciou esta terça-feira uma pausa no relacionamento com as embaixadas dos Estados Unidos e do Canadá devido aos avisos dos respetivos diplomatas sobre os riscos da reforma para eleger o poder judicial por voto popular.
López Obrador espera um esclarecimento dos representantes diplomáticos, no sentido de que “respeitarão a independência do México, a soberania do país”, mas, “enquanto isso não acontecer e continuarem com esta política, haverá uma pausa”, declarou na sua conferência matinal. O chefe de Estado mexicano especificou que a pausa abrange apenas os embaixadores de Washington, Ken Salazar, e de Otava, Graeme C. Clark, mas não afetará as relações com os respetivos governos.
Na quinta-feira, Ken Salazar alertou que a reforma judicial do Governo coloca em risco a democracia no México e a relação comercial com os Estados Unidos, além de advertir que a eleição popular dos juízes facilitaria a interferência dos cartéis na justiça.
No mesmo dia, Graeme C. Clark deu conta à agência noticiosa espanhola EFE das preocupações dos investidores sobre a reforma, que seria aprovada em setembro, quando a aliança de partidos de López Obrador tiver a maioria necessária, dois terços do Congresso, para modificar a Constituição.
O Presidente mexicano questionou o motivo para que os canadianos se tenham pronunciado no mesmo dia dos Estados Unidos, o que lhe mereceu a consideração de “vergonha alheia”, na medida em que o Governo de Otava “parece um Estado associado”.
Se a reforma for aprovada, os mexicanos irão às urnas a partir de 2025 para eleger juízes, magistrados e membros do Supremo Tribunal, enquanto em 2026 o país terá agendada a revisão do Tratado entre o México, os Estados Unidos e o Canadá (T-MEC), que prevê segurança jurídica para os investimentos.
López Obrador reconheceu que “todos têm o direito de se manifestar”, mas que “a Constituição estabelece no seu artigo 89.º que o Presidente deve ajustar-se aos princípios da não intervenção”. Por isso, acusou os governos dos Estados Unidos e do Canadá de “querem interferir em assuntos que só dizem respeito aos mexicanos”.
Esta não é a primeira vez que López Obrador interrompe uma relação bilateral, após em 2022 ter anunciado igualmente “uma pausa” com Espanha, o que em termos práticos não se traduziu em ações diplomáticas.
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