Empresas apontam mercado de trabalho como o principal desafio, até mais do que os impostos

  • Lusa
  • 29 Agosto 2024

Inquérito da AIP mostra que as dificuldades em recrutar surgem à frente do sistema fiscal enquanto responsáveis pelo baixos crescimentos e competitividade, na ótica de 300 empresas de vários setores.

Portugal vive quase em “pleno emprego” e as empresas continuam a registar dificuldades em recrutar, com uma em quatro a apontar o mercado do trabalho como o maior entrave à competitividade, segundo um inquérito da AIP — Associação Industrial Portuguesa.

“Nunca houve tantas pessoas empregadas, mas não são suficientes. Portugal vive praticamente em situação de pleno emprego, com muitas empresas a sentirem enormes dificuldades em encontrar os perfis que necessitam para reforçar as suas equipas para prosseguirem com as suas estratégias de crescimento”, apontou, em comunicado, a AIP.

Segundo um inquérito realizado pela AIP-CCI (Câmara de Comércio e Indústria), uma em cada quatro empresas referiu que o mercado trabalho é o maior desafio que enfrenta, constituindo um entrave à competitividade.

O mercado de trabalho está ainda à frente do sistema fiscal (23%) enquanto responsável pelo baixo crescimento e competitividade das empresas.

“Não podemos continuar com um quadro fiscal que é composto por 4.300 impostos e taxas e, ainda por cima, quando neles incidem 451 benefícios fiscais. Não faz sentido. É preciso que o Governo olhe para este problema que asfixia as empresas e a economia”, afirmou, citado na mesma nota, o presidente da AIP, José Eduardo Carvalho.

A estes fatores que limitam a capacidade de crescimento das empresas portuguesas junta-se o contexto internacional, nomeadamente a tensão geopolítica e a conjuntura macroeconómica.

A análise da AIP revelou ainda que mais de metade das empresas considera que a sua situação financeira é “normal” e cerca de 40% como “boa” ou “muito boa”. Por sua vez, 7% disseram que é “má” e 1% que é “muito má”.

Entre os inquiridos, 35% referiram fazer uma gestão exclusivamente assente em fundos próprios e 49% admitiram que, pontualmente, recorrem a capitais alheios. Já 16% trabalham regularmente com crédito bancário.

Nunca houve tantas pessoas empregadas, mas não são suficientes. Portugal vive praticamente em situação de pleno emprego, com muitas empresas a sentirem enormes dificuldades em encontrar os perfis que necessitam para reforçar as suas equipas para prosseguirem com as suas estratégias de crescimento.

Comunicado da AIP

No que diz respeito ao investimento, 47% das empresas defenderam que será “igual” ao realizado em 2023 e 22% consideraram que vai ser “superior ao do ano passado”, enquanto 6% sublinharam que será “muito superior”.

O investimento em causa vai ser destinado, sobretudo, ao equipamento produtivo (29%), tecnologias de informação e comunicação (11%) e qualificação de recursos humanos (10,8%).

Para a AIP, é “preocupante” que a grande maioria das empresas ignore a importância do investimento e investigação e desenvolvimento para o futuro das organizações. Quase metade das empresas indicou que raramente investe nesta área.

A esta análise, realizada no início do segundo semestre, responderam perto de 300 empresas, incluindo sócios da AIP-CCI. Na edição de 2024, as empresas são dos setores dos serviços (32%), indústria (31%), comércio (23%) e construção (7%). Mais de 60% das empresas inquiridas têm um volume de negócios de até dois milhões de euros e 53% têm menos de dez colaboradores.

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