Inflação, covid-19 e hospitais privados. O que está por trás do aumento dos prémios de seguro?

Os preços dos seguros de saúde sobem com a inflação nos sinistros. Seguradoras não são imunes ao envelhecimento populacional e forte afluência às urgências e, parte das respostas, está na tecnologia.

A subida do valor do seguro é reflexo da inflação dos preços praticados pelos prestadores de cuidados de saúde, que estão concentrados principalmente em três grupos hospitalares, CUF, LUZ e Lusíadas, que têm investido em tecnologias avançadas que melhoram os resultados clínicos, mas também aumentam os custos, referiu Paulo Fradinho, Head of Insurance da Coverflex.

Paulo Fradinho, Head of Insurance da Coverflex, apresentou o estudo sobre os seguros de saúde para os trabalhadores. O especialista focou-se nos fatores que justificam o aumento dos prémios, bem como investir nestes produtos é uma mais-valia para as empresas.

Na apresentação do estudo realizada esta quarta-feira no evento intitulado de ‘Pequeno-almoço com benefícios”, Paulo Fradinho explicou além da inflação, as despesas das seguradoras também aumentaram com a subida da frequência de sinistros.

O que também pesa no cálculo do prémio são os impactos da Covid-19. O adiamento de tratamentos durante a pandemia provocou um agravamento das condições de saúde que exigem tratamentos mais especializados, medicamentos e recurso a aparelhos mais caros.

As seguradoras responderam à subida das despesas com o aumento do preço do seguro para garantir a sustentabilidade financeira “que em média é alcançada desde que os sinistros pagos não excedam 75% a 85% do prémio comercial” – que corresponde ao preço do seguro menos os 7,5% de impostos, assinalou o Head of Insurance da Coverflex. No entanto, Paulo Fradinho notou que nos últimos anos se registaram atualizações de preços com aumentos significativos.

Nesse sentido, os custos das empresas com os seguros de saúde para os colaboradores devem aumentar 9,9% entre 2023 e 2024, segundo o estudo realizado pela Coverflex. Este crescimento será somado ao aumento orgânico desses produtos – cerca de 2% por cada ano que o trabalhador envelhece.

Envelhecimento populacional, filas de espera: Desafios para as seguradoras

O setor dos seguros não é imune às transformações e problemas da sociedade portuguesa. As seguradoras devem adaptar as suas políticas e as coberturas oferecidas para dar resposta à população, cada vez mais envelhecida e com uma maior prevalência de doenças crónicas, refere o estudo.

Ainda sobre os desafios para as seguradoras, as filas de espera para serviços de saúde não são exclusivas do Sistema Nacional de Saúde (SNS) e estão a tornar-se numa preocupação crescente no setor privado. Para garantirem um acesso eficiente aos cuidados, as seguradoras promovem a utilização racional dos recursos por parte dos clientes ao colocar as consultas de telemedicina mais baratas que as urgências, de forma a despistarem casos que não são urgentes e, assim, libertarem esse serviço. Em suma, “a telemedicina evita custos para as seguradoras”, concluiu.

Com as vantagens da transformação tecnológica, como oportunidades para melhorar a eficiência e reduzir custos, também surgem desafios como a necessidade de dar resposta às exigências emergentes dos clientes relacionadas com a saúde mental e promoção de bem-estar. Segundo o estudo, “as seguradoras devem investir em tecnologia para melhorar a gestão da rede de prestadores e controlar preços dos atos médicos”.

Já para as empresas, o investimento num seguro de saúde que seja adaptado às necessidades do trabalhador pode ser um fator diferenciador face aos concorrentes e, por isso, uma vantagem competitiva para reter talento, reforçou o diretor de seguros.

Para Paulo Fradinho, trata-se de uma medida estratégica para as empresas pelas vantagens fiscais que o seguro tem, que um aumento salarial não comporta. Além disso, corresponde às expectativas básicas da população ativa e contribui para o aumento da produtividade.

Para a realização do estudo, a Coverflex questionou as seis principais seguradoras de saúde, a Medis, Generali, Multicare, Victoria, UNA e MGEN e também se baseou na experiência estatística da sua carteira.

Plano Poupança Reforma incluído nos benefícios oferecidos pela Coverflex

No mesmo evento, Paulo Fradinho revelou os planos da empresa de acrescentar na sua oferta um novo Plano Poupança Reforma (PPR) com maior taxa de retorno do investimento do que o produto que já possui, “mas com risco de perda”.

Trata-se de um produto para um perfil de investidor que esteja a pensar num investimento a longo prazo e, por isso, com menor probabilidade de ser prejudicado por flutuações de mercado a curto prazo. O montante obrigatório anual deverá ser de 250 euros, valor que pode ser reforçado pelo trabalhador ou pelas empresas.

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