BRANDS' ECOSEGUROS Não há-de ser nada
Rita Marto, Subscritora de Patrimoniais Empresas & Linhas Financeiras, dá exemplos de situações de risco que acontecem regularmente e nas quais as seguradoras conseguem aliviar o prejuízo.
Foi há duas semanas que se fez sentir um sismo que abanou (e abalou) muitos portugueses. Fê-los pensar, naturalmente, no pior cenário e em como ficariam se o sismo tivesse sido um pouco mais forte na escala. Hoje, não vou aqui falar do sismo em si – esse tema tem sido
exaustivamente debatido – mas deste comportamento típico do bom português que é pensar no pior cenário apenas quando o evento que lhe teria dado lugar já tivesse ocorrido.
Os seguros têm esta particularidade de só se ver o seu benefício quando o pior acontece. Um imprevisto. Um azar. Um dano. Ora, até que tal aconteça – e oxalá que nunca aconteça – ninguém vê retribuição no momento de contratar um seguro. Pelo contrário, só se vê o pagamento do prémio e, por vezes, até, um gasto extraordinário para que o nosso risco se coadune com as exigências de uma seguradora (alarme aqui, detetores de fumo acolá, etc). E, por ser assim, está generalizada a ideia de que seguros, a ter, será sempre pelo mínimo
(cobertura e/ou prémio). E é neste ponto que me quero focar.
"Levei logo um choque de realidade ao perceber a quantidade astronómica de sinistros que se abrem diariamente. Na verdade, “não acontece só aos outros” e pode, aliás, acontecer a qualquer um.”
A minha vida profissional começou nos seguros. Não planeei, aconteceu. Mas certo é que me cativou e, acima de tudo, deu-me uma nova perspetiva sobre as coisas. Comecei como gestora de sinistros, primeiro em Patrimoniais (Habitação), depois em Automóvel. Levei logo um choque de realidade ao perceber a quantidade astronómica de sinistros que se abrem diariamente. Na verdade, “não acontece só aos outros” e pode, aliás, acontecer a qualquer um. Das coisas mais simples como um curto-circuito na máquina de lavar a louça que leva toda a cozinha a cinzas; uma janela aberta em plena luz do dia que convida os assaltantes a entrar; um condutor descontrolado que embate noutro automóvel; o adolescente que decide levar o carro dos pais “emprestado” e embate no muro ficando seriamente ferido. São apenas alguns exemplos que trago na memória. Temos tantos outros que diariamente acompanhamos nas notícias e, por vezes, nem pensamos que está uma Seguradora por trás a tentar minimizar os danos, restituindo tanto quanto possível a realidade daquela pessoa ou organização antes do tal azar.
O meu caminho levou-me para fora. Passei para a área da subscrição na Irlanda e foi ali que percebi que este estigma dos seguros é muito nosso. Não que não haja noutros sítios (se há!), mas estive em contacto com uma realidade muito diferente da nossa e, uma vez mais,
ganhei perspetiva. Existia uma verdadeira preocupação em contratar o seguro certo, ainda que com aquelas coberturas extra que podem até gerar prémio (peguemos novamente no exemplo dos fenómenos sísmicos!), não porque esses extras são um luxo com que alguém se queira pavonear (até porque não se veem), mas sim porque fazem sentido na realidade daquele tomador. Ali, constatei que o que lhes era verdadeiramente importante era ter a cobertura certa e não apenas porque o seguro multirriscos era obrigatório pelo banco ou
porque a lei obrigava ao seguro de responsabilidade civil automóvel, mas porque, além dos mínimos, existiam muitas opções complementares que lhes faziam sentido.
"O ‘não há-de ser nada’, o ‘se acontecer logo se vê’, o ‘esta opção é melhor porque é mais barata’, intrínseco na mentalidade de tantos. Há muitas organizações e profissionais que não sabem o que estão a contratar ou o que falta contratar.”
Voltando a Portugal, e subscrevendo agora no âmbito Corporate, continuo impressionada com os inúmeros casos que continuam a seguir os mínimos. O ‘não há-de ser nada’, o ‘se acontecer logo se vê’, o ‘esta opção é melhor porque é mais barata’, intrínseco na mentalidade de tantos. Há muitas organizações e profissionais que não sabem o que estão a contratar ou o que falta contratar. Urge que nos informemos mais sobre as opções disponíveis, sobre o que quer dizer A ou B e até C e que implicações têm na prática. Recorrermos aos mediadores e corretores para esclarecer e aconselhar. De tão vulneráveis que estamos a alterações climáticas, hackers, crises económicas, etc, urge mudar a mentalidade para que os seguros passem, de uma vez por todas, a ser adequados. Porque só ao ter seguros adequados às necessidades de cada um, seja na esfera pessoal ou na esfera empresarial, se garante tranquilidade e segurança.
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