Novas explosões no Líbano. Depois dos pagers, os walkie-talkie

  • ECO e Lusa
  • 18 Setembro 2024

Explosões de walkie-talkies fazem três mortos no Líbano e surgem um dia depois de 12 pessoas terem morrido com a sabotagem de pagers.

Várias explosões de walkie-talkies mataram 14 pessoas e fizeram cerca de 450 feridos esta quarta-feira no Líbano. Uma das explosões ocorreu durante o funeral de vítimas do sabotagem do dia anterior, a pagers, que tinham como alvo membros do Hezbollah.

Os dispositivos walkie-talkies tinham sido comprados pelo Hezbollah há cinco meses, na mesma altura da compra dos pagers que explodiram no dia anterior, segundo informação avançada pela BBC News.

O ataque aos membros do grupo xiita libanês que aconteceram nesta terça-feira foram realizados através da explosão de pagers pertencentes aos membros do grupo libanês e mataram 12 pessoas e feriram cerca de 2.800. Estes pagers são cada mais obsoletos na troca de mensagens, mas permitem o anonimato nas informações trocadas e permitem a não divulgação da localização do utilizador da mensagem. Estes dispositivos podem funcionar como gatilho de bomba quando associados a um detonador.

A Defesa Civil Libanesa informou, em comunicado, que as suas equipas participaram na extinção de incêndios que deflagraram em dezenas de edifícios e veículos devido às detonações de “dispositivos sem fios e leitores de impressões digitais”. Só na província de Nabatieh, no sul do Líbano, foram registados incêndios em 60 casas e estabelecimentos, além de 15 carros e dezenas de motas.

O governo do Líbano e o grupo xiita libanês Hezbollah já reagiram e culpam Israel, nomeadamente os serviços secretos Mossad. A Associated Press e a Reuters também indicam a possibilidade do envolvimento de Israel nos ataques.

O governo israelita afirma estar a acompanhar a situação, mas não assume responsabilidades pelo sucedido. O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, reafirmou esta quarta-feira que Israel devolverá “os residentes do norte às suas casas”, nas suas primeiras declarações após as vagas de explosões de dispositivos eletrónicos no Líbano.

Já disse que devolveremos os residentes do norte [de Israel] em segurança às suas casas e é exatamente isso que faremos”, declarou Netanyahu numa breve mensagem de vídeo, referindo-se a milhares de habitantes que fugiram dos confrontos fronteiriços entre as forças israelitas e o Hezbollah, apoiado pelo Irão.

O Conselho de Segurança da ONU anunciou entretanto que irá reunir-se de urgência na sexta-feira para debater a série de detonações, de acordo com a presidência eslovena do organismo.

António Guterres acredita que “a lógica de explodir todos estes dispositivos é fazê-lo como um ataque preventivo antes de uma operação militar importante. Esta é a indicação que confirma que existe um grave risco de uma escalada dramática no Líbano”. O Secretário-Geral da ONU frisou ainda que é “importante que haja um controlo eficaz dos objetos civis para não os transformar em armas. Esta deveria ser uma regra para todos no mundo, que os governos deveriam ser capazes de aplicar”.

O Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, acusou também Israel de alargar o conflito na Faixa de Gaza a toda a região, numa fase em que as forças de Telavive dirigem o foco das suas operações para o Líbano. Segundo um comunicado da presidência turca, Erdogan falou esta quarta-feira por telefone com o primeiro-ministro do Líbano, Nayib Mikati, a quem apresentou as suas condolências pelo sucedido nas últimas horas, referindo-se às vagas de explosões de dispositivos eletrónicos, que já provocaram cerca de 20 mortos e mais de três mil feridos.

“As tentativas de Israel de alargar os conflitos à região são extremamente perigosas”, declarou o Presidente turco, que indicou que “os esforços para travar a agressão israelita vão continuar”.

(notícia atualizada às 19h44 com mais reações)

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