Carros vão ser o novo “hub de dados”
Verónica Pestana, da RYD, destacou na conferência Outlook Auto que os carros serão o novo centro de dados, permitindo uma transformação digital nas compras e pagamentos dentro dos veículos.
Os automóveis estão a passar por uma transformação digital que os tornará o próximo grande “hub de dados”, afirmou Verónica Pestana, Iberia Country Manager da RYD, durante o painel sobre inovação tecnológica na conferência Outlook Auto, que decorreu nos dias 24 e 25 de setembro, no Estúdio ECO.
Segundo a especialista, a digitalização dentro dos veículos não só vai revolucionar a forma como os consumidores interagem com os seus carros, como também transformará o modo como se fazem compras e pagamentos. “Acreditamos que tudo aquilo que está em mobile vai transitar para dentro do carro. Isto quer dizer que os carros vão ser o grande hub de data“, afirmou. Verónica Pestana reforçou que, com o uso de inteligência artificial (IA), será possível analisar preferências dos consumidores, permitindo compras e vendas cruzadas diretamente através dos veículos, com toda a conveniência.
Tecnologia e IA no interior dos veículos
Além disso, a Iberia Country Manager da RYD sublinhou a importância da IA e da conectividade 5G para garantir a fluidez destas operações em tempo real, tornando os pagamentos ainda mais seguros e eficientes. “Driver sit vai ser a nova forma de pagamento. Tudo feito por voz, sem ter de olhar para o telemóvel, mais seguro”, explicou, referindo-se ao futuro dos pagamentos por comandos de voz no automóvel.
O painel, moderado por Shrikesh Laxmidas, Diretor-Adjunto ECO, também contou com a participação de Luís Barroso, CEO da Mobi.E, que salientou o papel pioneiro de Portugal no desenvolvimento de uma rede de carregamento totalmente interoperável e com livre acesso a dados em tempo real. “Somos o único país que tem a informação totalmente integrada numa mesma plataforma”, destacou, referindo-se à importância da transparência no acesso à rede de carregamento elétrica para os utilizadores.
Expansão da rede elétrica e desafios de carregamento
Entre 2020 e 2024, Portugal viu um crescimento significativo no número de postos de carregamento, passando de 880 para mais de 5.300, segundo o CEO. “Entre 2020 e 2024, este crescimento foi feito sobretudo à custa de investimento privado”, revelou. Luís Barroso ainda mencionou o desenvolvimento de novos projetos-piloto, em colaboração com municípios, para instalar postos de carregamento em áreas residenciais e comerciais que não possuem parqueamento próprio, uma iniciativa que procura responder à crescente procura por soluções acessíveis de carregamento.
“Está neste momento em procedimento concursal um novo projeto-piloto que visa instalar em cidades (que manifestaram o seu interesse para o efeito) postos de carregamento, de média a baixa potência, em ruas onde não há parqueamento próprio. É um trabalho que a Mobi.E faz, que passa, por um lado, por se juntar aos municípios para os sensibilizar para esta necessidade e para esta gestão do espaço urbano e, por outro, por ajudar os operadores. Dependendo da dimensão das cidades, vamos ter entre dois a seis pontos de carregamento na mesma rua“, partilhou.
Segurança rodoviária e fadiga
André Azevedo, CEO da WingDriver, abordou a questão da segurança no trânsito e a importância da tecnologia na prevenção de acidentes causados por erro humano. “94% dos acidentes são causados por erro humano. Porquê? Fadiga é o terceiro maior causador de acidentes a nível mundial, mas é o fator que causa acidentes mais graves, uma vez que não há travagem e o embate acontece na velocidade a que o veículo estava a circular”, explicou.
Nesse sentido, o CEO destacou o desenvolvimento de um sistema baseado em IA, que utiliza câmeras para monitorizar o comportamento facial dos condutores, detetando distrações, fadiga e stress: “O nosso sistema dá um alerta sonoro e visual bastante eficiente, que permite às pessoas mudarem o seu comportamento”, explicou André Azevedo, que revelou que a ideia surgiu após ele e o seu sócio adormecerem ao volante na mesma semana.
Ainda assim, a inovação no setor automóvel não se restringe ao interior dos veículos, como mostrou Vasco Azevedo, Gestor de Rede da Glassdrive, que sublinhou a importância dos sistemas avançados de apoio ao condutor (ADAS), obrigatórios em todos os novos carros a partir de julho de 2024.
“Na atividade de substituição de vidro automóvel, a nossa inovação entra na parte de sistemas de apoio ao condutor. Trata-se de um conjunto de câmaras e sensores com algoritmos que fazem a monitorização toda do meio ambiente e que depois providenciam informação para o condutor ou para a viatura para que circulem em segurança, nomeadamente o sistema ADAS. Mas para que este funcione é importante que as faixas estejam bem demarcadas para que o carro consiga ler bem e consiga poder avisar o condutor“, alertou.
Transformação digital e talento
No encerramento do painel, Luís Barroso e Verónica Pestana também chamaram a atenção para o desafio de retenção de talento nas empresas tecnológicas ligadas ao setor automóvel.
“Tivemos de flexibilizar. Pusemos uma série de políticas diferenciadas que não tínhamos, mas essa foi a única forma de fazer a retenção de talento”, afirmou Verónica Pestana. Já Luís Barroso reconheceu que, apesar da competitividade inicial da Mobi.E, o setor empresarial do Estado enfrenta dificuldades em premiar o talento de forma eficiente: “As empresas do setor empresarial do Estado são muito conservadoras e o grau de liberdade para a gestão e para premiar a evolução é muito difícil, com uma tendência de dividir o mal por todos”.
Ainda assim, destacou o trabalho híbrido como uma solução que têm adotado para suprir este desafio e concluiu: “O talento é importantíssimo”.
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