“A mobilidade elétrica é absolutamente disruptiva”
Ter a possibilidade de carregar o carro em casa ou no local de trabalho altera o panorama da mobilidade, principalmente, nas grandes cidades.
A mobilidade elétrica já mostrou que pode trazer inúmeras vantagens para a nossa vida e também para a saúde do planeta, mas serão estas suficientes para influenciar a escolha do consumidor?
Este foi um dos temas, entre outros, debatidos no painel “O comportamento do consumidor – Fatores de escolha de decisão e os seus influenciadores”, no Outlook Auto, que aconteceu no Estúdio ECO e contou com a participação de César Barbosa, Vice-Presidente da TUGA, Henrique Sánchez, Presidente Honorário da UVE, Rita Bastos, Diretora-Geral da Glassdrive e Frederico Caetano, Professor no IADE.
Na opinião de Henrique Sanchéz, inicialmente, os primeiros utilizadores de veículos elétricos, compravam carros por serem fanáticos pela tecnologia e inovação científica ou, por outro lado, por serem ecologistas ou fundamentalistas na área do ambiente. No entanto, Henrique Sanchéz refere que, atualmente chegaram à mobilidade elétrica um conjunto de pessoas que já não demonstram ter esse tipo de preocupações, pelo menos, de uma forma tão acentuada. Então, por que motivo foram atraídas para este tipo de mobilidade?
O Presidente Honorário da UVA aponta vários motivos, entre eles, o facto destes serem carros superiores aos de motor de combustão interna, além de terem um aspeto atraente. No entanto, o nível dos preços dos carros elétricos ainda não está equiparado aos restantes, embora as marcas já estejam a produzir carros deste tipo a preços mais competitivos.
Não é apenas o preço que influencia a compra de carros elétricos. Outro dos fatores, que pode ter bastante impacto, é a falta de informação. “Sabemos que há alguma desinformação por desconhecimento e alguma contra informação propositada. É normal, porque a mobilidade elétrica é absolutamente disruptiva. Eu posso carregar o meu carro na minha casa ou no meu local de trabalho. Portanto, isto é uma alteração radical de que eu sou absolutamente autónomo”, explicou Henrique Sanchéz.
Veículo elétrico vs. transporte público
Questionada sobre como é que vê a questão e a tomada de decisão dos consumidores à escolha de um veículo elétrico ou não, versus o transporte público, Rita Bastos, Diretora-Geral da Glassdrive, considera que esta escolha vai depender muito de onde é que está o consumidor, se pretende ter mais conforto e liberdade, ser mais sustentável, entre outros aspetos.
Apesar de ser cada vez mais acessível carregar um carro elétrico em qualquer ponto, “ainda há muita desinformação e eu acho que este é um ponto crítico”, referiu.
Por outro lado, existem os amantes das marcas e, por isso, para estes, muitas vezes, a compra é emocional, de acordo com Rita Bastos.
Entre o ter e o usar
O problema da gestão da mobilidade em cidades muito populosas também foi discutido neste painel, em que foram apontadas diferentes soluções possíveis, que as novas gerações vão recorrer, para o futuro que se aproxima e que deduz uma elevada densidade populacional nas cidades.
“As gerações mais novas vão, de facto, querer usar o serviço e não ser proprietário, porque não querem saber quando é que têm que mudar pneus ou como é que tem que fazer isto ou aquilo. Há todo um conjunto de custos que estão associados ao dono do veículo”, explicou Henrique Sánchez.
A subscrição de veículos foi uma das soluções apontadas Henrique Sánchez, que diz vir permitir às empresas, por exemplo, aumentar a sua frota de veículos durante determinada época do ano, através de uma subscrição durante alguns meses, sem ter que aumentar os custos fixos da própria empresa.
Outra das alternativas discutidas foram os transportes partilhados e os carros autónomos. “Os carros autónomos permitem-me chamar um carro para mim, para a minha mulher e para os meus dois filhos e depois deixar as crianças em cada uma das suas escolas. Depois, o carro segue o seu destino e vai prestar esse mesmo serviço de mobilidade a outra família ou a outra pessoa. Portanto, é quase impossível prever o que vem aí”, referiu Henrique Sánchez.
César Barbosa, Vice-Presidente da TUGA, é da opinião de que a necessidade de haver soluções de mobilidade traz respostas inovadoras. Por isso, considera que as cidades vão trazer obrigatoriamente soluções que já vimos a aparecer, como as trotinetes e outros tipos de micromobilidade.
“Como é que o carro vai evoluir? Como é que o carro vai voar? Porque o meio terrestre está saturado. Como é que se vai para o novo elemento, o ar? Hoje, isto pode parecer uma coisa que não faz sentido, mas se calhar daqui a 30 ou 40 anos, vamos ver cidades sem cimento”, explicou César Barbosa.
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