CMVM alerta investidores para os riscos das “dicas” de influenciadores digitais nas redes sociais

O regulador questiona a qualidade dos conselhos financeiros online promovidos pelos influenciadores digitais nas redes sociais e apela à cautela dos investidores face a promessas irrealistas.

No arranque da semana mundial do investidor, a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) lançou um alerta contundente investidores que seguem de perto as “dicas” dos chamados “finfluencers” – influenciadores financeiros –, na mais recente edição do “Guia do Investidor”, publicado esta segunda-feira.

Os finfluencers disponibilizam, frequentemente, informação de forma gratuita (embora possam estar associados a determinados intermediários financeiros/produtos financeiros específicos), em diversos formatos, através de uma linguagem simples (mas nem sempre correta/rigorosa)“, lê-se no relatório desenvolvido pela CMVM.

Esta afirmação sublinha a preocupação crescente com a qualidade e a adequação dos conselhos financeiros disseminados online, particularmente por parte dos influenciadores financeiros junto dos mais jovens, que têm ganho terreno nas plataformas digitais, prometendo dicas rápidas e lucros fáceis.

A CMVM apela aos investidores que suspeitem sempre de promessas exageradas, irrealistas ou de retornos elevados sem risco, alertando para a necessidade de “manterem “os pés na terra!”

A entidade liderada por Luís Laginha vai ainda mais longe e alerta os investidores de que muitos destes influenciadores podem não estar habilitados para prestar aconselhamento financeiro, um serviço que requer licenciamento e supervisão, e que “podem promover, através das redes sociais, investimentos ou instrumentos financeiros recebendo por isso uma compensação, mas sem divulgar esse conflito de interesse de maneira adequada.”

Esta não é a primeira vez que a CMVM se mostra preocupada com o papel que dos influenciadores no mundo do investimento. Há cerca de um ano, o regulador deixou o alerta para a publicidade de investimentos em criptoativos, particularmente a recebida através das redes sociais ou influenciadores digitais.

Como em qualquer investimento, promessas de ganhos elevados, em pouco tempo, merecem desconfiança, especialmente se não alertarem para os riscos envolvidos”, destacava a CMVM.

O risco de encarar o investimento como um jogo

Paralelamente ao escrutínio dos “finfluencers”, a CMVM salienta também os riscos inerentes à utilização de plataformas de investimento digital por parte dos pequenos investidores.

Apesar de reconhecer que estas plataformas “permitem aos investidores aceder a uma vasta gama de produtos financeiros e executar transações de forma rápida e conveniente”, oferecendo uma experiência de investimento mais acessível e intuitiva, a CMVM destaca que a facilidade de acesso que estas plataformas oferecem traz consigo desafios.

Segundo o regulador, as plataformas de investimento digital potenciam o risco de decisões impulsivas ou mal informadas, especialmente em plataformas que “gamificam” a experiência de investimento. Por essa razão, a CMVM sublinha a importância de os investidores compreenderem plenamente os produtos em que investem e os riscos associados.

Face a estes desafios, a CMVM reforça a importância da educação financeira, notando a importância de os investidores procurem informação de fontes credíveis e reguladas, incentivando-os a desenvolverem um espírito crítico face às informações financeiras que encontram online. “Não deixe de investir no seu próprio conhecimento”, lê-se no relatório.

A CMVM enfatiza ainda a necessidade de os investidores realizarem a sua própria due diligence antes de tomarem decisões de investimento, apelando ainda para que os investidores suspeitem sempre de promessas exageradas, irrealistas ou de
retornos elevados sem risco.

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