ICER alerta para um potencial abrandamento do crescimento e para o seu impacto no emprego face ao prolongamento do conflito na Europa

  • Servimedia
  • 10 Outubro 2024

O Instituto de Ciencias del Empleo y las Relaciones Laborales antecipa no seu relatório as previsões macroeconómicas para Espanha para 2024-2026.

O Instituto de Ciências do Emprego e das Relações Laborais (ICER), uma organização científica e técnica internacional que analisa e investiga o mercado de trabalho, alerta, no seu relatório “Europa: Previsões antes de um cenário de conflito”, para um potencial abrandamento do crescimento e respetivo impacto no emprego em caso de conflito prolongado na Europa.

O relatório “Europa: Previsões antes de um cenário de conflito” examina as consequências de um eventual conflito prolongado na Europa, com especial destaque para a situação na Ucrânia, agravada pela crise no Médio Oriente. A análise, realizada em colaboração com o Ceprede, a Universidade de Nebrija e a TBS Education Barcelona, salienta que o panorama político mundial, marcado pelo conflito na Ucrânia e no Médio Oriente, colocou a geoestratégia no centro das possibilidades de desenvolvimento e crescimento, afetando seriamente o comércio, a produção industrial, os fornecimentos estratégicos e, especialmente, a política energética.

O estudo, que analisa o impacto na economia espanhola face a uma eventual generalização da guerra na Ucrânia, salienta que as previsões para o período 2024-2026 são preocupantes, tanto para a estabilidade macroeconómica como para a evolução do emprego em Espanha e noutros países europeus.

“A generalização do conflito poderá ter vários efeitos significativos na economia espanhola, incluindo o aumento dos preços da energia, especialmente se a Rússia decidir reduzir ainda mais os seus fornecimentos de gás natural à Europa, bem como um impacto no turismo, se uma potencial escalada na Ucrânia for vista como um aumento do risco de segurança na Europa”, afirma Alejandro Costanzo, secretário-geral do ICER. “A Espanha poderá também ser obrigada a aumentar as suas despesas com a defesa, o que poderá ter implicações noutras áreas da despesa pública, como a agenda verde, com exceção do desenvolvimento de fontes de energia alternativas aos combustíveis fósseis”, acrescenta.

O relatório apresenta três cenários macro para 2025 e 2026 em Espanha, um deles perante uma possível generalização do conflito ucraniano em 2025. Neste cenário de conflito, o crescimento do PIB poderia ser reduzido em quase um ponto e meio (-1,3 p.p.) até ao final de 2025, o investimento em quase dois pontos, o consumo privado em quase um ponto e as exportações de bens e serviços em mais de dois pontos percentuais, o que significaria uma redução da taxa de criação de emprego em mais de 298 700 postos de trabalho e um consequente aumento de um ponto (+1 p.p.) na taxa de desemprego.

Uma redução que afectaria particularmente sectores como a construção e a indústria automóvel, que dependem de fortes fluxos de capital para a sua expansão e modernização. Neste contexto, o ICER alerta para a necessidade de incentivos fiscais e reformas estruturais para estimular o investimento e a recuperação destes sectores-chave.

MERCADO DE TRABALHO

O mercado de trabalho também sofrerá as consequências da incerteza geopolítica. A ICER prevê que a taxa de desemprego em Espanha poderá atingir 13% em 2026 se o conflito se prolongar, afetando sobretudo os setores mais dependentes do investimento e do consumo.

Os efeitos em cada setor dependerão da duração do conflito, das medidas políticas adotadas e da capacidade de adaptação de cada setor. A ICER salienta que, embora os setores mais tradicionais, como a construção, o setor automóvel e o turismo, estejam em risco, existem áreas emergentes que poderão registar um aumento da procura de emprego. As energias renováveis, a cibersegurança e a tecnologia digital surgem como sectores-chave onde as oportunidades de emprego irão crescer à medida que a Europa avança para a sustentabilidade e a transformação digital.

A ICER salienta que a recuperação económica dependerá, em grande medida, da capacidade dos governos e das empresas para promoverem políticas ativas de emprego e de estímulo económico, especialmente as que facilitam a mobilidade laboral entre os setores em declínio e os setores com potencial de crescimento. A este respeito, a ICER recomenda uma estreita colaboração entre os setores público e privado para garantir uma transição ordenada do emprego.

A ICER sublinha também que, embora certos setores tradicionais venham a registar um declínio no emprego, a reconversão profissional será essencial para manter o dinamismo do mercado de trabalho e as empresas de serviços profissionais de emprego poderão desempenhar um papel importante. O investimento na aprendizagem ao longo da vida e na reconversão profissional será essencial para permitir que os trabalhadores transitem para setores emergentes, onde as oportunidades de emprego serão mais resistentes.

 

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