Moçambique. Chapo promete “dialogar com todos”, incluindo os que se manifestam nas ruas
Daniel Chapo repudiou "as manifestações", afirmou que a Frelimo é "um partido de paz" e prometeu "dialogar com todos".
Daniel Chapo, candidato da Frelimo que a Comissão Nacional de Eleições (CNE) anunciou ter vencido as presidenciais de 9 de outubro, disse que vai ser o “Presidente de todos os moçambicanos”, mesmo dos que estão a manifestar-se nas ruas. Os protestos não se fizeram esperar nas ruas de Maputo, com corte de avenidas, e a polícia a disparar gás lacrimogéneo para dispersar os manifestantes,
“A partir deste momento em que temos resultados que vão ser validados pelo Conselho Constitucional, vamos passar a ser Presidente de todos os moçambicanos, incluindo aqueles que se estão a manifestar”, afirmou Chapo, num encontro com dirigentes do partido, em que tinha ao seu lado o Presidente e líder da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), Filipe Nyusi.
“Vamos conversar com eles. Nós repudiamos as manifestações porque somos um partido de paz e vamos dialogar com todos esses nossos irmãos. Queremos ser Presidente de todos os moçambicanos”, reiterou. Antes de Daniel Chapo, interveio Filipe Nyusi, que cantou “Chapo Presidente, doa a quem doer”.
Já o candidato presidencial Lutero Simango, apoiado pelo Movimento Democrático de Moçambique (MDM), disse que os resultados eleitorais foram “forjados na secretaria”, prometendo “ação política e jurídica” para repor a “vontade popular”.
“São resultados administrativos, forjados na secretaria, não refletem a vontade popular e a verdadeira expressão dos eleitores nas urnas (…) Por isso faremos a combinação da ação política e jurídica para que os resultados possam refletir a vontade dos eleitores”, declarou Lutero Simango, após a divulgação dos resultados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), que ainda têm de ser validados pelo Conselho Constitucional.
O candidato presidencial acusou a Frelimo de “manipular os resultados, apontando que o partido no poder indicou ilegalmente presidentes de mesas de votação em seu benefício. “Face a esta manipulação, não se pode aceitar estes resultados, por isso dissemos que há ausência da justiça eleitoral e restam-nos duas alternativas: a reposição da legalidade ou a mobilização generalizada da revolta como se está assistir na cidade de Maputo”, disse Simango.
Na mesma declaração pública, afirmou que é da responsabilidade do Conselho Constitucional “repor a legalidade”, apontando como solução alternativa a realização do que chamou de “auditoria forense”.
“Que haja a verificação dos boletins de todas as mesas de votação com as respetivas atas e editais e em função disso se pode comparar com o que está nas urnas ou o mais sensato é a repetição de eleições”, adiantou, acrescentando que o “uso da força” para se impor contra a “vontade popular” gera violência.
Por seu turno, o mandatário da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), Geraldo Carvalho, disse que nenhum moçambicano “lúcido” é capaz de aceitar os resultados anunciados, acusando a Frelimo de cometer fraude. “Quem é que aceitaria uma coisa dessas? Isto é brincar com o povo, é puxar o povo para o monopartidarismo. Depois de tudo o que assistimos, as urnas a serem violentadas, há vários vídeos, imagens que confirmam que houve enchimento para determinado candidato e partido”, apontou o mandatário da Renamo.
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