Cepsa também congela investimento milionário em Espanha por causa do “impuestazo” na energia
Imitando a Repsol, acionistas da Cepsa mandam travar mega projeto de 3.000 milhões de euros no Vale Andaluz do Hidrogénio, após Sánchez ameaçar tornar permanente o imposto sobre o setor da energia.
Depois da Repsol, também a petrolífera Cepsa ameaça travar os mega investimentos em projetos de hidrogénio verde em Espanha, em reação aos planos do governo liderado por Pedro Sánchez de agravar a cobrança dos impostos sobre o setor energético.
“A Cepsa está a avaliar o impacto fiscal da possível aprovação de uma taxa permanente em Espanha”, refere a empresa num e-mail citado pela agência Bloomberg. Em causa está um investimento de 3.000 milhões de euros em San Roque (Cádiz), anunciado há dois anos.
Ao ECO, fonte oficial explica que “está a avaliar o impacto que um aumento da sua tributação poderá ter, caso seja aprovado um novo imposto permanente”, e que, na eventualidade de ser prorrogado “teria um efeito muito significativo na rentabilidade dos projectos de hidrogénio”. Neste cenário, a Cepsa explica que seria obrigada a “abrandar os investimentos previstos em Espanha” e priorizar “e a projetos de hidrogénio verde noutros países”, nomeadamente Estados Unidos, Brasil, Marrocos e Argélia.
Segundo noticia também esta sexta-feira o jornal espanhol Expansión, o denominado projeto Vale Andaluz do Hidrogénio está em risco, uma vez que a Mubadala (Abu Dhabi) e a Carlyle, as principais acionistas da Cepsa, decidiram congelar este investimento até saberem a decisão final do Executivo de Madrid.
De acordo com a Associação Espanhola de Operadores de Produtos Petrolíferos (AOP), que inclui empresas como a Repsol, Cepsa, Galp e BP, dando continuidade à medida temporária que termina a 31 de dezembro, um imposto permanente para as energéticas coloca em risco um investimento conjunto das gigantes do setor no valor de 16.000 milhões de euros até 2030. “Comprometeria a competitividade da indústria e dificultaria o processo de transição energética, afetando toda a cadeia de valor”, referiu em comunicado.
Depois de ter decidido relocalizar de Espanha para Sines um investimento de cerca de 15 milhões de euros em hidrogénio verde, a espanhola Repsol pode desviar mais investimentos para Portugal. A petrolífera está a ponderar transferir para o país um projeto pioneiro para converter resíduos urbanos em combustíveis, avaliado em 1.100 milhões de euros e inicialmente projetado para Tarragona, na Catalunha.
De acordo com o El País, a entrada em funcionamento desta nova fábrica estava prevista para 2028, mas a administração da Repsol está agora a reequacionar se avança com o projeto, ou se o transfere para Sines, à imagem do que fez com o investimento que contempla a instalação de um eletrolisador de quatro megawatts (MW), com potência para produzir até 600 toneladas de hidrogénio verde por ano.
O atual imposto extraordinário prevê uma tributação de 1,2% sobre as vendas e em 2023 rendeu mais de 1.300 milhões de euros.
Madrid deve suavizar “impuestazo” sobre empresas de energia
Na sequência da forte reação do setor, o Governo liderado pelo PSOE pode vir a suavizar a medida, redesenhando o imposto sobre as empresas de energia para que seja aplicado sobre os lucros e não sobre as vendas, com a possibilidade de ser dedutível fiscalmente, e aliviando desta forma a carga suportada por empresas como Repsol, Cepsa, Iberdrola, Endesa, Naturgy, EDP ou Acciona. Por outro lado, pode passar a recair sobre todas as empresas do setor, e não apenas sobre estes grandes grupos.
O Governo está a atrasar a aprovação desta alteração, que terá de estar fechada até 31 de dezembro para poder ser aplicada aos resultados relativos ao exercício deste ano. A imprensa espanhola relata que os Ministérios das Finanças e da Economia estão a estudar suavizar o imposto para o adaptar ao ciclo económico, evitar a fuga de mais investimentos face à ameaça das empresas e obter o apoio do Partido Nacionalista Basco (PNV) e do catalão Junts, parceiros que suportam o Governo socialista do outro lado da fronteira.
Notícia atualizada às 16h34 com a resposta da Cepsa
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