BRANDS' ECO Inovação em Portugal: o potencial para a transformação e competitividade
Como transformar ideias em valor real? Jurados do Prémio INOVA+ destacam a inovação como motor de competitividade e sustentabilidade para as empresas portuguesas.
A inovação tem-se tornado um dos pilares fundamentais para o desenvolvimento e crescimento da economia portuguesa, refletindo não só no fortalecimento do mercado nacional, como também no impacto social e ambiental positivo. No cenário atual, onde a competitividade e a diferenciação são essenciais, a capacidade de inovar vai além de introduzir novas tecnologias: trata-se de aplicar ideias criativas que tragam valor às comunidades, aos trabalhadores e aos consumidores.
As organizações que se dedicam a inovar de maneira contínua e estratégica acabam por assumir um papel relevante na transformação do mercado e da sociedade, introduzindo soluções que atendem a desafios globais, como a sustentabilidade e a digitalização. Estas iniciativas de inovação permitem criar não só vantagens competitivas, mas também se adaptem rapidamente às mudanças do mercado, garantindo resiliência e relevância a longo prazo. Nesse contexto, o Prémio INOVA+ surge como um reconhecimento às melhores práticas de inovação em Portugal, destacando projetos que se enquadrem em três categorias: Inovação Científica, Inovação Empresarial e Inovação para Cidades Criativas.
Entre as iniciativas premiadas nas duas edições deste prémio, os jurados destacaram especialmente a relevância do impacto direto destas inovações nas áreas de sustentabilidade, tecnologia e economia circular. Para António Sousa Pereira, reitor da Universidade do Porto, que marcou presença no evento de entrega dos prémios na qualidade de representante do CRUP (Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas), o caminho para uma inovação realmente impactante começa pela criação de produtos que gerem valor económico e aumentem a competitividade do país. “Um dos problemas sérios que nós temos no nosso país é o facto de termos uma economia muito assente na produção de produtos de baixo valor acrescentado”, alertou.
Suprir necessidades com inovação
“Muitas vezes, a produção de produtos inovadores faz com que os royalties associados não fiquem cá”, disse, ao mesmo tempo que destacou a necessidade de criar produtos que revertam diretamente para a economia nacional. A mesma opinião foi partilhada por Diogo Gomes de Araújo, da ANI, que também apontou a inovação como uma ferramenta essencial para enfrentar desafios globais, como “o aquecimento global e a digitalização da economia e da sociedade.”
A importância da implementação estruturada de inovação dentro das empresas foi, ainda, reforçada por Benvinda Catarino, da AIP (Associação Industrial Portuguesa): “As empresas têm de perceber que é um processo como outro qualquer”, sendo necessário identificar e classificar ideias, além de desenvolver um sistema interno robusto para gestão de inovação.
Nesse sentido, Eurico Neves, Chairman da INOVA+, salientou a importância da “excelência científica, do impacto e da capacidade de implementação” como três pilares fundamentais para transformar boas ideias em resultados práticos. Segundo o responsável da INOVA+, para que a inovação seja verdadeiramente eficaz, é crucial que as ideias enderecem “necessidades bem específicas do mercado”, criando uma sinergia entre ciência e necessidades reais.
Projetos inovadores impulsionados pelo reconhecimento
O Prémio INOVA+ surgiu, por isso, como uma iniciativa essencial para o reconhecimento e a promoção da inovação. António Sousa Pereira vê este prémio como uma oportunidade para “estimular a competição” e ajudar as empresas a aperfeiçoar as suas ideias, o que considera essencial para o crescimento do ecossistema nacional de inovação. E, na mesma lógica, Diogo Gomes de Araújo completou: “Portugal tem feito o seu percurso a nível da investigação, mas é fundamental continuarmos a acarinhar os nossos investigadores, tecnólogos e empresas que apostam e investem numa área que tem retorno a longo prazo”.
Outro ponto que ganhou consenso entre os especialistas é o papel da transição digital e verde como estratégicas para a competitividade europeia e nacional. “As empresas têm de digitalizar os seus processos e os seus modelos de negócio porque isso também introduz sistemas colaborativos”, afirmou Benvinda Catarino. A representante da AIP destacou, ainda, que o alinhamento com os critérios de ESG (Environmental, Social and Governance) está a tornar-se essencial à medida que as PME portuguesas entram em cadeias de valor mais exigentes.
Esta perspetiva foi também abordada por Bruno Coelho, da DGArtes, mas a partir do ponto de vista das indústrias criativas, onde a inovação assume uma forma diferenciada. Segundo ele, no mercado das artes, a inovação manifesta-se na “criação de um olhar diferente em relação ao que havia anteriormente”, demonstrando como cada setor tem abordagens distintas, mas igualmente valiosas, sobre o conceito de inovação.
O papel da Inteligência Artificial
Os desafios que surgem das novas tecnologias, como a Inteligência Artificial, também foram destacados como oportunidades para o futuro das empresas. Maria de Fátima Nunes de Carvalho, Presidente do Instituto Politécnico de Beja e júri do prémio INOVA+ em representação do CCISP (Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos), vê a IA não só como uma ferramenta para melhorar a eficiência, mas também como uma oportunidade para a simbiose entre as universidades e as empresas, permitindo avanços significativos em várias áreas, da saúde aos serviços.
Eurico Neves acrescentou, ainda, que a IA e a sustentabilidade representam tendências que “vão mudar toda a nossa vida, a forma como as empresas trabalham e até mesmo o impacto dos negócios”. No entanto, António Sousa Pereira alertou para o facto de também na se viver apenas do “chavão da Inteligência Artificial”. “A IA é obviamente importante, mas não é a panaceia para todos os males. Portanto, cada empresa deve ter uma cultura de identificar muito bem quais são os problemas que tem e de procurar ajuda junto de gente altamente qualificada para ajudar a resolver esses problemas”, referiu.
A inovação para as empresas portuguesas vai além de uma simples vantagem competitiva – ela redefine estratégias e conecta-se a um propósito mais amplo: o desenvolvimento sustentável e o impacto positivo na sociedade. Os jurados do Prémio Inova+ deixaram, por isso, evidente que a inovação exige mais do que boas ideias: pede visão de mercado, recursos qualificados e uma cultura de adaptação constante.
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