Impacto “palpável” da Web Summit na economia “é suficiente para compensar o investimento”

António Dias Martins destaca o impacto da Web Summit na economia nacional. Para o diretor executivo da Startup Portugal, esta edição que arranca esta segunda-feira é "uma das melhores de sempre."

Com mais de 70 mil participantes esperados, mais de 3.000 empresas de 160 países, segundo os dados da organização da Web Summit, António Dias Martins, diretor executivo da Startup Portugal, não tem dúvidas: “Vemos a edição deste ano como uma das melhores de sempre.”

Mais de 100 startups nacionais irão marcar presença na cimeira tecnológica, a decorrer na FIL, até 14 de novembro, ao abrigo do programa Road 2 Web Summit, organizado pela Startup Portugal em parceria com a Web Summit. Mas não só. “Vamos ter a maior participação de incubadoras portuguesas de sempre, mais de 50. E vamos lançar uma nova iniciativa, o ‘Global PitchBattle’, uma competição de pitchs que abrange as sete maiores delegações internacionais de startups na Web Summit: Brasil, Alemanha, Espanha, Itália, Irlanda, Sérvia e Portugal“, adianta António Dias Martins.

Este ano, “algumas grandes tecnológicas” estão a regressar ao evento, depois da sua saída na sequência da polémica em torno das publicações de Paddy Cosgrave sobre a atuação de Israel em Gaza após o ataque do Hamas. Segundo a organização, a edição deste ano conta com “algumas das maiores tecnológicas no mundo como parceiros da Web Summit 2024, incluindo a Meta, IBM, Adobe, Huawei, Visa, DELL, Alibaba, SAP, Qualcomm e Samsung”. “Outras grandes marcas a participar com oradores incluem Google, Amazon, Microsoft e Signal”, adianta a organização ao ECO.

António Dias Martins considera que o impacto da Web Summit na economia nacional, que classifica de “positivo” e “palpável”, é “suficiente para compensar o investimento feito”, diz. Por isso, o diretor executivo da Startup Portugal vê com bons olhos a extensão da sua presença para lá de 2028.

A Web Summit Lisboa é reconhecida por muitos pelo seu papel na dinamização do ecossistema português. Ainda continua a ter esse papel? Um relatório da StartupBlink, em que Portugal caiu três posições, alerta para o impacto da recente politização do evento.

Acho que isso está ultrapassado. O Paddy [Cosgrave] já regressou a CEO da Web Summit, algumas das empresas que tinham cancelado a presença já estão a voltar.

Todos os estudos são inequívocos no impacto positivo que a Web Summit tem para a economia portuguesa e não contemplam uma componente qualitativa, difícil de medir, que é o facto de Portugal, nestas semanas, ser o centro do mundo em matéria de empreendedorismo, inovação e tecnologia. É difícil de medir este impacto reputacional e comunicacional em torno da Web Summit, mas as medições são muito concretas no impacto na economia, das transações, dormidas, turismo. É palpável e já é suficiente para compensar o investimento feito.

As grandes tecnológicas?

Algumas das grandes tecnológicas já estão a voltar. Houve aqui uma oportunidade da Web Summit fazer quase um percurso de recentrar a sua conferência realmente naquilo que lhe deu origem: as startups. A presença das grandes tecnológicas é muito interessante e são importantíssimas para o ecossistema, mas aquilo é uma conferência de startups e empreendedores. Estão lá para interagirem umas com as outras, com investidores a partilharem experiências. Houve assumidamente por parte da organização um foco nesse espírito original, que acho positivo até para o empreendedorismo português.

Todos os estudos são inequívocos no impacto positivo que a Web Summit tem para a economia portuguesa e não contemplam uma componente qualitativa, difícil de medir, que é o facto de Portugal, nestas semanas, ser o centro do mundo em matéria de empreendedorismo, inovação e tecnologia. É difícil de medir este impacto reputacional e comunicacional em torno da Web Summit, mas as medições são muito concretas no impacto na economia, das transações, dormidas, turismo. É palpável e já é suficiente para compensar o investimento feito.

Tem sido anunciado uma das maiores edições de sempre em número de participantes, portanto, estamos entusiasmados com esta perspetiva. Por outro lado, é uma oportunidade, num dos maiores palcos do mundo sobre empreendedorismo e tecnologia, pôr cá fora as medidas relevantes que o país tem para responder a esta dinâmica. Nesta semana de novembro fala-se de empreendedorismo, a prioridade do empreendedorismo está em todas as entidades, do poder executivo, às agências ligadas ao empreendedorismo, aos operadores e agentes. Essa dinâmica é algo importante.

Portugal tem a exclusividade para a Europa, fora da Europa a Web Summit, como empresa privada com vontade de crescer, faz o seu percurso e nós só temos que aproveitar da melhor forma esse movimento e trazê-lo também em benefício do empreendedorismo e das startups portuguesas.

Vamos ter um stand renovado de Portugal e Lisboa, com condições adicionais para receber todas as startups e visitantes. Vamos ter uma delegação de cerca de 150 startups, 125 das quais apoiadas pelo programa da Startup Portugal e da Web Summit, o Road 2 Web Summit; vamos ter a maior participação de incubadoras portuguesas de sempre, mais de 50. E vamos lançar uma nova iniciativa, o “Global Pitch Battle”, uma competição de pitchs que abrange as sete maiores delegações internacionais de startups na Web Summit: Brasil, Alemanha, Espanha, Itália, Irlanda, Sérvia e Portugal. Cada país designa três startups para a competição e um jurado e vamos assistir no stand da Startup Portugal a esta batalha e apresentação internacionalizada. Vai criar uma dinâmica adicional muito interessante e, portanto, vemos a edição deste ano como uma das melhores de sempre.

E a internacionalização da marca Web Summit com diversas feiras, como Brasil e Qatar, tem sido efetivamente uma mais-valia para o ecossistema nacional, como foi defendido?

Nós temos aproveitado. Com essa internacionalização da Web Summit aumentamos a exposição das startups portuguesas. Ao abrigo da parceria que temos com a Web Summit, é-nos permitido ter uma área para Portugal nessas conferências, o que nos permite mostrar o melhor se faz em Portugal em matéria de empreendedorismo. Já levamos uma delegação muito interessante de startups a duas edições da Web Summit Rio, uma delegação de cerca de dez startups à primeira edição da Web Summit Qatar, vamos todos os anos a Toronto, ao Collision, que em 2025 vai passar para Vancouver e será a Web Summit de Vancouver.

Portugal tem a exclusividade para a Europa, fora da Europa a Web Summit, como empresa privada com vontade de crescer, faz o seu percurso e nós só temos que aproveitar da melhor forma esse movimento e trazê-lo também em benefício do empreendedorismo e das startups portuguesas.

Então e o scaleup da Web Summit em Portugal? Há muito tempo que se fala do aumento da sua área de exposição.

O contrato acaba em 2028 e, portanto…

Ainda temos quatro anos.

Temos que começar o processo de negociação, mas é algo que não é nossa iniciativa, não depende de nós.

É algo que a Startup Portugal veria com bons olhos, a extensão da presença da Web Summit em Portugal?

Sim, sem dúvida. Quanto ao espaço, o que nos diz a organização da Web Summit é que o que existe atualmente já fica curto para mais do que 72-75 mil pessoas. Há espaço disponível para construção, portanto, se queremos proporcionar estas condições à Web Summit, e a outras entidades que utilizem aquela infraestrutura, penso que alguma coisa terá que ser feita nesse sentido.

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