Montenegro defende “nova vaga de políticas de coesão” na União Europeia
Seja em matéria da concretização das interconexões energéticas ou no que toca à união do mercado de capitais, aos olhos do primeiro-ministro os 27 devem focar-se em concretizar reformas de "coesão"
O primeiro-ministro defendeu a necessidade de a União Europeia criar uma “nova vaga de políticas de coesão” que reflitam a necessidade de reforçar a competitividade do bloco europeu, sobretudo a nível do mercado de capitais e do setor energético.
“Para termos um mercado mais dinâmico e uma dimensão no mercado internacional, a Europa precisa de deixar de refletir tanto e passar a executar mais”, defendeu Luís Montenegro, esta sexta-feira, no fim da Cimeira da Comunidade Política Europeia (CPE), em Budapeste. “Algumas destas mudanças não vão produzir resultados imediatos mas se não fizermos nada daqui a 10 anos estamos a discutir a mesma coisa“, acrescentou.
Aos olhos do chefe de Governo, estas mudanças prendem-se com a necessidade de concretizar as interconexões energéticas entre Portugal e Espanha, e depois de França para o resto da Europa, que estão pendentes há vários anos e que estando operacionais permitiriam reduzir o preço da energia para as famílias e as empresas.
“Tenho sido chato e repetitivo nos Conselhos Europeus, mas os problemas das interligações não são exclusivos da Península Ibérica e não é apenas do interesse de Portugal e Espanha. Quando transpusermos a fronteira do transporte de energia de Espanha para França estamos a colocar na rede dos 27 a possibilidade usufruírem de energia verde”, explicou o primeiro-ministro, argumentando que esta realidade permitiria promover uma “maior sustentabilidade ambiental” e “reduzir as dependências do abastecimento externo”. Estes dois fatores, diz, permitirão “reduzir o preço da energia” que hoje são “três a quatro vezes” superiores ao mercado externo.
“Coesão é para todos. Não há coesão sem haver partilha de um mercado no âmbito da energia“, reiterou.
Ademais, e tal como defende Mario Draghi no relatório que elaborou para a Comissão Europeia, é “fundamental” concretizar o mercado de união de capitais e a união bancária, dois projetos que estão há uma década na gaveta e que serão agora responsabilidades da próxima comissária para os Serviços Financeiros, Maria Luís Albuquerque., que deverá entrar em funções a 1 de dezembro, juntamente com o resto do novo executivo comunitário.
“Grande parte das poupanças dos europeus está em produtos de poupança ou em fundos de investimento fora da Europa. É paradoxal que numa altura em que queremos disputar a competitividade da economia europeia e internacional, sejamos nós a alimentar o mercado de capitais americano que por sua vez aumenta a capacidade das empresas norte-americanas“, explicou.
Assim, de acordo com Montenegro, que deu nota de ter sido assinado a Declaração de Budapeste, na qual se defendem “investimentos significativos, mobilizando financiamentos públicos e privados”, bem como um “mercado da energia totalmente integrado e interligado, com caráter prioritário”, a orientação do bloco europeu deve ser rumo à concretização de estratégias que tardam em concretizar-se.
“Temos de ter uma nova vaga de políticas de coesão. Energia ao mesmo preço, condições de financiamento com os mesmos custos“, defende. “Se as pequenas e médias empresas tiverem as mesmas oportunidades podemos ter um desenvolvimento convergente. Se ficarem acentuadas as divergências, com certeza que haverá economias a várias velocidades”, diz.
A reunião de dois dias na capital húngara aconteceu num contexto de mudanças políticas nos Estados Unidos, depois de Donald Trump ter sido eleito na terça-feira o 47.º Presidente dos Estados Unidos, quando se admite que o republicano se foque mais nos interesses norte-americanos, o que causa receios sobre o impacto nas relações transatlânticas entre Bruxelas e Washington.
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