No ESG, “não podemos distrair-nos” a olhar para as PME

Os especialistas dizem que não pode pedir-se a empresas de menor dimensão o mesmo que se exige a maiores capitalizações. Quanto à regulação, o caminho deve ser apostar na simplificação.

A regulamentação em matéria de ESG (critérios ambientais, sociais e de governance) colocou estes temas na agenda das empresas, com as grandes empresas a liderarem a implementação destes critérios na sua estratégia, enquanto as com menores capitalizações ainda olham para estas matérias como um fardo e não uma oportunidade. Segredo é olhar para o ESG como uma oportunidade e não como um custo.

As chamadas grandes empresas europeias representam 50% do valor acrescentado bruto (VAB). Não podemos distrair-nos a olhar para as micro, pequenas e médias empresas”, aponta Eduardo Moura, secretário-executivo do BCSD, no Green Economy Forum, organizado pelo ECO e que decorreu esta terça-feira, dia 12 de novembro, em Gaia.

Eduardo Moura, Secretário-Executivo do BCSDRicardo Castelo

Eduardo Moura destaca que, dentro das mais de 800 chamadas grandes empresas, há todo um universo de “700 empresas ou mais que nunca tinham olhado para isto [ESG]”, acrescentando ainda que há um grande número de outras pequenas e médias empresas em Portugal que são apenas sucursais de empresas europeias.

Perante estes números, o responsável nota que é preciso concentrar atenções nas empresas maiores, onde inclui também PME de maior dimensão, prestes a dar o salto para serem consideradas grandes empresas. “Não podemos estar a achar que todas as empresas vão fazer a mesma coisa que as grandes. Isso é insano e cria um stress inacreditável, que é contraproducente”, atira, referindo que não se pode pedir um plano de descarbonização e uma política de água. “As coisas têm de ser proporcionais e ajustadas no tempo”.

Para Eduardo Moura, “o facto de se ter regulamentado o ESG deu uma espécie de boost às empresas”, acrescentando que “o papel do regulador tem grande impacto naquilo que é a competitividade das empresas” e é preciso tornar pública a divulgação do Relatório Único, evitando que as empresas tenham que prestar informação diferenciada a várias entidades.

Para o secretário-executivo do BCSD, é importante “não complicar e obter do Estado a simplificação e otimização que dê força” a esta mudança, de modo a não perder esta “oportunidade de ouro”.

Cristina Melo Antunes, Diretora Sustainable Finance do Santander PortugalRicardo Castelo

Cristina Melo Antunes, Diretora Sustainable Finance do Santander Portugal, nota que há empresas em várias fases, sendo que no caso das PME, estas ainda “têm que fazer o seu caminho”. “Há um grande trabalho de aumentar o conhecimento do ESG”.

Se olhamos só para o ESG como números, isto é um custo para as empresas. Tem que se olhar como o que vou mudar para transformar o meu negócio”, refere.

No que diz respeito ao banco, Cristina Melo Antunes diz que o Santander é um “parceiro” das empresas. A forma de beneficiar as que cumprem métricas de sustentabilidade é através de condições de financiamento mais vantajosas. “Temos que garantir que empresa está a fazer caminho para transição”. Nestes casos há uma redução do spread.

Ana Sofia do Amaral, Sustainability Leader da L’Oréal PortugalRicardo Castelo

Na L’Óreal, o ESG é algo que “começa lá em cima”, aponta Ana Sofia do Amaral, Sustainability Leader da L’Oréal Portugal. A implementar o programa L’Óreal for the future, que estabele os compromissos da empresa para 2030 em termos de sustentabilidade, a responsável destaca que a multinacional vai precisar “de muita inovação e desenvolvimento no quadro nacional”.

Para a responsável, consumidores e parceiros são fundamentais na adoção desta estratégia. “É preciso pôr a empresa toda a trabalhar neste sentido“, aponta.

Por um lado, há que trabalhar a comunicação interna, para que as pessoas percebam o porquê das suas ações. Por outro, “a parte final do consumidor é muito importante”, porque os têm que ser informados e ter oportunidade de escolha. “Tudo isto é que vai fazer com que consigamos atingir as metas que temos pela frente”, conclui.

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