Pedro Santa Clara: “Acho que somos uma sociedade profundamente anestesiada”
Pedro Santa Clara, crítico do ensino e da sociedade, "construtor de escolas" e empreendedor social, é o sétimo convidado do podcast "E Se Corre Bem?".
Formado em Economia e doutorado em Finanças, Pedro Santa Clara descreve o percurso inicial da sua vida como um “primeiro ato” dedicado à escrita de artigos científicos e ao ensino no MBA. No entanto, foi no regresso a Portugal que iniciou o “segundo ato” da sua vida, marcado pelo empreendedorismo social e pela construção de projetos educativos, como a NOVA SBE, a Escola 42 e a Tumo. “Foi uma sorte tremenda na minha vida ter dois atos. A maior parte das pessoas tem apenas um”, afirma.
Foi sob a sua liderança que surgiu o campus da Nova SBE em Carcavelos, um projeto ambicioso que transformou a escola numa das melhores da Europa, mesmo em tempos de crise económica. Esta transição ilustra o desafio de conciliar a visão académica com a prática empreendedora. A junção destas duas qualidades é o resultado de uma visão estratégica que tem como base a inovação e a esperança, uma qualidade que, na sua opinião, Portugal está a perder.
"Portugal é de tal maneira arreigado que eu acho que as pessoas são capazes de andar na rua e quase que nem veem as pessoas que não são do seu meio”
Apesar de se considerar um otimista, Pedro Santa Clara refere-se a Portugal como um país marcado por uma sociedade estratificada, com pouca mobilidade social e com um sistema de ensino segregado. “Portugal é de tal maneira arreigado que eu acho que as pessoas são capazes de andar na rua e quase que nem veem as pessoas que não são do seu meio”, explica.
O empreendedor refere que na Tumo existe uma preocupação muito grande em misturar alunos de todas as diferentes proveniências sociais na mesma experiência. Pedro Santa Clara considera que a chave para a mobilidade social passa por “misturar um aluno que veio de uma família em que toda a gente foi à Universidade com outro aluno em que ninguém da sua família teve essa oportunidade”.
Apesar dos desafios, este líder mantém uma visão otimista e orientada para a ação. Reconhece as dificuldades do sistema, mas acredita no poder da iniciativa individual e coletiva para promover a mudança. “Não temos que estar só à espera do Estado ou irritados porque o Estado não faz”, afirma, sublinhando a importância de construir projetos com impacto e devolver à sociedade aquilo que ela lhe proporcionou.
Este podcast está disponível no Spotify e na Apple Podcasts. Uma iniciativa do ECO, que Diogo Agostinho, COO do ECO, procura trazer histórias que inspirem pessoas a arriscar, a terem a coragem de tomar decisões e acreditarem nas suas capacidades. Com o apoio do Doutor Finanças e da Nissan.
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