As redes revolucionaram a Black Week
Uma economia moderna e competitiva exige operadores com condições para manterem altos níveis de investimento em cibersegurança e uma população com maior literacia digital.
Estamos prestes a entrar na semana das grandes promoções que antecedem a época natalícia. Depois dos super descontos da Black Friday (dia em que se esgotavam os stocks do retalho), a Black Week, como foi batizada nos EUA, que começa na última segunda-feira de novembro e culmina na Cyber Monday, tem vindo a ganhar popularidade em todo o mundo, sobretudo graças ao e-commerce.
A corrida a bens e serviços de todos os tipos tem vindo a transferir-se das superfícies comerciais para o espaço digital por questões de rapidez, de comodidade e de acesso a uma miríade de produtos de diversas proveniências sem que, com isso, sejam postas em causa a privacidade e a segurança dos cidadãos, dos seus aparelhos e das suas contas. Nunca tivemos tanta oferta à distância de um clique como agora e isso só é possível devido às redes de comunicações que nos ligam ao mundo.
Portugal, com redes de alta qualidade a cobrir o país, é um ótimo exemplo da revolução que o digital significa para o comércio. Mais de metade dos portugueses já adquire bens ou serviços através da internet, sendo a tendência notoriamente crescente. O E-commerce Report 2024 dos CTT dá conta de que existem já 5,3 milhões de consumidores online em Portugal (que fazem, em média, mais de 25 aquisições por ano), ao passo que o barómetro e-Shopper, elaborado pela DPD, indica que sete em cada dez portugueses recorrem à internet para fazer compras.
O estudo E-Commerce & Last Mile 2023, produzido pela Deloitte em parceria com a Associação Portuguesa de Logística, revela que 64% dos portugueses tencionam voltar a fazer compras online e 71% já admitem que preferem esse modelo em detrimento da tradicional deslocação a uma loja. Para este ano as projeções do E-commerce Report 2024 apontam para um crescimento na ordem dos 10% atingindo mais de 12 mil milhões de euros nestas transações.
Se nos debruçarmos sobre a Black Week, constatamos que é o comércio online que mais puxa pelo crescimento das compras. De acordo com dados da SIBS Analytics, nessa semana, em 2023, o valor das compras online aumentou 31% em termos homólogos, enquanto o crescimento do total de transações (online e em lojas físicas) foi de 14%.
Na Black Friday propriamente dita, entre 2022 e 2023, houve um crescimento de 12% nas compras totais, percentagem alavancada pelos 26% de aquisições através da internet. Desde a pandemia de covid-19, o e-commerce neste período está também numa trajetória bastante acentuada de crescimento: em 2019 significava 12% do total de compras feitas na Black Friday em Portugal e no ano passado atingia quase um quarto (24%) das transações. Passámos de um em cada oito para um em cada quatro euros gastos online no dia das grandes promoções.
Para este ano anteveem-se novos recordes. Os portugueses deverão gastar perto de 140 milhões de euros online durante a Black Week, segundo as estimativas apresentadas pela blackfriday.pt, que perspetiva um aumento de 7,1% na quantia média despendida por consumidor (290 para 311 euros). Sintomático é o facto de 52% dos inquiridos revelar que comprará tanto online como em lojas físicas, ao passo que 33% já se cinge apenas ao digital. Ou seja, 85% das pessoas já usa a internet como ferramenta para atacar esta quadra promocional.
Apesar de as tendências serem francamente animadoras para compradores e vendedores, e por consequência para a economia, todos os cuidados são poucos. Este ano as operações online motivaram mais de 22 mil reclamações no Portal da Queixa, com as burlas a representarem mais de 17% do total. Quem anda à procura de descontos deve desconfiar de preços invulgarmente baixos e das “últimas oportunidades”, assim como deve prestar especial atenção a links e e-mails promocionais de proveniências questionáveis, que, por norma, dão mau resultado (com acesso indevido a contas bancárias ou a dados pessoais, por exemplo).
Portugal está entre a elite mundial no que concerne à cibersegurança, como atesta o Índice Global de Cibersegurança de 2024, publicado pela União Internacional de Telecomunicações (UIT), agência especializada da ONU. Tendo alcançado a classificação mais elevada, o nosso país ocupa a quarta posição, ex aequo com os EUA e Singapura, destacando-se pelo seu enquadramento jurídico robusto, por avançadas capacidades técnicas, por organizações bem estruturadas e proatividade na cooperação internacional, fatores que propiciam um ambiente digital seguro para cidadãos, empresas e organismos estatais.
Apesar dos progressos que o país registou desde o último estudo da UIT, a prudência nunca é excessiva. E convoca-nos para um esforço generalizado. Tal como no resto do ano, os operadores vão ser confrontados com tentativas de uso malicioso ou fraudulento da tecnologia e dos serviços de comunicações, sendo, portanto, agentes centrais na gestão de risco. Ao longo dos últimos anos, investiram dezenas de milhões de euros na criação de capacidades de identificação, proteção e resposta a ameaças, colocando o país no patamar do melhor que se faz em todo o mundo, quer ao serviço dos particulares e das empresas, quer da Administração Pública.
Uma economia moderna e competitiva, virada para as oportunidades que as tecnologias oferecem, exige operadores com condições para manterem altos níveis de investimento em cibersegurança e uma população com maior literacia digital. Nesta Black Week, estaremos todos novamente à prova – e voltaremos a superar o desafio.
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