Galp cancela refinaria de lítio em Setúbal após abandono da Northvolt
A decisão surge depois de a Northvolt ter travado o investimento no projeto conjunto com a petrolífera portuguesa. A Galp procurou novos parceiros, "mas sem sucesso".
A Galp cancelou o projeto Aurora, a refinaria de lítio que previa instalar em Setúbal através de uma parceria com a Northvolt. A decisão surge depois de a Northvolt ter travado o investimento no projeto conjunto com a petrolífera portuguesa, uma vez que se encontra com graves problemas financeiros.
“Desde então, a Galp procurou identificar novas parcerias internacionais, mas sem sucesso“, refere a Galp em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
A Aurora, uma joint venture criada pela portuguesa Galp e pela sueca Northvolt trabalhava desde 2021 para estabelecer uma fábrica de conversão de lítio em Setúbal, visando “abastecer a indústria de baterias”, através do aproveitamento das reservas de lítio portuguesas.
“Apesar dos esforços significativos, que incluíram a constituição de uma equipa qualificada, a realização de estudos de engenharia, a preparação de processos de licenciamento e a procura de incentivos e financiamento, o contexto atual e a impossibilidade de contar com um parceiro internacional impossibilitam a continuidade do projeto“, avança a Galp na informação enviada à CMVM. O projeto já havia absorvido cerca de 40 milhões de euros da Galp, segundo o Expresso.
Já no início de outubro, conforme o ECO noticiou, a Galp e a Northvolt estavam a avaliar a possibilidade de obter financiamento do novo sistema de incentivos a investimentos em setores estratégicos de mil milhões de euros para avançar com o empreendimento, uma vez que o faseamento permitido pelo PRR não era “compatível com calendário de execução do projeto Aurora”.
Na altura, segundo a Galp, continuava-se a avaliar oportunidades de financiamento, incluindo “ao abrigo da ajuda pública”, que tinha sido aprovado na semana anterior pela Comissão Europeia.
No entanto, a Galp decidiu agora dar uma “machadada final” no projeto depois do recuo da Northvolt, que advém da grave crise financeira que assola a empresa sueca. Recorde-se que, a 21 de novembro, a parceira da Galp apresentou um pedido de proteção contra credores nos EUA, depois de ter falhado um acordo com investidores para salvar a empresa de baterias, que já contou com uma injeção de capital superior a 14 mil milhões de euros.
Nos meses anteriores a empresa tinha vindo a tentar reverter os seus problemas financeiros, tendo sido noticiado em setembro que a fabricante de baterias ia avançar com o despedimento de 1.600 funcionários na Suécia, suspender os planos de expansão e focar-se em acelerar a produção para clientes automóveis.
Entretanto fica ainda por saber o que acontecerá à joint venture criada pela Galp e Northvolt e aos seus trabalhadores. Segundo o Expresso, o projeto conta com 17 portugueses e nove funcionários de outras nacionalidades nos seus quadros de pessoal.
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