“A segurança física e digital têm de estar interligadas”

  • ECO
  • 4 Dezembro 2024

Gonçalo Morgado, diretor-geral da Prosegur Security, relembra que apesar da segurança digital ser fundamental, não nos podemos esquecer da sua base física.

O futuro da segurança passa pela integração de esforços entre o setor público, privado e a sociedade. Com riscos mais complexos e interligados, a construção de resiliência e a adaptação à mudança são fundamentais para enfrentar os desafios emergentes.

No contexto de uma transformação tecnológica sem precedentes, a segurança — tanto física quanto digital — tornou-se uma necessidade essencial para indivíduos, empresas e governos.

Durante a segunda edição da Prosegur Talks, onde se debateu a segurança no futuro, João Duque, professor catedrático de finanças e Presidente do ISEG, destacou que a mudança sempre foi inerente à gestão de negócios e às empresas que não só se querem manter, mas que também querem crescer. No entanto, por estarmos num momento de transição, o atual paradigma tecnológico apresenta novos desafios. De acordo com o professor, quem está à frente de uma empresa pode não saber exatamente para onde segue, mas sabe que não vai exatamente pelo mesmo caminho que tem percorrido desde então.

“A democracia não tem de ser oposta ao desenvolvimento tecnológico e a uma determinação em relação a certos objetivos”, afirmou Jorge Bacelar Gouveia

Por outro lado, a incorporação massiva de tecnologia nos negócios e na vida pessoal expõe-nos a riscos inéditos. Segundo João Duque, “cada vez mais as nossas memórias são digitais”, o que aumenta a necessidade de sistemas de segurança e, também, a vulnerabilidade, em caso de ataques.

O papel da legislação e do estado

Jorge Bacelar Gouveia, professor catedrático da Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa, sublinhou a importância de uma governança robusta para gerir o ciberespaço. O professor reconhece avanços na legislação, mas aponta falhas nas práticas do próprio Estado. “Às vezes o próprio Estado nem dá o exemplo. Por um lado, não se sabe atualizar com os melhores programas para se defender dos ataques informáticos. E, depois, não se fiscaliza e não aplica coimas a si próprio quando deteta instituições que não cumprem essas regras de segurança”, afirma.

Para Jorge Bacelar Gouveia, estas lacunas são agravadas pela dificuldade do direito acompanhar a velocidade das transformações tecnológicas. “O direito, normalmente, vai sempre atrás da realidade social, mas, neste caso, se ficar muito para trás, a realidade social acaba por fazer aquilo que quiser e com danos para as pessoas”, diz.

A importância da segurança física e digital

Gonçalo Morgado, diretor-geral da Prosegur Security, abordou a interligação inevitável entre segurança física e digital, destacando que “tudo o que tem a ver com o digital também tem uma base física”, o que exige soluções híbridas que atendam às novas dimensões do risco global.

"Hoje em dia, a segurança é multidimensional. Nessa perspetiva temos de mitigar quais são os riscos do ecossistema que está a nossa volta e dos nossos clientes”

Gonçalo Morgado, diretor-geral da Prosegur Security

“Atualmente, tratar da segurança digital é um tema crítico e fundamental, mas nunca podemos desligar daquilo que é a base física, porque tudo está baseado em estruturas físicas. A segurança física e digital têm de estar interligadas”, explica o diretor.

Além disso, Gonçalo Morgado abordou o facto do Índice de Incerteza Global, projetado pelo FMI, ter aumentado de forma acentuada nos últimos 20 anos e alertou para a questão de que “as empresas estão expostas a um conjunto de riscos cada vez mais globais”. “Hoje em dia, a segurança é multidimensional. Nessa perspetiva temos de mitigar quais são os riscos do ecossistema que está a nossa volta e dos nossos clientes”, explica.

Neste sentido e dentro de um contexto europeu onde as tensões geopolíticas ganham cada vez mais destaque, João Duque abordou questão da falta de estratégia da Europa para competir com as potências tecnológicas dos Estados Unidos e da China. Para o professor, a democracia “não tem de ser oposta ao desenvolvimento tecnológico e a uma determinação em relação a certos objetivos”, explica.

Apesar dos desafios, Jorge Bacelar Gouveia vê avanços na defesa europeia e no investimento em novas tecnologias, afirmando que há um consenso crescente sobre a importância da segurança digital.

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