TAP vive “ano positivo” mas tem “desafios significativos pela frente”

Presidente executivo elencou cinco grandes desafios que a transportadora aérea enfrenta nos próximos anos. Vê também oportunidades, sobretudo na manutenção, cuja receita pretende quadruplicar.

O CEO da TAP, Luís Rodrigues, afirma que 2024 foi um ano “extremamente positivo”, mas que a companhia aérea que o Governo quer privatizar no próximo ano, “tem um conjunto significativo de desafios pela frente”, que vão da instabilidade geopolítica à capacidade de resposta dos aeroportos. Em preparação está um plano para multiplicar por quatro as receitas da manutenção.

“O primeiro [desafio] é talvez a instabilidade geopolítica, que agora se junta à instabilidade meteorológica. Acho que não é errado dizer que desde a Segunda Guerra Mundial nunca enfrentámos um momento na história do mundo onde tivéssemos tantos conflitos armados e tão severos”, afirmou esta quinta-feira o presidente executivo da transportadora aérea, num encontro com jornalistas.

Condiciona a aviação tremendamente e a TAP também“, afirmou Luís Rodrigues. Cria “ansiedade na procura”, porque “há muita gente que altera os seus voos, os seus planos de férias”, mas também “condiciona a oferta, porque nós temos de ser extremamente cautelosos com os sítios para onde vamos e as análises de risco que fazemos, e isso gera obviamente mais custos”, alertou. Por fim, “condiciona a cadeia de abastecimento” no fornecimento de peças para aviões.

Há cada vez mais regras a cumprir e o custo de fazer o negócio está a tornar-se cada vez mais insuportável.

Luís Rodrigues

CEO da TAP

Outro desafio referido por Luís Rodrigues é o “aumento do contexto da pressão regulatória, que grande parte vem em função de blocos e países que protegem-se criando regulações”. “Há cada vez mais regras a cumprir e o custo de fazer o negócio está a se tornar cada vez mais insuportável”, referiu.

O terceiro grande desafio é a questão da infraestrutura, e nem sequer estamos a falar do aeroporto de Lisboa, que já é uma história sobejamente conhecida; estamos a falar dos aeroportos na Europa, na generalidade, onde o número de regras é cada vez maior”, afirmou Luís Rodrigues. “Mas estamos a falar também da gestão do espaço aéreo na Europa, que está muito difícil“, acrescentou ainda.

O presidente da TAP referiu ainda os desafios colocados pelas regras ligadas à sustentabilidade. A partir de janeiro as companhias aéreas serão obrigadas a incluir 2% de combustíveis sustentáveis, mais caros, que Luís Rodrigues admite poderem vir a levar a um aumento dos preços. “Finalmente temos um desafio adicional, que é da mão de obra qualificada, que é cada vez mais difícil”, concluiu.

Multiplicar por quatro as receitas da manutenção

O gestor afirmou que o atual contexto também oferece oportunidades, nomeadamente na área comercial. “Temos que fazer um esforço para vender cada vez mais e melhor, com ferramentas novas, com know-how novo, e esse trabalho está a ser feito”, garantiu, acrescentando que também está a ser feito um caminho de melhora “na área de serviço a cliente”.

A TAP registou um lucro de 118,2 milhões de euros nos primeiros nove meses, encaminhando-se para o terceiro ano consecutivo com resultados positivos, beneficiando do aumento das receitas da manutenção e engenharia, que a atual administração pretende levar ainda mais longe.

Vamos atrás de mil milhões de euros só na manutenção, que seria criar em Portugal um polo de aviação extraordinário que acho que temos toda a capacidade para fazer.

Luís Rodrigues

CEO da TAP

Na manutenção vende-se por ano cerca de 250 milhões de euros e ontem discutimos um plano para quadruplicar. Vamos atrás de mil milhões de euros só na manutenção, que seria criar em Portugal um polo de aviação extraordinário que acho que temos toda a capacidade para fazer”, afirmou o CEO da TAP.

O plano não tem prazo para implementar e o objetivo é apresentá-lo ao futuro vencedor da reprivatização que o Governo vai relançar no próximo ano. “É um projeto que queremos deixar para os potenciais compradores como uma grande oportunidade que, obviamente, vai ser valorizada pela companhia e pelo seu acionista como refletindo-se nas condições pelas quais a privatização poderá vir a ser feita”, disse o presidente executivo.

Luís Rodrigues está à frente da TAP desde abril de 2023 e termina o mandato no final do ano. Questionado sobre a sua manutenção no cargo, preferiu não fazer qualquer comentários, sendo uma decisão que cabe ao acionista.

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