Partido de Assad apoia transição para “defender a unidade” da Síria
"Continuaremos a apoiar uma fase de transição na Síria visando defender a unidade do país", declarou o secretário-geral do partido Baas, Ibrahim al-Hadi.
O partido sírio Baas, do ex-Presidente Bashar al-Assad, declarou esta segunda-feira apoiar a fase de transição no país, após o derrube do regime por uma coligação rebelde. “Continuaremos a apoiar uma fase de transição na Síria visando defender a unidade do país”, declarou o secretário-geral do partido, Ibrahim al-Hadid, em comunicado.
O líder dos rebeldes sírios, Abu Mohammed al-Jolani, discutiu com o ex-primeiro-ministro Mohammed al-Jalali uma “coordenação da transição de poder”, anunciou o movimento que derrubou o Presidente Bashar al-Assad. Al-Jolani – que passou a usar o seu verdadeiro nome, Ahmad al-Chareh – conversou com al-Jalali “para coordenar uma transição de poder garantindo a prestação de serviços” à população síria, afirmaram os rebeldes, num comunicado acompanhado de um breve vídeo da conversa.
Também esteve presente no encontro o primeiro-ministro que lidera o “Governo de Salvação” do bastião dos rebeldes do Organismo de Libertação do Levante (Hayat Tahrir al Sham ou HTS), no noroeste da Síria. Antes, o movimento encarregou Mohamed al-Bashir, o líder do “Governo de Salvação” – a administração de fato na província síria do norte de Idlib controlada pelo HTS – de formar um Governo de transição, noticiou a televisão síria, dirigida agora pela oposição.
Segundo a televisão síria, a reunião entre os líderes rebeles e o ex-primeiro-ministro destinou-se a evitar que o país entre num estado de “caos” após a queda do regime. No vídeo da reunião divulgado pelo HTS, o líder rebelde al-Jolani assegurou que, apesar de a região de Idlib, onde tinha a sua autoridade de facto, ser pequena e sem recursos, os responsáveis pela sua administração conseguiram acumular experiência e sucessos.
Além disso, precisou que não vai prescindir dos funcionários qualificados do regime deposto. O HTS, após a tomada de poder na Síria, lançou vários comunicados nos quais prometeu tolerância em relação aos seguidores de diferentes igrejas e confissões no país, e advertiu os seus membros de que devem evitar maus-tratos ou agressões aos civis.
Segundo a AP, muitos funcionários públicos não retomaram funções, e um responsável das Nações Unidas alertou que o setor público do país está paralisado, causando problemas em aeroportos e fronteiras e desacelerando o fluxo de ajuda humanitária.
O setor público “parou completa e abruptamente”, disse Adam Abdelmoula, coordenador residente humanitário da ONU para a Síria, observando, que um voo de ajuda carregando abastecimentos médicos urgentemente necessários foi suspenso após os funcionários da aviação abandonarem os postos de trabalho.
“Este é um país que teve um único governo durante 53 anos e, de repente, todos aqueles que foram demonizados pela comunicação social pública agora estão no comando na capital do país,” disse Abdelmoula à AP.
Os rebeldes declararam no domingo Damasco ‘livre’ do Presidente Bashar al-Assad, após 12 dias de ofensiva de uma coligação liderada pelo grupo islâmico Organização de Libertação do Levante (Hayat Tahrir al Sham ou HTS, em árabe), juntamente com outras fações apoiadas pela Turquia, derrubar o governo sírio.
O Presidente sírio, que esteve no poder 24 anos, deixou o país perante a ofensiva rebelde e asilou-se na Rússia, segundo as agências de notícias russas TASS e Ria Novost. Rússia, China e Irão manifestaram preocupação pelo fim do regime, enquanto a maioria dos países ocidentais e árabes se mostrou satisfeita por Damasco deixar de estar nas mãos do clã Assad.
No poder há mais de meio século na Síria, o partido Baath foi, para muitos sírios, um símbolo de repressão, iniciada em 1970 com a chegada ao poder, através de um golpe de Estado, de Hafez al-Assad, pai de Bashar, que liderou o país até morrer, em 2000.
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