Nuno Melo diz que esforço atual é garantir 2% do PIB para a defesa em 2029

  • Lusa
  • 12 Dezembro 2024

O ministro da Defesa atira para Montenegro decisão de gastar mais que 2% do PIB em Defesa. "Decisão que é do âmbito político e que deve envolver todo o Governo, começando pelo primeiro-ministro", diz.

O ministro da Defesa, Nuno Melo, disse esta quinta-feira que trabalha com factos e que “o esforço atual” é garantir que se concretizará o objetivo de destinar 2% do PIB à Defesa em 2029, considerando-o “já um investimento importante”.

“Um investimento maior do que estes 2% passará por uma decisão que é do âmbito político e que deve envolver todo o Governo, começando pelo primeiro-ministro. A partir do momento em que o senhor primeiro-ministro assuma ou entenda que o crescimento deverá ser superior a esses 2%, certamente que nós, na Defesa Nacional, teremos toda a vantagem e a possibilidade de acomodar esse maior investimento”, disse Nuno Melo.

“Mas eu trabalho em cima de factos, e o nosso esforço neste momento é garantir que esse investimento de 2% até 2029 acontecerá”, acrescentou. O ministro da Defesa Nacional falava à imprensa portuguesa em Madrid, onde participou numa reunião da Iniciativa 5+5 Defesa, que junta 10 países do sul da Europa e do norte de África.

Nuno Melo foi questionado no final da reunião sobre as declarações do primeiro-ministro, Luís Montenegro, na quarta-feira, sobre os objetivos de investimento na Defesa.

O primeiro-ministro admitiu que Portugal poderá ter de atualizar “a breve prazo” esses objetivos, referindo que a próxima presidência europeia cabe à Polónia, “que tem hoje um gasto em Defesa superior a 4% do seu Produto Interno Bruto [PIB]”, e a mudança de Governo nos Estados Unidos, que em 2025 voltará a ser liderado por Donald Trump.

O ministro da Defesa considerou que 2% do PIB em 2029 – meta nacional atual – “implica já um investimento importante” para Portugal e deve ser por isso garantido. Nuno Melo realçou que se trata de um investimento com “uma vantagem que não tem que ver com os cenários de guerra”, mesmo que seja “o contexto geopolítico” a “justificar muito” o reforço dos orçamentos.

“Tem que ver com os tempos de paz. Penso que a grande vantagem das Forças Armadas portuguesas é medida em tempos de paz”, disse o ministro, que destacou que os militares estão ao serviço das populações em permanência, em missões diversas que abrangem operações de busca e salvamento, respostas a catástrofes como os incêndios ou inundações e transporte de órgãos para transplantes, entre outras.

“Os investimentos na Defesa hoje em dia têm uma perspetiva que é de duplo uso, com vantagens para as populações. E esse nosso crescimento até 2% do PIB até 2029 terá em vista esse duplo uso, com vantagem no domínio militar se necessário for, mas principalmente a pensar nos tempos de paz”, afirmou.

A reunião em Madrid da Iniciativa 5+5 Defesa juntou os ministros da Defesa dos 10 países que integram este fórum de cooperação multilateral das duas margens do Mediterrâneo e que inclui também Portugal. Fazem parte deste grupo Portugal, Espanha, Argélia, França, Itália, Líbia, Malta, Marrocos, Mauritânia e Tunísia. No encontro, Espanha passou a presidência anual do grupo à Tunísia.

O ministro português lembrou que no atual “tempo geopolítico tão complicado”, o Iniciativa 5+5 Defesa “tem a virtude de unir onde o Mediterrâneo e até o Atlântico dividem” e afirmou que foi reiterado hoje por todos os membros o compromisso de cooperação em âmbitos como as alterações climáticas, o treino militar ou a partilha de tecnologia.

Segundo Nuno Melo, o foco do encontro esteve nas consequências das alterações climáticas e na cooperação entre estes países a nível de meios militares, referindo os exemplos das recentes inundações em Valência (Espanha) e de outras catástrofes, como os temporais na Líbia, um terremoto em Marrocos ou os incêndios em Portugal.

Nuno Melo, que é também presidente do CDS-PP, foi ainda questionado sobre o apoio a uma eventual candidatura presidencial do almirante Gouveia e Melo, mas recusou comentar, por não ser “o momento adequado”, e garantindo que o partido ainda não abriu esse debate.

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