Montenegro vê Centeno em “contramão” mas já admite “acerto” para cumprir excedente em 2025
O primeiro-ministro revelou que, se for necessário, fará ajustes na execução orçamental para garantir superávite de 0,3% e notou que as previsões de défice do Banco de Portugal estão em "contramão".
O primeiro-ministro, Luís Montenegro, criticou esta sexta-feira “a falta de confiança do senhor governador” do Banco de Portugal, Mário Centeno, por estimar um défice de 0,1% do PIB no próximo ano, e garante que, “se for necessário”, o Governo fará um “acerto” na execução orçamental para cumprir “o objetivo de 0,3% de superávite” em 2025. No entanto, sublinhou que as projeções do supervisor estão “em contramão, visto que não há mais nenhuma entidade que acompanhe o pessimismo que o governador do Banco de Portugal expressou”.
“A posição do Governo é de manter a firmeza no cumprimento do nosso objetivo, de termos um superávite no próximo ano. Creio que a situação está absolutamente controlada. O Governo irá acompanhar a execução orçamental e, ao longo do ano, se for necessário fazer algum acerto para cumprir o nosso objetivo, fá-lo-emos”, afirmou.
O chefe do Executivo frisou, contudo, que “não há nenhum motivo para alarme”. E voltou a insistir que “todas as entidades internas e externas têm uma visão diferente da do Banco de Portugal”.
“Usando uma expressão popular, o tira-teimas será a 31 de dezembro de 2025″, gracejou. Ainda assim, Montenegro respeita a posição do Banco de Portugal, reconhecendo que “não é uma questão de fazer mal as contas”.
“São previsões. Estamos a falar, para o próximo ano, de uma diferença de quatro décimas. Não estou nem a desvalorizar nem a desconsiderar a opinião do Banco de Portugal, mas não é uma grande diferença”, indicou. Ainda assim, sublinhou que “o Banco de Portugal aparece em contramão relativamente às suas perspetivas para o desempenho económico e orçamental para o nosso país”.
Questionado se as medidas aprovadas pela oposição no Parlamento podem desequilibrar as contas públicas, Montenegro salientou que “o Governo manteve o seu cenário, apesar do incremento de despesa que está subjacente às propostas que foram viabilizadas pelos partidos da oposição”.
“Quer dizer que o Governo fará um esforço na execução orçamental para comportar as propostas que foram aprovadas pelos partidos da oposição”, frisou. O primeiro-ministro defendeu que “o Governo dispõe da margem” e que vai definir “as políticas públicas para chegar ao final do ano com o resultado que propôs”.
“Há todas as razões para confiar nas nossas perspetivas, o senhor governador não confia tanto, nós registamos essa falta de confiança do senhor governador, mas, até o momento, é a única entidade que tem uma visão diferente”, atirou.
O Banco de Portugal (BdP) está mais pessimista do que o Governo sobre as contas públicas para os próximos anos. Nas projeções macroeconómicas divulgadas esta sexta-feira, com a publicação do Boletim Económico de dezembro, a entidade liderada por Mário Centeno prevê um regresso aos défices já em 2025, ano para o qual estima um saldo negativo de 0,1%. A projeção do banco central é inferior ao excedente de 0,3% previsto para 2025. O BdP calcula que a situação deficitária se agrave em 2026 (-1%) e se prolongue até 2027 (-0,9%).
(Notícia atualizada às 18h47)
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