Primeiro-ministro canadiano demite-se
Primeiro-ministro canadiano demitiu-se da liderança do Partido Liberal, esta segunda-feira, mas vai permanecer chefe do Governo até à nomeação de um sucessor.
Justin Trudeau demitiu-se do cargo de primeiro-ministro do Canadá e da liderança do Partido Liberal, cargo que ocupa “com orgulho” há 11 anos, anunciou o próprio em conferência de imprensa, esta segunda-feira, em Ottawa. Em causa estão os fracos resultados do partido nas sondagens e a instabilidade política no Parlamento, numa altura em que o país se prepara para ir a eleições no final de outubro.
“Durante as férias tive tempo para refletir sobre a minha carreira e futuro, e ontem à noite, partilhei com a minha família a decisão que tomei e que hoje anuncio: vou demitir-me como líder do partido e como primeiro-ministro depois do partido escolher um sucessor“, anunciou Trudeau, frisando que o Canadá “merece uma oportunidade” de eleger um novo líder nas próximas eleições e que a sua demissão vai “diminuir o nível de polarização” no país.
Durante a conferência de imprensa, Trudeau explicou que o Parlamento se encontra “num impasse há vários meses” por falta de consenso político e por isso, até que seja indicado um novo chefe de Governo, pediu à Assembleia que suspendesse os trabalhos até ao próximo dia 24 de março.
“Chegou a altura de fazer um reset” e de “baixar a temperatura” na política canadiana, disse, lamentando não ter sido capaz de concluir o mandato. O primeiro-ministro de 53 anos assumiu a liderança do Governo em novembro de 2015 e foi reeleito duas vezes, tornando-se um dos primeiros-ministros com maior longevidade do Canadá.
Porém, os níveis de popularidade do Governo começaram a cair há dois anos, altura em que se registou uma subida galopante da inflação, do custo de vida e da habitação. As sondagens mais recentes colocam o Partido Liberal com 16% das intenções de voto, o valor mais baixo em mais de um século.
Com a popularidade dos liberais em queda, o Partido Conservador foi se tornando na alternativa favorável entre os eleitores, colocando o líder, Pierre Poilievre, como o mais provável a formar Governo, em outubro. Poilievre tem defendido a realização de novas eleições nos últimos meses, tendo chegado a ameaçar apresentar no Parlamento uma moção de censura por considerar que o Executivo de Trudeau estava a “ficar fora de controlo”.
No entanto, Trudeau rejeita as acusações e ainda a noção de que Poilievre seja a alternativa ideal para o país e para os canadianos, argumentando que o Canadá “precisa de uma visão ambiciosa e otimista” sobre o futuro e o líder dos conservadores “não oferece” essa solução.
A instabilidade política no Canadá surge numa altura em que o país enfrenta uma série de desafios, nomeadamente as ameaças provenientes dos Estados Unidos. Donald Trump, que se prepara para tomar posse a 20 de janeiro, ameaça impor taxas alfandegárias de 25% sobre os produtos canadianos caso o país não avance com políticas mais agressivas de proteção das fronteiras que partilha com os EUA.
A demissão de Trudeau chega depois de a sua vice-primeira-ministra e ministra das Finanças, Chrystia Freeland, se ter demitido do cargo, em dezembro, por considerar que o chefe do Governo não estaria a considerar seriamente as ameaças de Trump. “Temos de levar esta ameaça a sério“, disse a ministra, numa carta aberta, questionando se o primeiro-ministro compreendia “a gravidade do momento”.
Notícia atualizada pela última vez às 16h17
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