Amkor e a Vicaima investem 178 milhões. Apoios valem 23 milhões

As duas empresas assinaram contratos de investimento para, respetivamente, criar uma nova unidade industrial na área dos semicondutores e para introduzir tecnologias de produção disruptiva.

A Amkor e a Vicaima vão receber quase 23 milhões de euros do Estado para apoiar um investimento global de 178 milhões de euros, avançou ao ECO fonte oficial do Compete. As duas empresas assinaram contratos de investimento para, respetivamente, criar uma nova unidade industrial na área dos semicondutores e para introduzir tecnologias de produção disruptiva, com forte poupança de energia. O primeiro-ministro, Luís Montenegro, visita esta segunda-feira as instalações da antiga Qimonda, em Vila do Conde.

Os dois projetos candidataram-se ao Regime Contratual de Investimento (RCI) – Inovação Produtiva e receberam luz verde a 30 de dezembro do ano passado, porque as operações se “revestem de interesse especial para a economia nacional pelo seu efeito estruturante para o desenvolvimento, diversificação e internacionalização da economia portuguesa, com um custo total elegível igual ou superior a 25 milhões de euros”, pode ler-se no despacho publicado sexta-feira em Diário da República.

“Na sequência da análise levada a cabo pela Aicep concluiu-se que as referidas operações reúnem as condições necessárias à concessão de incentivos financeiros, o que motivou a aprovação das respetivas propostas negociais integrando, nomeadamente, o incentivo máximo a conceder, taxa e forma de apoio, bem como as condições para a respetiva concessão”, acrescenta o mesmo despacho. Apoios que serão financiados exclusivamente por verbas de “fundos nacionais”, avançou ao ECO fonte oficial do Compete, o organismo que, em conjunto com a Aicep, foi responsável pela organização processual (gestão, acompanhamento e execução).

Assim, a ATEP – Amkor Technology Portugal vai investir 150 milhões de euros na criação de uma nova unidade industrial no setor dos semicondutores. O projeto “Montagem e teste de semicondutores – open foundry” vai “permitir o desenvolvimento de processos produtivos inovadores para as tecnologias de Wafer Level, Substrate Level e Panel Level Fan Out, essenciais na resposta à política europeia e nacional prevista no Chips Act”, explicou a mesma fonte.

Este investimento da Amkor, que há seis anos comprou à Nanium, a empresa que nasceu da falência da Qimonda e era detida pelo Estado (18%, através da AICEP), pelo BCP (41%) e pelo Novobanco (41%), vai receber um incentivo de 18,9 milhões de euros.

Já a Vicaima vai investir cerca de 28 milhões de euros na introdução de tecnologias de produção disruptiva, com uma forte componente de poupança energética. O projeto “Vicaima 4.0 – crescimento económico e financeiro através da tecnologia, digitalização e sustentabilidade”, vai ser apoiado pelo Estado com quatro milhões de euros. Este incentivo visa dotar a unidade de Vale de Cambra de um aparelho produtivo capaz de materializar a inovação de produto e os novos produtos, desenvolvidos no âmbito de projetos de I&D.

A empresa de madeiras e derivados quer “abranger novos mercados e conquistar outros nos quais o seu peso é, ainda incipiente, crescendo em termos de volume de faturação e, mais importante, em termos de valor acrescentado”, explica a mesma fonte do Compete.

Estes dois investimentos exemplificam os 420 milhões de euros que a Aicep contratualizou o ano passado e que correspondem à criação de mais de mil postos de trabalho em seis áreas diferentes de atividade. Por isso, esta segunda-feira, Luís Montenegro, acompanhado do ministro da Economia, Pedro Reis, vai à Amkor, em Vila do Conde, aproveitando a passagem para visitar também a Nelo, a já famosa e olímpica empresa de kayaks.

Montenegro escolheu o investimento como palavra-chave para 2025, defendendo que o novo ano deve ser pautado por mais investimento e que quer construir um país mais competitivo e com mais riqueza. Num artigo de opinião no Jornal de Notícias, no arranque do ano, o primeiro-ministro escreveu: “As palavras-chave são investimento, investimento, investimento. Concretizar o investimento público. Estimular o investimento interno, privado e empresarial. Atrair o investimento externo que procura previsibilidade e segurança”.

Uma ideia que o responsável já tinha defendido em entrevista ao Diário de Notícias, dias antes. “O esforço principal tem de ser o de estimular o investimento e o de atrair investimento direto estrangeiro”, considerando que estas “são duas faces da mesma moeda”. No Orçamento do Estado para 2025, o Ministério das Finanças estima que o investimento acelere ligeiramente este ano, passando de crescimento de 3,2% em 2024 para 3,5% em 2025. Mas há instituições mais otimistas como o Conselho das Finanças Públicas, a OCDE ou o Banco de Portugal.

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