Dos chatbots a robôs humanoides: líderes da Meta, Tesla e Microsoft falam de IA para cativar investidores

Mark Zuckerberg, Elon Musk e Satya Nadella traçaram as suas visões sobre o futuro da inteligência artificial (IA) nas apresentações de resultados trimestrais desta semana. Saiba o que disseram.

Mark Zuckerberg, Elon Musk e Satya Nadella

Chatbots engenheiros e robôs humanoides foram algumas das inovações mencionadas esta quarta-feira nas apresentações de resultados de Meta, Tesla e Microsoft, à medida que a Inteligência Artificial (IA) continua no topo das preocupações dos investidores. Sobretudo nesta semana, em que uma startup chinesa relativamente obscura abalou toda a narrativa sobre os custos elevados da IA que vinha sendo veiculada até aqui.

No começo de uma chamada telefónica com analistas, Mark Zuckerberg, fundador e CEO da Meta Platforms, mostrou-se bastante entusiasmado com as perspetivas para 2025, afirmando que “será um ano realmente em grande” para a IA. O gestor espera que os assistentes inteligentes alcancem este ano, pela primeira vez, mil milhões de pessoas, dizendo-se focado em colocar o Meta AI, o assistente de IA da Meta, na “liderança” desta tendência.

O Meta AI é a alternativa da Meta ao ChatGPT, geralmente visto como o mais avançado do mercado, que foi lançado em novembro de 2022 pela OpenAI e que realiza tarefas a pedido dos utilizadores. Mas, ao contrário do ChatGPT, o Meta AI ainda não está disponível em Portugal.

“O Meta AI já é usado por mais pessoas do que qualquer outro assistente e quando um serviço atinge esse nível de escala, normalmente desenvolve uma vantagem duradoura a longo prazo”, disse Mark Zuckerberg, que este ano promoveu várias mudanças de fundo nas suas plataformas — Facebook, Instagram, Threads e WhatsApp — para as alinhar com as ambições do novo Governo norte-americano, liderado por Donald Trump.

[Estamos a] investir agressivamente em iniciativas que usem estes avanços de IA para aumentar o crescimento das receitas.

Mark Zuckerberg

CEO da Meta Platforms

O CEO e inventor do Facebook disse ainda acreditar que, no futuro, não existirá apenas uma grande plataforma de IA usada por todos, mas sim várias em simultâneo. E mostrou-se esperançoso de que os modelos Llama da Meta, que se diferenciam dos da OpenAI por serem abertos — permitindo que qualquer programador desenvolva as suas próprias aplicações a partir dessa tecnologia — se tornem nos “mais avançados e amplamente usados” em todo o mundo.

Mas numa altura em que os mercados se mostram mais sensíveis aos avultados investimentos necessários para as estratégias de IA destas empresas, Mark Zuckerberg apresentou aos analistas a ideia de desenvolver este ano uma espécie de “engenheiro IA” capaz de programar e de resolver problemas dentro do próprio grupo. “Este será um marco profundo”, disse, ressalvando que “qualquer que seja a empresa que desenvolva isso primeiro” terá “uma vantagem significativa” na corrida global da IA, permitindo ainda gerar novas eficiências na própria companhia.

“Estamos a planear financiar tudo isto e ao mesmo tempo investir agressivamente em iniciativas que usem estes avanços de IA para aumentar o crescimento das receitas. E elaborámos um plano que, espero eu, irá acelerar o ritmo destas iniciativas nos próximos anos. É para aí que vai grande parte do nosso crescimento no número de trabalhadores. E o quão bem executarmos isso também determinará o nosso desempenho financeiro ao longo dos próximos anos”, disse Mark Zuckerberg.

A Meta apresentou um lucro por ação de 8,02 dólares no quarto trimestre, acima dos 6,77 dólares esperados pelos analistas, com a receita a bater também as expectativas, nos 48,39 mil milhões de dólares, contra os 47,04 mil milhões esperados.

Mark Zuckerberg, fundador e CEO da Meta, na tomada de posse de Donald Trump como Presidente dos EUAEPA/SHAWN THEW / POOL

A fabricante automóvel Tesla, que apesar disso é avaliada pelos investidores como uma empresa tecnológica, apresentou igualmente os resultados do quarto trimestre esta quinta-feira, mas o lucro por ação de 73 cêntimos de dólar ficou aquém dos 76 esperados, assim como as receitas, que se cifraram nos 25,71 mil milhões de dólares, contra 27,26 mil milhões antecipados pelos analistas.

Ao apresentar estes resultados esta quarta-feira, Elon Musk, outro homem próximo do novo Presidente dos EUA, também não esqueceu a IA como forma de cativar a atenção dos investidores: “Realizámos investimentos críticos em 2024 em fábricas, IA e robótica que darão imensos frutos no futuro. Imensos. Numa escala que, de facto, é difícil de compreender”, indicou, sem especificar.

Prevendo um futuro “ridiculamente bom” para a Tesla nos próximos dois anos, Elon Musk começou por focar-se na tecnologia da condução totalmente autónoma dos veículos da Tesla: “Muito pouca gente entende o valor da condução automóvel totalmente autónoma e da nossa capacidade de monetizar a frota”, apontou. “As pessoas têm dito, bom, o Elon está sempre a gritar que vem aí o lobo.’ Mas eu digo-vos, há mesmo um maldito lobo desta vez, e vocês vão poder conduzi-lo. Na verdade, ele é que poderá conduzir-vos a vocês. É um lobo totalmente autónomo”, brincou.

O controverso gestor garantiu que esta tecnologia — apelidada Tesla Autonomy — irá continuar a melhorar com o tempo e que, apesar de já “funcionar muito bem nos EUA”, irá, eventualmente, “funcionar igualmente bem em qualquer outro sítio”.

Elon Musk, CEO da TeslaLusa

Enquanto isso, segundo Elon Musk, a Tesla continuará a investir em infraestrutura de treino no Texas, numa altura em que está a desenvolver o Optimus, um “robô humanoide”, que também é conhecido por Tesla Bot.

Lembrando que o nível de complexidade de treinar um robô de fisionomia parecida à de um humano é muito mais complexo do que treinar um carro a conduzir-se a si próprio, o patrão da Tesla questionou: “Quantas funções diferentes existem para um robô humanoide em comparação com um carro? Um robô humanoide tem provavelmente mil vezes mais usos e coisas complexas do que um carro.”

Dito isto, Elon Musk avançou a intenção de produzir 10.000 unidades do Optimus este ano para, logo depois, reconhecer que a meta “provavelmente” não será atingida. “Mas iremos conseguir fabricar alguns milhares? Sim, eu acho que iremos. Irão esses alguns milhares fazer coisas úteis até ao fim deste ano? Sim, eu estou confiante de que eles irão fazer coisas úteis”, rematou o homem mais rico do mundo.

Optimus é um robô humanoide que está a ser desenvolvido pela TeslaTesla

A Microsoft, maior investidor da OpenAI e a segunda empresa mais valiosa do mundo, completa o trio das tecnológicas que apresentaram resultados esta quarta-feira.

A companhia apresentou um lucro por ação de 3,23 dólares relativo ao segundo trimestre do ano fiscal, superando a estimativa de 3,11. As receitas de 69,63 mil milhões de dólares ficaram também acima da estimativa, que apontava para 68,78 mil milhões, mas o crescimento da unidade Azure, que abrange os serviços de computação na cloud, e que beneficia do crescimento da IA, desiludiu os investidores.

Na apresentação dos resultados, Satya Nadella, chairman e CEO da Microsoft, sinalizou que “os negócios estão a começar a migrar de provas de conceito para implementações em toda a empresa para desbloquear o total retorno do investimento em IA”, destacando que o volume de negócios da Microsoft com IA ultrapassou os 13 mil milhões de dólares numa base anual, o que representa um crescimento de 175% face ao período homólogo.

Satya Nadella, chairman e CEO da MicrosoftEPA/GIAN EHRENZELLER

Tratando-se de uma das cotadas que mais tem investido em IA, o CEO tentou tranquilizar os receios dos investidores provocados esta semana pelo surgimento da DeepSeek, a startup chinesa de IA que terá desenvolvido dois modelos próprios com um custo várias ordens de grandeza inferior ao que se achava ser possível. “Nós próprios temos visto ganhos de eficiência significativos no treino e na inferência há já vários anos”, apontou.

O gestor continuou a sua tese: “À medida que a IA se torna mais eficiente e acessível, iremos assistir a um aumento exponencial da procura.” E acrescentou: “Os nossos data centers, redes, bastidores e processadores estão a trabalhar em conjunto enquanto sistema completo para conduzir a novas eficiências que alimentem as necessidades de cloud de hoje e as da próxima geração de IA.”

Os negócios estão a começar a migrar de provas de conceito para implementações em toda a empresa para desbloquear o total retorno do investimento em IA.

Satya Nadella

CEO da Microsoft

Apesar de alguma volatilidade inicial após a apresentação dos resultados, as declarações destes CEO deram algum ânimo às ações esta quarta-feira, após o fecho dos mercados. Mas nem todas mantiveram essa tendência. Já esta quinta-feira, a Meta subia 4,32% após a abertura das bolsas em Wall Street, para 706,58 dólares, enquanto a Tesla somava 2,38%, para 398,36 dólares. Já as ações da Microsoft, pelo contrário, caíam 5,11%, para 419,58 dólares.

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