Cooperativas de laticínios do Pico e Faial admitem dificuldades financeiras
Presidente da Cooperativa Lei Montanha defende que sejam extintas as cooperativas Leite Montanha e a LactoPico.
Os presidentes das cooperativas de laticínios do Pico e do Faial admitiram esta terça-feira a existência de dificuldades financeiras e a necessidade de serem implementados planos de restruturação que permitam manter a produção de queijo nas duas ilhas açorianas.
“Não temos resultados devidamente equilibrados neste período de tempo, embora tenha havido um aumento de receitas, temos encargos elevados do passado, nomeadamente junto da banca”, explicou o presidente da direção da Cooperativa Lei Montanha, da ilha do Pico, Jorge Pereira, ouvido na comissão de Economia da Assembleia Regional, reunida em Angra do Heroísmo.
O empresário lembrou que foi possível duplicar a faturação da fábrica de laticínios da ilha entre 2020 e 2023 (passou de 1,2 para 2,1 milhões de euros), mas existem cerca de oito milhões de euros de dívidas, à banca, a fornecedores e ao Estado, alguns dos quais já avançaram, entretanto, com processos de penhoras.
Jorge Pereira defendeu, por isso, que sejam extintas as cooperativas Leite Montanha e a LactoPico (a antiga cooperativa da ilha) para que a empresa que atualmente gere a fábrica de laticínios do Pico possa continuar a produzir queijo de qualidade.
“O que nós pretendíamos era que fosse feito o que aconteceu nas Flores, ou seja, extinguir as cooperativas e dar condições para esta empresa trabalhar”, insistiu o presidente da Leite Montanha, acrescentando que, para isso, o Governo Regional terá de “acionar uma carta conforto” e assumir o passivo das cooperativas a extinguir.
Já o presidente da Cooperativa Agrícola de Laticínios do Faial (CALF), Helder Costa, também ouvido na comissão de Economia, admitiu que a fábrica não é financeiramente sustentável (apresentou capitais próprios negativos em 2024) e disse que não põe de lado a possibilidade de alienar o negócio. “Já pensámos pôr o negócio à venda. Já pensámos trabalhar em parceria com outras empresas e também lhe posso garantir que isso está ainda em cima da mesa”, revelou o empresário, em declarações aos deputados.
Helder Costa, ouvido na comissão na sequência de um requerimento do deputado da IL Nuno Barata para esclarecimentos sobre “as dívidas do setor cooperativo agrícola” da região, adiantou ainda que a direção da CALF está a trabalhar num plano de reestruturação, a longo prazo (cinco anos), para salvar a produção de queijo e de manteiga na ilha.
Contudo, acrescentou, será necessário durante esse período de um reforço de apoios públicos, para tentar inverter a tendência de resultados negativos. “A partir dos cinco anos, entramos em velocidade de cruzeiro, de retorno do investimento. Até lá, se calhar, precisamos do Governo, até mais do que precisámos até agora”, salientou o empresário faialense.
O responsável indicou ainda que, em sua opinião, a situação decorre da aposta errada, que foi feita no passado, na produção de queijo barra, um produto menos valorizado no mercado, ao invés do queijo prato. De qualquer forma, assegurou, após o processo de reestruturação a CALF poderá pagar melhor aos produtores da ilha.
Os deputados ao parlamento açoriano pretendiam também ouvir o secretário regional da Agricultura e da Alimentação, mas António Ventura informou a comissão de Economia de que não poderia participar por motivos de saúde.
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