Draghi alerta UE: “Não podem dizer não a tudo, façam alguma coisa”

Ex-presidente do BCE pede às instituições que ajam com um grupo político e económica comum, com determinação e rapidez para responder às crises e ameaças, como a guerra ou as tarifas de Trump.

O ex-presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, apelou esta terça-feira às instituições da União Europeia (UE) a que ajam como um grupo político e económica comum, com determinação e rapidez para responder às crises e ameaças, entre as quais a guerra na Ucrânia ou as tarifas dos EUA.

Draghi foi um dos principais oradores na ‘European Parliamentary Week 2025’, onde fez um follow-up ao seu relatório sobre o futuro da competitividade europeia, apresentado em 2024, e garantiu que os comentários e reações que recebeu sobre o documento têm sido cruciais “para a mudança ganhar momentum”.

Na sessão parlamentar, as críticas agudizaram-se: “Dizem ‘não’ à dívida pública. Dizem ‘não’ ao mercado único. Dizem ‘não’ à criação de uma união dos mercados de capitais. Não podem dizer ‘não’ a tudo. Caso contrário têm de admitir que não são capazes de cumprir os valores fundamentais para os quais a UE foi criada. Portanto, quando me perguntam o que é melhor fazer agora… Não faço ideia, mas façam alguma coisa.”

No discurso, perante dos eurodeputados, Draghi disse que ainda é possível reavivar o espírito do Velho Continente, voltar a ganhar capacidade de defender os interesses da Europa e dar esperança aos europeus, mas isso requer um trabalho conjunto. “A resposta deve ser rápida porque o tempo não está do nosso lado”, afirmou.

Desde que o relatório foi publicado, as mudanças que foram feitas estão amplamente alinhadas com a tendência que ali foi delineada, mas o sentido de urgência para empreender as mudanças radicais defendidas pelo relatório tornou-se ainda maior”, explicou o antigo chefe de Governo de Itália.

Em primeiro lugar, falou no ritmo do progresso tecnológico com a adoção da inteligência artificial, que “acelerou rapidamente” e trouxe mudanças que requerem acompanhamento contínuo. Depois, os preços da energia que “continuam muito voláteis”.

As políticas aduaneiras novo inquilino da Casa Branca também mereceram um alerta de Draghi. “O aumento da capacidade industrial nos EUA é uma parte fundamental do plano do governo para garantir que as tarifas não são inflacionistas”, destacou, antes de sinalizar que as políticas da administração norte-americana passam por “atrair europeias a produzir mais” no mercado dos EUA através de “impostos mais baixos, energia mais barata e desregulação”.

Segundo os cálculos apresentados no relatório de Mario Draghi, os Estados-membros da UE devem investir até 800 mil milhões de euros anuais para não ‘perder o comboio’ para as maiores economias do mundo.

“As necessidades de financiamento são enormes: 750-800 mil milhões por ano é uma estimativa conservadora. Para aumentar a capacidade de financiamento, a Comissão propõe uma racionalização dos instrumentos de financiamento da UE, mas não existem planos para novos fundos”, disse.

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