BE quer ouvir ministro da Economia sobre fábrica de baterias de lítio

"É importante discutir esta estratégia do lítio, que passa não só por este apoio a esta empresa chinesa como também pelo apoio à Savannah", disse Mariana Mortágua.

O BE quer ouvir na Assembleia da República o ministro da Economia, Pedro Reis, sobre a estratégia industrial do Governo, nomeadamente investimentos como o da nova fábrica de baterias de lítio em Sines, distrito de Setúbal.

É importante que o ministro da Economia seja chamado à Assembleia da República e que possa, perante o parlamento e o país, justificar os investimentos que estão a ser feitos. O mínimo que se pode exigir ao Governo é que diga ao país qual é a sua estratégia económica e industrial em vez de negar a existência de uma estratégia, enquanto oferece centenas de milhões de euros a uma empresa para produzir baterias de lítio”, justificou Mariana Mortágua, em conferência de imprensa na sede nacional do partido, em Lisboa.

A coordenadora bloquista referia-se ao projeto de construção da fábrica de baterias de lítio para automóveis da chinesa CALB, em Sines, distrito de Setúbal, num investimento aproximado de dois mil milhões de euros e que, segundo a empresa, deverá gerar 1.800 empregos diretos.

Referindo que o executivo português “está disponível a investir nesta fábrica de baterias até 350 milhões de euros”, a deputada defendeu que “ou o Governo tem uma política industrial para o país e toma decisões em nome dessa política industrial e compromete dinheiro público em nome dessa política industrial, ou não tem uma política industrial para o país e deixa o mercado tomar as suas decisões como vai anunciando”.

O que não é possível é termos um Governo que ao mesmo tempo diz que não tem política industrial, diz que não toma grandes decisões económicas, que não se mete em negócios alheios e dá 350 milhões a uma empresa chinesa para produzir baterias de lítio que é uma tecnologia controversa, no mínimo, quanto à sua sustentabilidade futura, o papel que vai ter no futuro e a sua utilidade futura, a disputa que há entre EUA, China e a Europa relativamente a esta tecnologia”, salientou.

Na ótica do BE, todas estas questões são “da maior relevância para o debate nacional”.

“É importante discutir esta estratégia do lítio, que passa não só por este apoio a esta empresa chinesa como também pelo apoio à Savannah, que é uma empresa que está a fazer a exploração de lítio em território português contra a vontade das populações”, lembrou, numa referência à prospeção do lítio em Boticas, distrito de Vila Real.

Interrogada sobre a ameaça do Chega, que no domingo admitiu propor uma comissão de inquérito à empresa Spinumviva, detida pela mulher e filhos do primeiro-ministro, Luís Montenegro – e que esteve no centro do debate da moção de censura ao Governo apresentada pelo mesmo partido –, Mariana Mortágua voltou a acusar o partido liderado por André Ventura de “contaminar o debate público”.

Os bloquistas consideram que o Chega bloqueia a atividade da Assembleia da República, impedindo que se debatam temas “importantes para a vida das pessoas”, como a crise na habitação, e a coordenadora do BE realçou que tal não é por acaso, mas sim a estratégia daquele partido.

Mariana Mortágua afirmou que prefere recentrar o debate político na lei dos solos, que apelidou como “a mãe de todos os conflitos de interesse” e lembrou que o BE já chamou ao parlamento o ministro Adjunto e da Coesão Territorial, Manuel Castro Almeida. A deputada salientou que a recente investigação da RTP apontou que, quando era autarca, Castro Almeida “fez ajustes diretos com uma empresa de quem era sócio”, o mesmo, “agora, a quem vende a empresa imobiliária”.

“Quanto ao primeiro-ministro, penso que subsistem algumas perguntas, depois da explicação que deu, e para o bem do país, era importante que a esclarecesse e que pudesse responder a elas, para nós podermos discutir política, se faz favor”, apelou.

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