Maior cadeia de ‘fast food’ do mundo arrasa em bolsa (e não é a que está a pensar)

Chinesa Mixue Bingcheng subiu mais de 40% na sua primeira sessão em bolsa. Gigante do "bubble tea" tem mais lojas que a Starbucks ou a McDonalds.

É uma marca praticamente desconhecida no ocidente, mas a chinesa Mixue Bingcheng é o maior gigante mundial do fast food, em termos de número de lojas. Depois de avanços e recuos, entrou esta segunda-feira em bolsa, no mercado de Hong Kong, e encerrou essa primeira sessão com uma valorização de 44% face ao preço de venda no IPO. Esta foi a maior operação dessa bolsa asiática de 2025 e ficaria na quinta posição se considerarmos os 12 meses anteriores completos. Mas, afinal, o que faz esta empresa e quais as razões para o seu sucesso?

Nasceu em 1997 pelas mãos de Zhang Hongchao, na altura um estudante de Finanças e Economia na Universidade de Henan que, perante as dificuldades financeiras da família, entrou no negócio de venda de doces e bebidas frescas numa banca, na rua. Esses primeiros anos foram marcados por falhanços, dada a grande concorrência nesse segmento mais básico, o que levou o fundador a mudar várias vezes de modelo de negócio e de localização.

Tudo mudou quando, em 2005, Zhang Hongchao abriu um restaurante e, num pequeno canto do estabelecimento, passou a vender cones de gelado a um yuan. Esse modelo low-cost foi um sucesso e o empresário esqueceu o restaurante e rapidamente abriu vários estabelecimentos de venda de gelados, sempre assente em baixo preço.

A seguir aos gelados veio o chá e sobretudo o bubble tea, um tipo de bebida que conquistou sobretudo as camadas mais jovens da população, enquanto os baixos preços garantiram a popularidade junto de trabalhadores com poucos meios económicos.

Hoje em dia, a Mixue também vende snacks e pequenas refeições, sempre com preços muito baixos, mas é sobretudo conhecida pelas ofertas de bubble tea, ou chá de bolhas, produto que também vai ganhando popularidade noutros países como Portugal, no qual já existem vários estabelecimentos.

Dessas primeiras 20 lojas, o boneco de neve da Mixue expandiu-se até às mais de 45 mil lojas atuais, a esmagadora maioria delas em regime de franchise. Há já lojas da cadeia noutros países asiáticos, como a Tailândia ou Singapura, mas o plano é acelerar agora a expansão internacional.

Nos documentos preparatórios para o IPO, as contas e a estratégia da empresa ficaram mais claras. Nas contas, a Mixue fechou os primeiros nove meses do ano com um lucro equivalente a 450 milhões de euros, com as receitas a subirem mais de 20%.

Por outro lado, no modelo de negócio, a Mixue não ganha assim tanto com as comissões pagas pelos franchisados para usar a marca, mas o grande negócio é vender-lhes as matérias-primas e embalagens, que são centralizadas na casa-mãe.

Segundo os analistas, este modelo protege mais a empresa, no longo prazo, num mercado do bubble tea que é altamente concorrencial na China, com margens esmagadas. Há estimativas que apontam para que este setor possa valer mais de 60 mil milhões de euros nos próximos dois anos, só na China.

Após o IPO, e segundo o Bloomberg Bililonaire Index, Zhang Hongchao e o seu irmão mais novo Zhang Hongfu (que é o atual CEO), a fortuna dos irmãos está avaliada em cerca de 7,7 mil milhões de euros.

Esta grande prestação no dia de estreia contrasta com o que aconteceu com outras empresas do mesmo setor, que acabaram por ceder terreno logo na primeira sessão.

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