Estudos sugerem que as parcerias público-privadas são fundamentais para aliviar a pressão sobre o sistema de saúde pública no Reino Unido e em Espanha
Os defensores deste modelo assinalam que a rede hospitalar de gestão mista permite uma melhor coordenação entre os centros de saúde, agilizando o encaminhamento dos doentes.
A saturação dos cuidados de saúde públicos fez com que os hospitais privados se tornassem um ator-chave na redução das listas de espera em países como o Reino Unido e Espanha. De acordo com um relatório da Bloomberg, o Serviço Nacional de Saúde britânico (NHS) aumentou a sua colaboração com os cuidados de saúde privados para acelerar os procedimentos e reduzir os tempos de espera, uma estratégia que tem sido implementada com sucesso em Espanha há anos, especialmente em comunidades como Madrid, onde a gestão mista reduziu significativamente os tempos de espera cirúrgicos.
No Reino Unido, o sistema público de saúde enfrenta uma crise sem precedentes: mais de 7 milhões de pessoas estão em listas de espera para receber cuidados médicos no NHS, o que levou o governo a atribuir quase 3,5 mil milhões de libras (cerca de 4 mil milhões de euros) para financiar intervenções em hospitais privados. Só no ano passado, mais de um milhão de doentes foram tratados nestes centros.
Em Espanha, o problema das listas de espera é também uma preocupação crescente. De acordo com os últimos dados do Ministério da Saúde (dezembro de 2023), há mais de 800.000 doentes à espera de serem operados no sistema público, com um tempo médio de espera de 128 dias. A especialidade com maior atraso é a cirurgia do trauma, com um tempo médio de espera superior a 140 dias, enquanto a oftalmologia e a cirurgia geral registam também atrasos significativos.
As diferenças entre as comunidades autónomas são igualmente notáveis. Madrid, com um tempo médio de espera cirúrgica de 50 dias, é a região com melhores dados em Espanha, enquanto outras regiões como a Catalunha, Castela-La Mancha e Extremadura apresentam tempos médios de espera superiores a 150 dias. Estas desigualdades refletem diferenças na gestão dos recursos de saúde e na aplicação de modelos de colaboração público-privada.
A Comunidade de Madrid alcançou os melhores tempos de espera em Espanha com um modelo de gestão misto, em que os hospitais públicos, mas geridos ao abrigo de um modelo de parceria público-privada, desempenharam um papel na redução das listas de espera e na garantia de um tratamento mais rápido dos doentes. Hospitais como a Fundación Jiménez Díaz, Rey Juan Carlos (Móstoles), Infanta Elena (Valdemoro) ou Villalba, que fazem parte do Serviço de Saúde de Madrid (Sermas), permitiram aliviar a pressão da assistência, garantindo um acesso mais rápido aos cuidados médicos.
Os defensores deste modelo assinalam que a rede hospitalar de gestão mista permite uma melhor coordenação entre os centros de saúde, agilizando o encaminhamento dos doentes e reduzindo o congestionamento dos grandes hospitais públicos, além de dotar os hospitais de um modelo organizacional mais ágil, com menos burocracia e maior capacidade de adaptação à procura de cuidados.
Defendem ainda que a incorporação de ferramentas de digitalização e telemedicina facilitou a gestão de consultas, a realização de consultas não presenciais e a otimização dos tempos de bloco operatório, e que estes hospitais se revelaram muito ágeis, reduzindo a taxa de encaminhamento para outros centros e atendendo os doentes mais rapidamente do que os hospitais tradicionais.
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Estudos sugerem que as parcerias público-privadas são fundamentais para aliviar a pressão sobre o sistema de saúde pública no Reino Unido e em Espanha
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