Empresas com atividade na área da Defesa aumentou para 380, avança presidente da IdD
Há algumas empresas em Portugal que se dedicam em exclusivo à Defesa mas "são poucas", diz Ricardo Pinheiro Alves. A maioria fabrica produtos com duplo uso: civil e militar.
O universo de empresas portuguesas com atividade na área da Defesa aumentou para 380, de acordo com o presidente da IdD Portugal Defence, que salientou que o contexto internacional “convida” este tipo de entidades a investir mais no setor.
“Há claramente um ambiente que leva, convida, as empresas a olharem para a Defesa, mesmo empresas que, habitualmente, não atuam muito nesta área, isso sem dúvida”, considerou o presidente do conselho de administração da IdD Portugal Defence, a holding estatal que gere as participações públicas nas empresas do setor da Defesa.
Em declarações à Lusa, Ricardo Pinheiro Alves avançou que atualmente são 380 as empresas identificadas com atividade na área da Defesa, registando-se um aumento face ao último valor divulgado, em 2022, de 363.
O presidente da IdD fez um balanço “bastante positivo” da missão empresarial que a IdD organizou à Turquia, na semana passada, com o apoio da Embaixada de Portugal em Ancara, da AICEP – Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal e do Gabinete do Adido de Defesa em Ancara, na qual participaram mais de uma dezena de empresas portuguesas, mais do que num primeiro encontro semelhante realizado há três anos, em Lisboa.
Ricardo Pinheiro Alves salientou que existe a “perspetiva, não só em Portugal, como nos restantes países da NATO”, de haver mais investimento na área da Defesa, “e, portanto, as empresas estão atentas a essa realidade e mostram mais interesse”. O responsável realçou que há algumas empresas em Portugal que se dedicam em exclusivo à Defesa mas “são poucas”, uma vez que “a grande maioria” vê na Defesa uma forma de alargar o seu volume de negócios, fabricando produtos com duplo uso: civil e militar.
Exemplo disso são empresas do setor têxtil, que podem passar a produzir fardamento útil em contexto militar, empresas de drones, que “muitas vezes foram desenvolvidos para fins civis e hoje em dia começam a ter uma aplicação militar”, ou empresas de metalomecânica que estão a trabalhar mais com a Defesa.
Ricardo Pinheiro Alves salientou que o setor dos drones é “muito importante” para Portugal, sendo uma área na qual o país pode “trocar conhecimento” com a Turquia. Na semana passada, Portugal e França declararam a intenção de estudar um programa de aquisição conjunta de drones, incluindo de origem portuguesa.
Sobre a visita empresarial à Turquia, o responsável realçou que “a indústria portuguesa é, de certa forma, complementar à indústria turca”.
“Hoje em dia os turcos produzem quase tudo, ou tentam produzir quase tudo, do início ao fim. Produzem plataformas navais, plataformas aéreas e plataformas terrestres. Aqui, plataforma é o termo que é usado normalmente para os aviões, para os navios e para os blindados. Portugal produz várias componentes e várias partes dessa plataforma, principalmente a nível de sistemas que têm maior valor acrescentado. Temos uma grande especialização nesse desenvolvimento de software e em serviços como serviços de engenharia, que podem ser integrados nessas plataformas”, destacou.
Desta missão internacional, na qual foram organizadas mais de 110 reuniões entre as indústrias de defesa portuguesa e turca e realizadas visitas a quatro das principais empresas desta indústria turca, não resultaram ainda contratos assinados uma vez que “os ciclos de negócio normalmente são longos”, e os contactos entre empresas vão agora continuar.
Em julho, a IdD já planeia promover um outro encontro, desta vez com empresas italianas. Em dezembro do ano passado, a Marinha Portuguesa e os estaleiros turcos STM assinaram um contrato para a aquisição de dois novos navios reabastecedores, que deverão chegar a Portugal em 2028.
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