Rússia exige inclusão de potências nucleares europeias em negociações com EUA
Posição de Moscovo surge em reação às declarações do Presidente francês, Emmanuel Macron, sobre a possibilidade de alargar o "guarda-chuva nuclear" aos aliados europeus.
A Rússia exigiu esta sexta-feira que as potências nucleares europeias, França e Reino Unido, sejam incluídas nas negociações de desarmamento estratégico com os Estados Unidos.
“É impossível excluir os arsenais europeus do diálogo” sobre o desarmamento entre a Rússia e os Estados Unidos, disse o porta-voz do Kremlin (presidência), Dmitri Peskov, citado pela agência espanhola EFE.
Peskov disse que a questão é de particular importância na sequência das recentes declarações do Presidente francês, Emmanuel Macron, sobre a possibilidade de alargar o “guarda-chuva nuclear” aos aliados europeus.
Quanto ao diálogo estratégico de segurança entre Moscovo e Washington, afirmou que é necessário no interesse de ambos os países e da segurança global. “É uma questão que está na ordem do dia”, disse Peskov.
“Acreditamos que o diálogo entre a Rússia e os Estados Unidos sobre o controlo de armas é necessário, especialmente em termos de estabilidade estratégica”, insistiu em resposta ao Presidente norte-americano, Donald Trump, que voltou ao assunto na quinta-feira.
Trump afirmou que “seria ótimo se todos se livrassem das armas nucleares”, numa mensagem dirigida sobretudo à Rússia e à China.
Há algumas semanas, Trump propôs a Moscovo e a Pequim conversações sobre a desnuclearização, uma proposta que foi apoiada pelo líder russo, Vladimir Putin.
Em resposta, a China considerou que são os Estados Unidos e a Rússia que devem assumir a liderança no desarmamento nuclear por serem os países que possuem os maiores arsenais.
Cooperação entre UE e parceiros da NATO é “vital para segurança internacional”
Entretanto, o presidente do Conselho Europeu, António Costa, considerou “vital para a segurança internacional” a cooperação com os parceiros na NATO, após uma reunião por videoconferência com cinco líderes de países aliados.
“A nossa cooperação com parceiros da NATO que partilham as mesmas ideias é vital para a segurança internacional. Para a Ucrânia. Para intensificar os nossos esforços conjuntos em matéria de defesa”, divulgou Costa nas redes sociais, no final da reunião virtual em que também participaram a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, o Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, e os primeiros-ministros do Canadá, Justin Trudeau, da Islândia, Kristrún Frostadóttir, da Noruega, Jonas Gahr Store, e do Reino Unido, Keir Starmer.
“Juntamente com os nossos parceiros na Europa, no Atlântico e não só, temos de trabalhar para apoiar a Ucrânia e garantir uma paz justa e duradoura”, salientou ainda António Costa.
Fonte europeia adiantou que Costa descreveu as conclusões da cimeira extraordinária relativamente à Ucrânia, enquanto von der Leyen se centrou nos pontos relacionados com a defesa.
Os países terceiros participantes, segundo a mesma fonte, acolheram esta iniciativa, salientando a importância de uma estreita coordenação entre os parceiros, mostrando determinação em contribuir para os esforços conjuntos de apoio à Ucrânia, bem como em intensificar a cooperação no domínio da defesa, tendo ainda salientado “a importância da NATO e a necessidade de uma estreita complementaridade de todos os esforços”.
O objetivo da reunião foi de informar os cinco parceiros da NATO “dos resultados da reunião extraordinária do Conselho da UE”, de quinta-feira, e ainda do encontro com o líder ucraniano, Volodymyr Zelensky, que almoçou com os homólogos da UE.
Os líderes UE concordaram, na cimeira extraordinária, com a rápida mobilização do financiamento necessário para reforçar a segurança do bloco comunitário e na manutenção da ajuda à Ucrânia, perante o afastamento dos Estados Unidos.
A reunião teve lugar após a apresentação, por von der Leyen, do plano de 800 mil milhões de euros para investimento na defesa europeia.
Desde o início da guerra da Ucrânia, iniciada em fevereiro de 2022, a UE e os seus Estados-membros disponibilizaram quase 135 mil milhões de euros em apoio à Ucrânia, incluindo 48,7 mil milhões de euros para apoiar as forças armadas ucranianas, tendo ainda avançado com 16 pacotes de sanções contra a Rússia.
Entre 2021 e 2024, a despesa total dos Estados-membros com a defesa aumentou mais de 30%, ascendendo a um montante estimado de 326 mil milhões de euros, o equivalente a cerca de 1,9% do PIB da UE.
Assine o ECO Premium
No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.
De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.
Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.
Comentários ({{ total }})
Rússia exige inclusão de potências nucleares europeias em negociações com EUA
{{ noCommentsLabel }}