Dividendos: Seis empresas do PSI pagam acima de 5%
As cotadas da bolsa portuguesa vão aumentar os dividendos pagos aos acionistas. Remuneração média é de 4,87%, com a Nos a apresentar a maior rentabilidade, com um dividend yield de quase 10%.
As cotadas da bolsa portuguesa vão voltar a aumentar a sua remuneração acionista. Apesar dos resultados terem recuado para 4,22 mil milhões de euros em 2024, depois de terem superado a fasquia dos cinco mil milhões um ano antes, o valor distribuído em dividendos vai subir para um novo recorde. Perto de metade das empresas que já anunciou a sua política acionista apresenta uma taxa de rentabilidade acima de 5%
As empresas do índice de referência PSI anunciaram que vão propor o pagamento de 2,9 mil milhões de euros em dividendos, relativos ao exercício de 2024, segundo os valores divulgados pelas empresas na apresentação de resultados anuais e de acordo com os cálculos do ECO. Trata-se de um novo máximo, com as empresas a manterem a tendência de crescimento da remuneração registada desde 2021, depois de dois anos em que as empresas reduziram os dividendos devido à pandemia da covid-19.
Contas feitas, as cotadas da bolsa vão entregar 68,4% dos lucros de 2024 aos acionistas sob a forma de dividendos. Os valores não incluem a Ibersol, a única do PSI que ainda não apresentou as contas do ano passado, e a Altri, que não adiantou se vai propor em assembleia-geral o pagamento de dividendo.
Entre as cotadas do PSI, várias cotadas destacam-se por poderem oferecer dividend yields acima de 5%, revelando políticas de remuneração acionista atrativas.
A rendibilidade média dos dividendos destas 13 companhias que já anunciaram o valor que pretendem pagar aos acionistas é de 4,87% (ilíquido de impostos), num ranking que é liderado pela Nos, com uma taxa próxima dos 10%.
“Entre as cotadas do PSI, várias cotadas destacam-se por poderem oferecer dividend yields acima de 5%, revelando políticas de remuneração acionista atrativas”, explica João Queiroz, head of trading do Banco Carregosa.
O analista realça que a Nos distribui perto de 100% dos seus lucros, “enquanto a Navigator e a REN distribuem entre 50% e 100% dos lucros. BCP, CTT, Navigator e Sonae combinam esses dividendos elevados com earning yields superiores a 10%. Também a Mota-Engil surge com um dividend yield acima dos 5%, reforçando o grupo de empresas com maior atratividade neste domínio”, sintetiza.
A operadora de telecomunicações, que apresentou “os melhores resultados de sempre”, tendo lucrado 273,1 milhões de euros, um crescimento superior a 50%, se contabilizados os efeitos “não recorrentes”, propôs pagar 40 cêntimos em dividendos: um dividendo ordinário de 35 cêntimos e um dividendo extraordinário de 5 cêntimos por ação. À semelhança do ano passado, a Nos apresenta o retorno de dividendo mais elevado da bolsa, com uma taxa de 9,29%, tendo por base a cotação da empresa na última sexta-feira. Considerando a cotação da empresa no final de 2024 (3,33 euros), o dividend yield é de 10,51%.
Na lista dos dividendos mais rentáveis segue-se a Navigator. A papeleira controlada pela Semapa propôs um dividendo de 24,606 cêntimos, uma remuneração 17% superior aos 21,091 cêntimos pagos relativamente ao exercício de 2023. Este dividendo apresenta uma rentabilidade de 7,57% face ao preço atual da ação. A empresa, que fechou o último ano com um lucro de 287 milhões de euros, vai distribuir 175 milhões pelos acionistas, o que equivale a um “payout” de 61%.
A EDP oferece a taxa de rentabilidade de 6,45%, a terceira mais elevada da bolsa. A elétrica, que viu os lucros baixarem para 801 milhões de euros, arrastados pelos prejuízos superiores a 550 milhões da EDP renováveis, subiu o dividendo para 20 cêntimos por ação.
REN e Sonae surgem com dividend yields de 5,8%, reforçando a sua posição na lista das empresas mais amigas dos investidores, com ambas a melhorarem os seus dividendos.
O BCP, que ascendeu no ano passado a uma das cotadas com maiores lucros da bolsa (906,4 milhões de euros), vai pagar um dividendo de cerca de três cêntimos por ação, uma remuneração que implica uma taxa de retorno de 5,47%. Além da distribuição de um dividendo em dinheiro, o banco vai ainda avançar, em breve, com um plano de recompra de ações no valor de 200 milhões de euros.
A Galp Energia é outra das cotadas do PSI que tem em curso um programa de compra de ações da própria empresa. Pretende investir até 250 milhões de euros.
Também os CTT lançaram, no ano passado, um programa de recompra de ações no valor de 25 milhões, propondo-se comprar até 8,5 milhões de ações da empresa de correios, representativas de 6,14% do capital. O plano ainda está a decorrer.
“Estes programas são uma maneira alternativa de a empresa remunerar os acionistas, já que a recompra de ações tende a ser positiva para o preço das ações. Desta forma, a yield gerada pela recompra das ações tende a ser semelhante à distribuição de dividendos, mas tem vantagem de não pagar impostos”, explica Henrique Tomé. O analista da XTB acrescenta que “esta é também uma estratégia utilizada pelas empresas para captar o interesse dos investidores, principalmente em momentos em que a conjuntura económica apresenta valores mais elevados de incerteza”.
João Queiroz realça que, “embora os dados específicos sobre programas de recompra de ações em Portugal sejam limitados, é possível observar uma tendência global de aumento destes programas como o exemplo de oportunidade de investimento em que a recompra de ações pode indicar que a empresa considera as suas ações subvalorizadas, oferecendo potencial de valorização para os investidores”.
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