Pedro Nuno mantém pressão na Spinumviva. “Como é que Montenegro ainda é candidato a primeiro-ministro?”
Secretário-geral do PS refere que líder da AD "quis dificultar ao máximo a apresentação do nome dos seus clientes", que diz ser "a única forma de se fazer o escrutino dos conflitos de interesse".
O secretário-geral do PS denunciou esta sexta-feira que Luís Montenegro “não queria mesmo revelar todos os nomes dos seus clientes e atrasou ao máximo a obrigação declarativa para que não fossem conhecidos até à data das eleições”.
“Montenegro tem evitado cumprir as suas obrigações declarativas. Quis dificultar ao máximo a apresentação do nome dos seus clientes. O que ele não entende é que a única forma de se fazer o escrutino dos conflitos de interesse é conhecer os clientes com quem teve uma relação profissional”, referiu Pedro Nuno Santos.
Para o líder do PS, que falava esta manhã à margem de uma ação de pré-campanha eleitoral em Torres Vedras, “a questão é como é que Luís Montenegro ainda é candidato a primeiro-ministro de Portugal”.
Em declarações aos jornalistas, Pedro Nuno Santos dirigiu-se diretamente a quem votou na Aliança Democrática (AD) nas eleições legislativas do ano passado e que agora “está envergonhado” com essa opção, prometendo-lhes que “podem confiar no PS, [que] é uma mudança segura” e “tem quadros competentes e com experiência”.
Já questionado sobre a sugestão do social-democrata Hugo Carneiro para que a PJ verifique os telefones dos deputados que integram o Grupo de Trabalho do Registo de Interesses no Parlamento, com o intuito de apurar a fuga de informação relativa à nova declaração, entregue na véspera do debate televisivo, no caso Spinumviva, o líder socialista falou no “risco de ter à frente dos destinos do país um partido que não tem respeito pela liberdade de imprensa”.
“É preocupante e grave que dirigentes do PSD estejam a tentar atacar o trabalho da comunicação social e dos jornalistas. Já não é a primeira vez que fazem declarações que não são abonatórias para a liberdade de imprensa. Ontem ultrapassaram-se todos os limites do aceitável”, referiu apenas o secretário-geral do PS.
O Sindicato dos Jornalistas (SJ) também já condenou as declarações do deputado social-democrata Hugo Carneiro, considerando que “é uma tentativa clara de pressão que ameaça a liberdade de imprensa“. O sindicato argumenta que a legislação prevê que “sem prejuízo do disposto na lei processual penal, os jornalistas não são obrigados a revelar as suas fontes de informação, não sendo o seu silêncio passível de qualquer sanção, directa ou indirecta”.
“O que está sobre sigilo são as fontes de jornalistas ao cobrir temas de inegável interesse público”, condena.
O deputado socialista Pedro Delgado Alves assumiu numa reunião no Parlamento ter acedido a informação que o primeiro-ministro e líder do PSD enviou à Entidade para a Transparência e que partilhou essa informação com Fabian Figueiredo, do Bloco de Esquerda.
Pela voz de Marcos Perestrelo, o PS rejeitou responsabilidades na divulgação da nova lista de clientes atualizada da empresa fundada pelo primeiro-ministro, isto depois de Delgado Alves ter admitido que a consultou. “O deputado já disse que não divulgou. Consultou”, salientou, acrescentando que o partido “apenas pode dizer que não divulgou”.
Vários dos clientes da Spinumviva que foram relevados esta semana têm uma longa relação com o Estado português, tendo faturado mais de 100 milhões de euros desde que Montenegro chegou a primeiro-ministro. Em reação, o chefe do Executivo já assegurou que esses contratos nunca dependeram de si e deixou claro que “não admite a insinuação” de que tenha havido interferência.
(Notícia atualizada às 10h30)
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