Fed mantém taxas de juro inalteradas e Powell diz que “não tem pressa”

Imune, por enquanto, à pressão de Donald Trump, o banco central dos EUA manteve o custo do dólar no intervalo 4,25%-4,50%. Alertou, contudo, que a incerteza sobre a economia aumentou "ainda mais".

A Reserva Federal norte-americana (Fed) manteve inalteradas as taxas de juro pela terceira reunião seguida, anunciou o banco central liderado por Jerome Powell, esta quarta-feira, alertando contudo que a incerteza sobre as perspetivas económicas aumentou ainda mais.

A decisão dos membros do Federal Open Market Committee (FOMC, comité de política monetária) de manter as Federal Funds Rates no intervalo entre 4,25% e 4,50% era amplamente esperada pelos analistas e prolonga uma pausa iniciada em janeiro, após cortes num total de 100 pontos base (pb) na reta final de 2024.

“Embora as oscilações nas exportações líquidas tenham afetado os dados, os indicadores recentes sugerem que a atividade económica continuou a expandir-se a um ritmo sólido”, afirmou o FOMC, em comunicado. “A taxa de desemprego estabilizou num nível baixo nos últimos meses, e as condições do mercado de trabalho permanecem sólidas”, sublinhou, adiantando que a inflação “mantém-se algo elevada”.

Após a reunião de março, o FOMC alertara que a incerteza quanto às perspetivas económicas aumentara, mas esta quarta-feira avisou que “aumentou ainda mais”. A decisão desta quarta-feira foi unânime, informou a Fed.

Investidores apostam em corte em julho

Numa reação imediata ao anúncio da Fed, os investidores mantiveram as apostas de que o banco central deverá esperar até julho para reduzir as taxas de juro.

Os contratos de futuros ligados à taxa diretora reduziram as perdas anteriores após o anúncio, e colocam agora a probabilidade de um corte de um quarto de ponto nas taxas em junho a um nível ligeiramente superior ao anterior de 30%, contra cerca de 27% anteriormente. Uma redução da taxa até julho, com base nos preços dos futuros, tem uma probabilidade de cerca de 75%.

Na conferência de imprensa após o anúncio, Powell manteve, no entanto, uma postura cautelosa.

Alertou que os inquéritos às famílias e às empresas revelam um declínio acentuado do sentimento e uma elevada incerteza quanto às perspetivas económicas, refletindo em grande medida as preocupações com a política comercial, mas sublinhou que, entretanto, todas estas políticas estão ainda a evoluir e os seus efeitos na economia permanecem altamente incertos.

“À medida que as condições económicas evoluem, continuaremos a determinar a orientação adequada da política monetária com base nos dados que nos chegam, nas perspetivas e no equilíbrio dos riscos”, referiu.

Os efeitos sobre a inflação poderão ser de curta duração, refletindo uma alteração pontual do nível de preços, referiu o presidente da Fed. “É igualmente possível que os efeitos inflacionistas sejam mais persistentes e evitar esse resultado dependerá da dimensão dos efeitos das tarifas, do tempo necessário para que se repercutam plenamente nos preços e, em última análise, da manutenção das expectativas de inflação a longo prazo”.

“Esperar e ver”

O mote do FOMC neste momento é, portanto, de cautela. “Estamos bem posicionados para esperar por uma maior clareza antes de considerar quaisquer ajustes na nossa orientação de política [monetária], pensamos que estamos numa boa posição para esperar e ver e não achamos que precisamos de ter pressa”, referiu.

Powell recordou que a administração [Trump] está a entrar em negociações com muitos países sobre tarifas. “A cada semana e a cada mês que passa, saberemos mais sobre o destino das tarifas e saberemos quais serão os efeitos quando começarmos a ver as coisas acontecerem”.

Não posso dizer quanto tempo vai demorar [um corte nas taxas de juro] mas, para já, parece-me que é uma decisão bastante clara para nós esperar, ver e observar, reiterou.

(Notícia atualizada às 20h18)

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