Petróleo, ações e dólar disparam com acordo de “tréguas” de China e EUA
O acordo entre as duas maiores economias do mundo para congelar as tarifas recíprocas por 90 dias faz os mercados sorrir e o ouro perder brilho, mas a sombra da guerra comercial não desapareceu.

Os mercados financeiros mundiais negoceiam atualmente em alta após os EUA e a China terem anunciado um acordo para reduzirem drasticamente as tarifas comerciais recíprocas por um período de três meses, enquanto as negociações continuam. Segundo Scott Bessent, Secretário do Tesouro dos EUA, as duas partes concordaram com “uma pausa de 90 dias e uma redução substancial dos níveis das tarifas” com ambos os países a reduzirem as taxas aduaneiras recíprocas em 115 pontos percentuais.
A notícia do acordo, alcançado após intensas negociações em Genebra durante o fim de semana, está a impulsionar a maioria das bolsas europeias e leva os futuros dos principais índices norte-americanas a dispararem significativamente antes da abertura de Wall Street, por ficar acima das expectativas da maioria dos investidores.
“Este é um resultado melhor do que o esperado. Pensei que as tarifas seriam reduzidas para algo em torno de 50%”, afirmou Zhiwei Zhang, economista-chefe da Pinpoint Asset Management em Hong Kong.
Na sequência do anúncio, os futuros do S&P 500 estão a subir quase 4%, enquanto os futuros do Dow Jones Industrial Average negoceiam com uma subida acima dos 900 pontos, representando um ganho de 2,2%, e o tecnológico Nasdaq prepara-se para abrir a valorizar 3,8%, refletindo o alívio dos investidores face à redução das tensões comerciais entre as duas maiores economias do mundo.
O impacto positivo estendeu-se aos mercados asiáticos, com o índice Hang Seng de Hong Kong a valorizar 3% e o Hang Seng Tech a fechar com um ganho de 5,2%. Na Europa, o índice pan-europeu Stoxx 600 está a valorizar 1,1% e praticamente todos os principais índices europeus negoceiam no verde — a única exceção é o belga BEL20, que está a cair 0,2%.
Destaque para o neerlandês AEX, que acumula atualmente ganhos de 1,84%, e ainda para o italiano FTSE MIB, que está a valorizar 1,67% — o português PSI regista atualmente uma subida de 0,4%, estando a negociar acima dos 7.010 pontos.
Há um resfriamento das tensões entre a China e os EUA (e isso está a levar) a um voto claro do mercado a favor de ativos de maior risco”.
Além das ações, os efeitos do acordo entre os EUA e a China estão também a fazer-se sentir no mercado cambial, com o dólar norte-americano a registar uma forte valorização face às principais moedas mundiais, com o índice do dólar a subir 1,31% para 101,63 pontos, alcançando o valor mais elevado em um mês.
Num movimento contrário está o euro, que acumula uma desvalorização de 1,4% contra a moeda norte-americana, e sobretudo o iene, que regista uma queda de quase 2% contra o dólar. Também em queda está o ouro, visto tradicionalmente como um ativo de refúgio em períodos de incerteza, com a cotação da onça a cair 3,3% nos mercados internacionais para 3.214 dólares, atingindo o seu nível mais baixo em um mês, refletindo a mudança do apetite dos investidores por ativos de maior risco.
No mercado de obrigações, as yields das obrigações do Tesouro dos EUA (Treasuries) a 10 anos estão a subir 11,7 pontos base para 4,449%, à medida que os preços seguem um movimento contrário, refletindo também a migração de capital dos ativos de refúgio para investimentos de maior risco.
“Há um resfriamento das tensões entre a China e os EUA” e isso está a levar “a um voto claro do mercado a favor de ativos de maior risco”, afirmou Kenneth Broux, estratega sénior de câmbios e taxas de juro da Société Générale, citado pela Reuters, sublinhando ainda que “é um passo na direção certa e positivo para os ativos dos EUA e para a economia americana”.
A subir está também um conjunto de matérias-primas como o petróleo, com os preços do barril Brent para entrega em julho a subir 2,9% para 65,75 dólares, enquanto os futuros do West Texas Intermediate (WTI) americano avançam mais de 3% para 62,9 dólares.
A acompanhar de perto este movimento do ouro negro estão as ações das grandes petrolíferas, como a francesa Total e a britânica Shell, que acumulam atualmente ganhos de 2,7% e 2,5%, respetivamente, mas também da portuguesa Galp, com os títulos da petrolífera nacional a valorizar quase 3% para os 14,3 euros.
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