Fundo de pensões dos professores do Canadá compra olival no Ribatejo à Trilho Saloio
Liderada por Rita Barosa e detida a 100% pelo fundo OTPP, que controla a Logoplaste, Aggraria fica com a exploração com 180 hectares de olival em Santarém. Trilho Saloio passa apenas a produzir nozes.
A Aggraria comprou uma exploração com cerca de 180 hectares de olival localizado em Alcanhões, no concelho de Santarém. O negócio, cujo valor não foi divulgado, foi fechado com a Trilho Saloio, que com a venda desta propriedade no Ribatejo ficará apenas dedicada à produção de nozes na região centro do país.
Detida a 100% pelo fundo de pensões canadiano OTPP (Ontario Teachers’ Pension Plan Board), acionista de referência da Logoplaste, a empresa fez o primeiro investimento em 2003. Processa as azeitonas num lagar com capacidade de transformar 90 milhões de quilos por campanha, em Ferreira do Alentejo, descreve esta aquisição como um “caminho de crescimento natural da empresa”.
“É o primeiro investimento numa região com muita tradição na produção de azeite. Continuamos focados em crescer no olival, onde atualmente temos cerca de 7.000 hectares de área sob gestão”, sublinha Rita Barosa, CEO da Aggraria, que controla explorações de olival em regime de propriedade ou arrendamento a longo prazo.
A propriedade ribatejana, comprada agora por esta que se apresenta como uma das maiores empresas de olival a nível mundial, estava nas mãos da Trilho Saloio, liderada por João Sanches, que fala nesta transação como uma “redefinição estratégica”. A empresa que detém uma participação na Gonuts (lavagem, secagem, calibragem e embalagem) vai concentrar-se a partir de agora na produção de nozes para abastecer o mercado ibérico.
Citado em comunicado, o CEO da Trilho Saloio salienta que este setor das nozes está “em franca recuperação com a subida gradual dos preços e o aumento do consumo”, pelo que antevê “uma oportunidade única para colocar esta região de excelência na mira dos principais compradores e consumidores europeus deste fruto seco”.
É a confirmação de que Portugal não se limita apenas ao Alentejo e ao Alqueva, que, apesar de ser o principal hub agrícola nacional, é já um destino muito concorrido para este tipo de investidores.
Esta transação, apontada como “particularmente relevante por ser um dos primeiros investimentos institucionais em culturas permanentes na região do Ribatejo”, foi assessorada pelo departamento de agribusiness da consultora imobiliária CBRE, que em fevereiro também foi responsável pela venda da Herdade da Zambujeira do grupo Agrihold (famílias Martinavarro e Ballester) a um fundo da igreja mórmon.
“É um passo importante para a região e a confirmação de que Portugal não se limita apenas ao Alentejo e ao Alqueva, que, apesar de ser o principal hub agrícola nacional, é já um destino muito concorrido para este tipo de investidores. O investimento institucional tem-se diversificado tanto em culturas como em regiões, e Portugal continua a ser um mercado muito atrativo”, resume Manuel Albuquerque, Head of Agribusiness para o Sul da Europa da CBRE.
O interesse dos investidores nacionais e internacionais pelo setor agrícola na Península Ibérica subiu nos últimos anos, com a maior parte do volume de investimento concentrado nas regiões de Alqueva e Andaluzia. Segundo dados da consultora, entre 2022 e 2024, o investimento total na Ibéria atingiu 4.100 milhões de euros e “a profissionalização do setor agrícola tem facilitado a entrada de investidores institucionais”.
Por outro lado, finaliza a CBRE em comunicado enviado esta segunda-feira às redações, o setor está a atrair a comunidade investidora “devido às rentabilidades atrativas e à possibilidade de desenvolver portefólios diversificados, minimizando a volatilidade e reduzindo a relação risco/retorno das carteiras”.
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