Lucros da Semapa caem 18% para 39,6 milhões no primeiro trimestre
Resultados da holding da família Queiroz Pereira foram penalizados pela quebra dos lucros da Navigator.
O resultado líquido da Semapa baixou 17,9% para 39,6 milhões de euros nos primeiros três meses do ano, informou a holding da família Queiroz Pereira em comunicado divulgado esta sexta-feira à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). A pressionar os números esteve a quebra do negócio da pasta e papel, no mesmo período.
“O resultado líquido atribuível a acionistas da Semapa foi 39,6 milhões de euros, o que representa um decréscimo de 8,6 milhões de euros face ao período homólogo“, explica a empresa em comunicado.
O relatório com os resultados dos primeiros três meses justifica a descida com “a redução do EBITDA em 11,2 milhões de euros, o que reflete a redução verificada no segmento de Pasta e Papel parcialmente compensada pelo aumento do EBITDA dos segmentos Cimento e Outros Negócios”. A papeleira reportou na semana passada que fechou o primeiro trimestre do ano com um resultado líquido de 48,3 milhões de euros, 24,6% abaixo dos 64 milhões reportados nos primeiros três meses de 2024.
O resultado foi ainda negativamente afetado pelo “agravamento de 7,9 milhões de euros nas depreciações, amortizações e perdas por imparidade“, aponta o relatório.
O volume de negócios consolidado do Grupo Semapa atingiu 728,1 milhões de euros, ficando ligeiramente (1,8%) acima dos números reportados no período homólogo, com a Navigator a gerar 529,3 milhões de euros, ou cerca de 73% do total, enquanto a Secil contribuiu com 171,6 milhões de euros na Secil e o segmento de outros negócios, que inclui a ETSA e a Triangle’s, com 27,4 milhões de euros
As exportações e vendas no exterior no mesmo período ascenderam a 553,3 milhões de euros, o que representa 76% do volume de negócios.
“O aumento do volume de negócios do Grupo teve o contributo da Secil (+5,2%), pela variação positiva na Tunísia e no Líbano, e dos Outros Negócios (+72,8%)”, explica a empresa, acrescentando que o volume de negócios da Navigator apresentou uma ligeira redução (-1,3%) devido à redução do volume de vendas de papel de Impressão e Escrita.
O EBITDA situou-se nos 159,5 milhões de euros, o que representa uma quebra de 6,6% face ao período homólogo de 2024. A margem EBITDA consolidada atingiu 21,9%, 0,2 pontos percentuais abaixo dos primeiros três meses do ano passado.
À semelhança do que aconteceu com o volume de negócios, o EBITDA foi impactado pela performance negativa da Navigator (-13,3%), um desempenho que foi parcialmente compensado pela Secil (+12,0%) e pelos Outros negócios (+252,9%).
A empresa investiu 93 milhões de euros no primeiro trimestre,” dos quais 35 milhões de euros em investimentos em participações financeiras, prosseguindo a execução dos planos estratégicos das diferentes subsidiárias”.
O primeiro trimestre ficou marcado pela aquisição da espanhola Barna pela ETSA, cujo valor não foi, porém, revelado. A empresa comprou 100% do capital do grupo espanhol, que também se dedica ao negócio da reciclagem alimentar, ao fundo de investimento Corpfin Capital e a outros acionistas minoritários.
Segundo o mesmo comunicado, o investimento em ativos fixos ascendeu a 58 milhões de euros no final do ano, ficando abaixo dos 67 milhões de euros no período homólogo, “destacando-se a Navigator com 36 milhões de euros (dos quais cerca de 22 milhões de euros dizem respeito a investimentos em matérias ambientais ou de cariz sustentável criadoras de valor, cerca de 60% do investimento total) e a Secil com 17 milhões de euros”, detalha.
Em termos de endividamento, a Semapa chegou ao final de março com uma dívida líquida remunerada consolidada de 1.103,4 milhões de euros, mais 11,7 milhões de euros face ao final de 2024.
Em termos de perspetivas futuras, a holding destaca que “a economia mundial parecia estar a estabilizar, com taxas de crescimento modestas, mas consistentes, no entanto, o cenário alterou-se significativamente, à medida que os governos reorganizam as suas prioridades políticas e a incerteza atinge níveis historicamente elevados“.
A empresa nota que “o aumento do protecionismo, caracterizado pela aplicação de direitos aduaneiros, conduzirá diretamente a um aumento dos custos, introduzindo ao mesmo tempo importantes alterações às dinâmicas dos mercados”. No que diz respeito ao negócio da pasta e do papel, a Semapa aponta que os EUA “não são atualmente autossuficientes e terão de continuar a importar parte dos produtos que necessitam“.
“A necessidade de importação para os EUA terá de continuar a ser suprida pelos poucos países no mundo com capacidade para fornecer as especificações do exigente mercado norte-americano, com destaque para alguns produtores da Europa e do Brasil. Por outro lado, um eventual maior foco dos norte-americanos no seu mercado doméstico abrirá também oportunidades nos seus atuais mercados de exportação”, antecipa.
No cimento, “a Secil encontra-se a avaliar potenciais oportunidades de investimento [em Portugal], com ênfase na área de descarbonização dos seus processos industriais e I&D em produtos e soluções nos sectores em que atua, encontrando-se em análise o seu enquadramento no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência”. Por outro lado, “espera-se que a execução do Plano de Recuperação e Resiliência contribua positivamente para a recuperação económica em Portugal”.
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