André Ventura diz que Chega pôs fim ao bipartidarismo e que não vai parar “até ser primeiro-ministro”

O líder do Chega deixou ainda várias ameaças de que o partido vai "exigir contas a todos os poderes em Portugal" e às empresas de sondagens que falharam.

O líder do Chega considera que o resultado eleitoral do partido nestas eleições legislativas significa o fim do bipartidarismo em Portugal e disse este domingo que não vai “parar até ser primeiro-ministro”.

Apesar de ainda faltarem apurar os círculos da emigração, André Ventura garante que o “Chega tornou-se o segundo maior partido da nossa democracia“, o que “não acontecia desde 25 de abril de 1974”.

“Não vencemos estas eleições, mas fizemos história (…) Podemos declarar oficialmente, perante o país todo e com segurança, que acabou o bipartidarismo”, afirmou André Ventura, no discurso de reação aos resultados eleitorais, a partir do hotel que o Chega escolheu para acompanhar a noite eleitoral, em Lisboa.

André Ventura deixou ainda várias ameaças de que o Chega vai “exigir contas a todos os poderes em Portugal” e às empresas de sondagens, que “falharam” nas intenções de votos dadas ao partido durante a campanha eleitoral.

“Aprendi que em política temos de assumir responsabilidades. É hora que as empresas de sondagem também retirem consequências dos seus atos”, disse, acusando as empresas de “levar ao colo” os principais partidos (PSD/CDS e PS).

Legislativas 2025
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    Numa “grande noite” eleitoral que pôs o Chega taco a taco com o PS de Pedro Nuno Santos, André Ventura acredita que foi o facto de a taxa de abstenção ter baixado, para mínimos de três décadas, que motivou este desfecho. “Tivemos o resultado que tivemos hoje, porque o país saiu de casa”, assinalou.

    André Ventura comentou ainda as diferentes cores políticas no mapa de Portugal, especialmente os concelhos que “nunca deixariam de ser de esquerda”. “Varremo-los do mapa”, atirou, referindo-se a municípios como Setúbal ou Portalegre.

    Com apenas os votos do círculo da emigração por contabilizar, o Chega está em terceiro lugar das votações nestas eleições legislativas, atrás da AD de Luís Montenegro e do PS de Pedro Nuno Santos. Apesar de ser a terceira força política com 22,56% (1.345.575 votos), o Chega está empatado com os socialistas com 58 deputados eleitos.

    O cenário ainda se pode inverter na luta pelo segundo lugar com as votações dos emigrantes. No ano passado, o Chega venceu no círculo da emigração com 18,30% dos votos e dois deputados eleitos (um pela Europa e outro fora da Europa), o que acabou por elevar o seu número de lugares no parlamento para a meia centena.

    A propósito da Europa, o presidente do Chega disse apenas que recebeu mensagens dos grandes líderes da direita europeia, “incrivelmente honrados com o resultado que acabou com um sistema que já não servia ninguém” sem mencionar nomes dos dirigentes políticos que o contactaram.

    Quem também o felicitou, e vice-versa, foi Luís Montenegro, mas sem garantias de se sentar à mesa para negociar um possível acordo de direita. Antecipação de cenários e disponibilidade para recuar no “nunca é nunca” ficaram para os próximos dias, segundo André Ventura.

    “Oh Pedro vai para casa chorar que o Ventura chegou para ficar”

    O ambiente no quartel-general do Chega foi de completa euforia. Entre cânticos em uníssono e bandeiras erguidas, o Chega inclusive mudou a letra de um dos cânticos – “Luís vai lá trabalhar para o Ventura governar” – para tirar o ónus de Luís Montenegro e passá-lo para Pedro Nuno Santos: “Oh Pedro vai para casa chorar que o Ventura chegou para ficar”.

    Logo antes das 20h00, os militantes fizeram contagem decrescente para as projeções à boca das urnas e, assim que os primeiros resultados foram chegando através das televisões, houve gritos de entusiasmo e aplausos. Envergando os seus cachecóis e bandeiras, os apoiantes do Chega diziam expressões, como “isto é determinante para o país” ou “para a próxima ganhamos mesmo”.

    À porta do Hotel Marriott, alguns turistas norte-americanos, apoiantes de Donald Trump, mostravam-se atentos ao desenrolar da noite eleitoral e contentes pelos resultados obtidos por André Ventura em Portugal.

    Nas últimas eleições legislativas, no ano passado, o Chega obteve 18,07% dos votos (1.169.836 votos) e elegeu 50 deputados. Dois anos antes, nas eleições legislativas de 2022, o Chega obteve 7,18% dos votos (399.510 votos) e elegeu 12 deputados. Na ida às urnas em 2019, as primeiras legislativas nas quais o partido de extrema-direita participou, o Chega obteve 1,29% dos votos (67.826 votos) e elegeu apenas um deputado, André Ventura.

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