EDP paga 4,625% para emitir 750 milhões de euros em obrigações verdes a 30 anos
A elétrica nacional fechou um empréstimo obrigacionista sustentável a 30 anos pelo qual irá pagar 4,625%, menos 25 pontos base face a uma operação semelhante realizada há um ano.
A EDP voltou ao mercado obrigacionista para realizar uma nova emissão de dívida verde, desta vez com uma taxa de juro mais competitiva que a anterior.
Segundo informação enviada à Comissão do Mercado de Valores Mobiliário (CMVM), a elétrica liderada por Miguel Stilwell conseguiu colocar 750 milhões de euros em obrigações verdes híbridas a 30 anos, com uma yield de 4,625%, menos que os 4,875% pagos na operação semelhante realizada há exatamente um ano.
Esta nova investida no mercado de dívida sustentável reforça o estatuto da empresa como a maior emissora de dívida verde em Portugal.
O objetivo da emissão das Notes é a substituição dos instrumentos de dívida green subordinada fixed to reset rate em circulação, no montante de 750 milhões de euros, que têm opção de reembolso antecipado ao par a partir de maio de 2026.
A emissão anunciada esta terça-feira pela EDP consiste em instrumentos representativos de dívida verde subordinada com um valor total de 750 milhões de euros, com data de vencimento em maio de 2055, o que significa uma maturidade de 30 anos. A yield fixou-se nos 4,625%, com um cupão anual de 4,5% aplicável até à primeira data de reset, que acontecerá 6,75 anos após a emissão.
Uma das características desta emissão é a opção de reembolso antecipado pela EDP após 6,5 anos da data de emissão. Esta flexibilidade permite à empresa gerir melhor o seu passivo, podendo optar por refinanciar a dívida caso as condições de mercado sejam mais favoráveis nesse momento futuro.
A operação, tal como as anteriores do mesmo género, destina-se apenas a investidores profissionais e contrapartes elegíveis. O BofA Securities, Caixa – Banco de Investimento, Goldman Sachs Bank Europe SE, HSBC, JP Morgan, Mediobanca, MUFG, Natixis, NatWest e Santander atuaram como joint lead managers nesta emissão, segundo o documento enviado ao regulador.
Estratégia de cobertura reduz custo efetivo
Um aspeto relevante desta operação é que a EDP já tinha contratado previamente uma cobertura de risco da mid swap a sete anos para montantes a refinanciar em 2025, com um custo de 2,3%. Esta estratégia resultou numa redução do custo efetivo do financiamento, já que, considerando esta cobertura, a yield implícita das Notes é de aproximadamente 4,56%, refere a empresa em comunicado.
“O objetivo da emissão das Notes é a substituição dos instrumentos de dívida green subordinada fixed to reset rate em circulação, no montante de 750 milhões de euros, que têm opção de reembolso antecipado ao par a partir de maio de 2026″, refere ainda a EDP no comunicado enviado ao mercado.
Esta não é a primeira vez que a EDP recorre ao mercado de dívida verde. A 21 de maio do ano passado, a energética já tinha emitido 750 milhões de euros em dívida verde híbrida, também com maturidade de 30 anos, mas com uma taxa de juro superior, fixada em 4,875%.
Atualmente, a elétrica pretende que 60% da sua dívida seja verde até 2026, sendo que todas as suas novas emissões seguirão este formato.
Ainda mais recentemente, em setembro de 2024, a EDP colocou 850 milhões de euros em dívida verde híbrida a 30 anos, com uma taxa de juro de 4,75%. Nessa ocasião, o objetivo também foi financiar o portefólio de projetos verdes da empresa.
Em janeiro já deste ano, a elétrica emitiu 750 milhões de euros em obrigações verdes, mas com uma maturidade mais curta, de apenas 6 anos e meio, e um cupão de 3,5%. A procura por esses títulos superou os 5 mil milhões de euros, demonstrando o forte apetite dos investidores por este tipo de instrumentos financeiros.
Liderança no financiamento verde
As obrigações híbridas verdes seguem as mesmas linhas guia que as obrigações verdes convencionais, espelhadas no Green Bond Framework da empresa. No entanto, são assim designadas por combinarem características das obrigações (pagamento de cupão) e das ações (sem data de vencimento definida ou maturidade muito longa, podendo o emitente decidir não pagar cupão em determinadas circunstâncias).
Estas obrigações são classificadas como “verdes” porque o capital angariado é utilizado exclusivamente para financiar ou refinanciar projetos ambientalmente sustentáveis, como parques eólicos e centrais solares.
A EDP tem-se distinguido como a maior emissora de dívida verde em Portugal, tendo sido a primeira empresa do país a financiar-se com este tipo de instrumento, em 2018. Em 2023, a elétrica alcançou a meta de ter 50% da sua dívida classificada como verde, dois anos antes do prazo que tinha estabelecido.
O financiamento obtido com esta nova emissão servirá para apoiar o ambicioso plano de investimento de 17 mil milhões de euros da EDP, aumentando a sua flexibilidade financeira para a transição energética.
Atualmente, a elétrica pretende que 60% da sua dívida seja verde até 2026, sendo que todas as suas novas emissões seguirão este formato. Esta estratégia de financiamento não é apenas uma questão de responsabilidade ambiental, mas também uma forma de otimizar custos.
Como explicou em março de 2024 o CFO da energética, Rui Teixeira, “ao emitir em formato verde, a EDP beneficia de uma procura superior, face a emissões convencionais”, o que “permite otimizar o preço”.
O financiamento obtido com esta nova emissão servirá para apoiar o ambicioso plano de investimento de 17 mil milhões de euros da EDP, aumentando a sua flexibilidade financeira para a transição energética, refere ainda a empresa, sublinhando que “os projetos financiados estão totalmente alinhados com a Taxonomia Europeia”, reforçando o compromisso da empresa com a sustentabilidade.
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