O Dalí mais íntimo, retratado por Jacques Léonard, chega a Barcelona

  • Servimedia
  • 20 Maio 2025

O Real Círculo Artístico de Barcelona, instituição dedicada desde 1881 à difusão e promoção da cultura, inaugura uma exposição de fotografias de Jacques Léonard que apresenta o artista de Port Lligat.

Salvador Dalí aparece na maioria delas com uma atitude natural e quotidiana sem precedentes, longe dos gestos e da teatralidade associados ao pintor.
A exposição, comissariada por Santiago Léonard, filho do fotógrafo e o melhor conhecedor da sua obra, é composta por 36 impressões analógicas produzidas a partir dos negativos do fotógrafo, a partir dos quais foi feita a seleção. A exposição estará patente de 23 de maio a 1 de setembro.

Jacques Léonard (Paris, 1909 – l’Escala, 1994) é conhecido pelo seu importante arquivo dedicado à cultura cigana. Após uma longa experiência como produtor e montador nos estúdios de cinema Gaumont em Paris, tendo trabalhado com os melhores realizadores da época, incluindo Abel Gance, e tendo viajado por todo o mundo, estabeleceu-se em Barcelona e casou com Rosario Amaya, uma cigana do emblemático bairro de Montjuïc. O seu casamento com Rosario tornou-o membro da comunidade e permitiu-lhe documentar a vida dos ciganos a partir de uma posição privilegiada nunca antes vista.

Para além do valioso arquivo sobre a comunidade cigana, Léonard desenvolveu vários temas fotográficos para diferentes meios de comunicação e no seu estúdio de fotografia publicitária situado no bairro de Gràcia. Entre eles, destaca-se a importante série dedicada a Salvador Dalí, que, de resto, mantinha relações estreitas com várias famílias ciganas de Cadaqués.

A relação de Jacques Léonard com Salvador Dalí remonta ao início dos anos 50, quando o fotógrafo foi apresentado ao pintor por Alberto Puig Palau, um industrial têxtil da burguesia catalã, amigo e protetor de artistas a quem os ciganos chamavam “Tio Alberto”, protagonista da famosa canção de Joan Manuel Serrat.

Nessa altura, Jacques Léonard ainda não tinha casado com Rosario Amaya, a quem Salvador Dalí tinha pedido para posar para ele, proposta que Rosario recusou. Desde então, sabe-se, através dos negativos guardados pela família Léonard, que realizou três reportagens tendo o pintor como tema principal. A primeira, em 1955, para a publicação “Revista”, propriedade de Alberto Puig Palau; a segunda, em 1957, para “La Gaceta Ilustrada”, e a terceira, em 1963. Não se sabe se esta última chegou a ser publicada.

Nestas fotografias podemos apreciar a perícia do fotógrafo em retratar Dalí como o bom ator que era, representando a personagem que ele próprio tinha criado, mas também, e esta é uma das particularidades desta exposição, o artista na sua intimidade e com uma atitude distante do gesto forçado, o que revela a cumplicidade existente entre o fotógrafo e o pintor.

 

Assine o ECO Premium

No momento em que a informação é mais importante do que nunca, apoie o jornalismo independente e rigoroso.

De que forma? Assine o ECO Premium e tenha acesso a notícias exclusivas, à opinião que conta, às reportagens e especiais que mostram o outro lado da história.

Esta assinatura é uma forma de apoiar o ECO e os seus jornalistas. A nossa contrapartida é o jornalismo independente, rigoroso e credível.

Comentários ({{ total }})

O Dalí mais íntimo, retratado por Jacques Léonard, chega a Barcelona

Respostas a {{ screenParentAuthor }} ({{ totalReplies }})

{{ noCommentsLabel }}

Ainda ninguém comentou este artigo.

Promova a discussão dando a sua opinião