Mota-Engil financia-se em 95 milhões de euros junto de 4.682 pequenos investidores
A construtora liderada por Carlos Mota Santos captou o montante máximo previsto no empréstimo obrigacionista sustentável a cinco anos, numa operação que contou com uma procura 12% acima da oferta.
A Mota-Engil financiou-se em 95 mil milhões de euros por via de um empréstimo obrigacionista sustentável a cinco anos junto de mais de 4 mil investidores. A construtora captou o valor máximo previsto nesta emissão, após ter feito uma revisão em alta do montante envolvido.
A procura total pelas obrigações atingiu os 106,58 milhões de euros, mais 12% do que a oferta disponível, segundo a informação divulgada esta quarta-feira pela Euronext Lisboa e enviada à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).
A operação atraiu um total de 4.682 investidores, dos quais 2.971 na oferta de subscrição e 1.711 na oferta de troca. A maioria dos subscritores (cerca de 52%) investiu valores entre torno dos 3.000 euros e 10 mil euros. Dos 95 milhões de euros angariados, 65% foram colocados através da oferta de subscrição de novas obrigações, enquanto os remanescentes 35% foram captados através da oferta de troca.
“Foi uma emissão bem-sucedida, um sucesso em toda a linha. Com um ticket inicial de 50 milhões de euros, tinha um objetivo principal de diversificação das fontes de financiamento com impactos objetivos no aumento de maturidades, numa altura em que a nossa carteira de encomendas alargou a sua maturidade. Cumpriu os nossos objetivos e superou em termos de montante“, referiu o administrador financeiro da Mota-Engil, na sessão de apresentação dos resultados, na sede da Euronext Lisbon.
José Carlos Nogueira referia-se à carteira de encomendas de 15,6 mil milhões de euros que a Mota-Engil tem e cujas maturidades são “mais alargadas”.
O CFO da construtora destacou o ano transato recorde, no qual algumas das metas do plano estratégico Building ’26, para 2026, acabaram por ser cumpridas dois anos antes. A Mota-Engil está agora a trabalhar na estruturação de um novo plano estratégico que, segundo José Carlos Nogueira, será divulgado no primeiro trimestre do próximo ano.
“A Mota-Engil foi pioneira neste tipo de operações, desde 2013, e tem vindo a ocupar um espaço que nos é natural. Não deixaremos de estar presentes neste tipo de iniciativas quando e se justificar”, garantiu José Carlos Nogueira, embora revele que, para este ano, não estão previstas mais emissões de obrigações.
Na semana passada, a Mota-Engil decidiu quase duplicar o empréstimo obrigacionista – dos anteriores 50 milhões de euros para 95 milhões de euros – e atingir o “número máximo de obrigações”, correspondendo a até 190 mil obrigações.
As obrigações ligadas à sustentabilidade têm por detrás a vertente de governança corporativa (corporate governance), uma vez que se inserem no compromisso da Mota-Engil com a melhoria de um indicador de desempenho (KPI – Key Performance Indicator) específico sobre promoções de talento a nível nacional.
Em causa está o objetivo de alcançar uma meta de desempenho sustentável definida por referência a 31 de dezembro de 2028. Ou seja, aumentar a proporção de talento local em posições de gestão para 76,8% ao longo dos próximos três anos. Este plano já constava do anterior empréstimo obrigacionista, realizado em outubro do ano passado.
Esta emissão tem uma taxa de juro fixa bruta de 4,5% e destinou-se a particulares, mais precisamente pequenos investidores, sendo que o mínimo de investimento foi de 2.500 euros. A liquidação das ofertas e emissão das obrigações realiza-se na sexta-feira, sendo que essa tarefa será processada pelo Haitong Bank.
A operação foi coordenada pelos bancos CaixaBI, Haitong, Novobanco e Millennium bcp e contou com a assessoria jurídica das sociedades de advogados VdA – Vieira de Almeida e CS Associados. Entre as instituições financeiras envolvidas estiveram ainda ActivoBank, Banco Best, Banco Carregosa, Banco Finantia, Banco Invest, Banco Montepio, Bankinter, BiG, BPI, CCCAM, CGD, Eurobic/Abanca. A auditoria esteve a cargo da PwC.
A Mota-Engil tem 78 anos – 37 dos quais em bolsa – e negoceia atualmente com uma capitalização bolsista de 1,4 mil milhões de euros. No ano passado, a empresa teve o melhor resultado de sempre ao lucrar 123 milhões de euros, mais 8% do que em 2023, o que a levou a rever em alta os objetivos para os próximos cinco anos.
Na terça-feira, dia 27 de maio, irá publicar um trading update referente ao primeiro trimestre. “Vemos o futuro com confiança. Vamos corroborá-lo na próxima terça-feira”, concluiu o CFO da Mota-Engil, na cerimónia que se realizou na Euronext Lisbon.
Notícia atualizada às 17h23 com mais informação
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