Navigator confirma saída de 125 trabalhadores este ano, mas nega “pressões e retaliações”
A empresa rejeita as acusações da CGTP de estar a retaliar contra colaboradores que fizeram greve e exigiram aumentos salariais, esclarecendo que se tratam de "adesões voluntárias ou reorganizações".
A Navigator confirma a saída de 125 trabalhadores durante este ano, mas rejeita as acusações de “pressões e retaliações” sobre as pessoas que fizerem greve e exigiram aumentos salariais, como acusou a CGTP. A papeleira diz ainda ter criado, entre saídas e entradas, 65 novos postos de trabalho no último ano.
“Do total de 125 saídas ocorridas ou previstas até final de 2025, apenas 25 resultam da reorganização industrial em curso nas unidades de Setúbal e Figueira, sendo que o número de colaboradores efetivamente abrangidos é substancialmente inferior aos 54 mencionados publicamente“, esclarece em comunicado oficial.
A União dos Sindicatos de Setúbal da CGTP tinha denunciado que os trabalhadores “foram pressionados a sair”, tendo a empresa dado poucos dias para aceitarem os termos propostos pela produtora de pasta e papel. Indicou que “a questão que está em cima da mesa, e está subjacente, é o facto de a maioria deles reivindicar, isto é, não se calar e pedirem aumentos salariais, por exemplo, e quem fez greve teve avaliação negativa”.
A Navigator recusa as alegações da intersindical, classificando-as de “falsas” porque “confundem situações distintas: adesões voluntárias ao programa de rejuvenescimento e saídas enquadradas em acordos individuais ou reorganizações específicas”. Ou seja, a CGTP dá “a entender uma realidade que não corresponde aos factos”, refere na mesma nota enviada às redações.
A empresa liderada por António Redondo acrescenta “que as saídas por mútuo acordo foram negociadas de forma individualizada e assentam, na sua maioria, em situações de desempenho reiteradamente abaixo do expectável ao longo dos anos, independentemente de integrarem as áreas de produção afetadas pela reorganização em curso”.
A produtora de pasta de papel refere ainda que “houve colaboradores que exerceram o seu direito à greve em 2024 e obtiveram avaliações elevadas, o que permitiu progressões e promoções relativas a esse mesmo ano — facto reconhecido pela própria Comissão Sindical”. “Por outro lado, existem também casos de colaboradores que não exerceram esse direito e obtiveram avaliações que se situaram abaixo das expectativas. Estes exemplos ilustram inequivocamente que as avaliações são atribuídas com base em critérios objetivos”, completa.
Devido a fatores exógenos ao setor, como o “aumento estrutural dos custos energéticos na Europa, acentuado pela invasão da Ucrânia pela Rússia, e a crescente volatilidade dos mercados”, a Navigator teve de “realizar uma reorganização industrial, nomeadamente com a reorientação da produção para segmentos de embalagem sustentável, que é comercializada em bobines, o que diminui a necessidade de mão-de-obra nas operações de transformação e embalamento de papel”.
“Ao contrário de outros operadores do setor que optaram por encerramentos definitivos de unidades, a Navigator manteve o seu compromisso com o emprego, reconvertendo capacidades industriais mais antigas e investindo no desenvolvimento de novos segmentos como o tissue, o papel de embalagem e celulose moldada, criando novos postos de trabalho”, lê-se no mesmo comunicado,
Apesar desta transformação, a empresa indica que “continua a garantir um elevado nível de emprego e tem vindo a reforçar as suas equipas”. “Entre maio de 2024 e maio de 2025, foram criados 65 novos postos de trabalho (líquidos de saídas) nas unidades nacionais, nomeadamente nos novos negócios de tissue e celulose moldada nas unidades de Vila Velha de Ródão e Aveiro, respetivamente, fábricas geograficamente distantes das unidades que produzem papel de impressão e escrita e em que ocorre a reestruturação da nossa produção”, acrescenta.
A Navigator fechou o primeiro trimestre deste ano com lucros de 48,3 milhões de euros, uma quebra de 24,6% face aos 64 milhões reportados nos primeiros três meses de 2024.
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