Cristina Casalinho: “Conseguimos tornar a nossa dívida mais apetecível por várias instituições”
A atratividade da dívida pública portuguesa vai aumentar nos próximos tempos, depois de a Standard & Poor's ter elevado o rating da República, defende ainda Cristina Casalinho.
Portugal tem conseguido tornar a sua dívida mais apetecível para os credores internacionais e essa tendência vai acentuar-se ainda mais nos próximos tempos, depois de a Standard & Poor’s (S&P) ter tirado o rating da República do nível “lixo”. A ideia é defendida por Cristina Casalinho, presidente da Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública – IGCP, que está a falar no Parlamento no âmbito de uma audição requerida pelo Grupo de Trabalho de Avaliação do Endividamento Público e Externo.
“Conseguimos tornar a nossa dívida mais apetecível por várias instituições. No caso dos detentores de dívida não residentes, há uma aproximação às características do passado“, quando estes representavam a maioria dos detentores da dívida portuguesa, disse Cristina Casalinho.
E, apesar de já ter dito que só a decisão da S&P não chega para ter impacto nos custos de financiamento de Portugal, Cristina Casalinho reconhece agora que esta decisão vai ajudar neste processo. “A melhoria do rating por parte da S&P vai fortalecer esta tendência” de atratividade da dívida portuguesa, antecipa a presidente do IGCP.
Sobre a gestão de dívida que deve ser feita, Cristina Casalinho defende que Portugal deve procurar ter “um perfil de reembolsos o mais alargado possível” e uma “capacidade de escolher o momento em que nos financiamos”, mantendo, para isso, uma “reserva de liquidez significativa”.
Esta ideia é suportada também por João Moreira Rato, que também está presente nesta audição no Parlamento. Para o antigo presidente do IGCP, Portugal deve ter três objetivos essenciais na gestão da dívida: “Estender maturidades, evitar grandes concentrações de reembolsos numa só altura e manter uma almofada de liquidez precaucional, que permita ao Estado português não ter de recorrer ao mercado em alturas em que os investidores estejam com menos apetite pelo risco. Se houver uma crise no mercado, convém ter uma almofada de liquidez para não ter de aceder ao mercado em alturas com piores condições”, referiu.
PIB e juros ajudam a reduzir dívida
A dívida pública está em máximos históricos, perto dos 250 mil milhões de euros (o equivalente a mais de 132% do PIB), mas a trajetória do futuro próximo será de queda, antecipa Cristina Casalinho.
A gestora da dívida soberana elenca três fatores preponderantes para a evolução da dívida: o crescimento do PIB, as condições de acesso ao mercado e uma robustez da estrutura da dívida que “evite que ela seja suscetível a choques assimétricos e idiossincráticos”.
No primeiro caso, a perspetiva é otimista. “O crescimento real e o saldo primário evoluem num sentido que permite, pelo menos, a estabilização da dívida”. Quanto às taxas de juro, “a evolução recente tem sido positiva”, indica a presidente do IGCP. “Apesar de o stock da dívida ter aumentado, os juros em percentagem do PIB têm uma tendência declinante ou, pelo menos, de estabilização”, refere.
Notícia atualizada às 11h05 com mais informação.
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