Rio seguiu uma estratégia anti-Passos
A primeira semana de Rui Rio não foi brilhante, afirma Marques Mendes. Mas percebeu-se uma ideia central: Rio foi um líder anti-Passos Coelho.
Rui Rio não teve “uma primeira semana brilhante, mas teve uma ideia central: demarcar-se de Passos Coelho”, afirma Marques Mendes no seu comentário semanal na SIC. Para o comentador, foi um “Rio anti-Passos Coelho”. Em que pontos? No diálogo com António Costa, na escolha de Elina Fraga e na ideia de uma política de justiça e no confronto com os deputados. “É uma estratégia anti-Passos, percebe-se a ideia, mas tem alguns problemas”, afirma Marques Mendes.
Para Marques Mendes, os contactos entre o líder da oposição e o governo são positivos, mas aponta um problema. “Rui Rio admitiu negoiar alguns acordos, mas estes são a agenda de António Costa. E os que Rio elencou, na justiça e na segurança social?”, insiste. Além disso, Mendes considera que há um falhanço nestas negociações. “Há uma falha enorme, dos dois, de António Costa e Rui Rio, que é o desenvolvimento do interior, a coesão”. É um terceiro acordo que deve estar na discussão do governo e do PSD, aponta.
Até ao momento, só há casos, afirma Marques Mendes. O comentador afirma que Rio faz bem em demarcar-se de Passos Coelho, “mas tem de ser por causas e não por casos”. Um deles é o da eleição de Fernando Negrão. “Negrão é mais vítima do que réu. No lugar dele, tinha vindo embora, mas tem legitimidade para ficar. O principal teste e desafio são os debates com o primeiro-ministro. Se não estiver bem, fragiliza-se ainda mais”, acrescenta Mendes. “Já é tempo de o PSD começar a fazer oposição, o que se passa na saúde, na dívida pública”, citou.
A saúde foi, aliás, o tema que esteve no início do seu comentário. “O estado de graça do ministro da Saúde acabou”, afirma Mendes. Porque as críticas são generalizadas, por médicos, enfermeiros, depois há hospitais a queixarem-se de falta de médicos, também o endividamento e as dívidas a fornecedores. “Neste setor, como na generalidade dos setores, não foram feitas reformas, nem vão ser feitas”, afirma Marques Mendes. E o comentador acrescenta que o governo está a gerir o dia a dia. Ao fim de dois anos de governação, os problemas vêm ao de cima e vai acontecer noutros setores, como na educação.
O ministro da Saúde vai cair? “Não, acho que não vai sair. A mudança de ministro da saúde não vai resolver o problema da saúde”, refere, e acrescenta que o problema está na própria geringonça e na ditadura das finanças. “O PSD e o CDS andam distraídos e poderiam usar a figura da interpelação parlamentar” para discutir o estado da saúde.
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