Somos vítimas de bullying todos os dias, quem nos defende?
Estamos a ser massacrados por vândalos que só pensam em facturar. Actuam sob os auspícios de uma lei da selva que eu julgava que estava extinta.
Acredito que quem faz crescer a economia de um país são as empresas. Acredito num mercado livre que gera receitas, cria empregos e respeita os trabalhadores, não acredito em modelos totalmente dependentes do Estado, que já deram provas evidentes do seu fracasso, nem aprecio paradigmas que têm como Santo Graal a ganância e conquistas rapaces. Gosto da racionalidade do meio-termo, do equilíbrio entre acção do Governo que liberte os empresários de burocracia, sem que perca a sua objectividade na prossecução das garantias sociais dos cidadãos, e a liberdade de escolha que os mercados oferecem aos consumidores.
Portugal é um País pobre com elites medíocres e isso não tem remédio nos próximos tempos. O que nos salvou do buraco negro e nos vai dando gás para o crescimento – e que eu defendo desde a primeira hora e já expressei aqui no ECO – é o nosso ouro negro: o turismo. Com muita visão, o Turismo de Portugal e o Turismo de Lisboa conseguiram criar um «zeitgeist» de simpatia global, colocando Portugal na moda. Esse movimento de atracção por nós tem gerado lucros, empregos, investimento local e internacional e resultados económicos muito interessantes e positivos que têm merecido elogios de diversos agentes.
Por isso, e parto do exemplo de Lisboa que conheço bem, tem havido um crescimento no mercado hoteleiro, de alojamento, de construção, de reabilitação urbana, em suma, de imobiliário. Não sabemos até quando, nem se a bolha explodirá, mas é um facto claro como a água e indesmentível. Ora, eu respeito muito a actividade económica, como já disse, e o trabalho de todos os profissionais que têm na plenitude o direito de levar a sua vida para a frente. No entanto, como deixei bem expresso no primeiro parágrafo, abomino ganância e a rapacidade de quem não olha a meios para obter lucros. Para mim, e ao contrário, de Thomas Hobbes, o homem não deve ser o lobo do homem.
Em todas as ocupações existem bons e maus profissionais, mas acima deles deve haver alguns travões nos excessos, pois os mesmos também prejudicam os que são bons nas diferenciadas áreas. Com o “boom” no imobiliário da capital, tem-se assistido a um verdadeiro bullying de quem por aqui vive. Julgo que já todos os leitores foram bombardeados por mails, sms, cartas, toques às campainhas das portas por indivíduos representantes de agências imobiliárias que vêm prospectar a hipótese de vendermos as casas. Esses indivíduos/empresas não estão a cometer nenhuma ilegalidade, apenas mostram um apetite voraz para fazer negócios e ganhar as respectivas comissões e uma enorme falta de pudor e respeito por quem quer estar tranquilo em sua casa sem ser incomodado.
Dei o exemplo do imobiliário, porém, quantos dos que me lêem são também constantemente invadidos na sua privacidade por propostas de operadoras de telecomunicações, de energia ou bancos «que têm um produto muito interessante para si» e que por adquirirem bases de dados de telemóveis e mails não param de ligar para vender algo que não queremos? É neste “bullying” constante que estamos a viver e o pior é que não há ninguém nem nenhuma instituição que ponha termo a isto e puna exemplarmente os que nos violentam ostentando a máscara do simples interesse comercial. Estamos a ser massacrados por vândalos (força de expressão) que só pensam em facturar, esta é a mais pura das verdades, que actuam sob os auspícios de uma lei da selva que eu julgava que as sociedades modernas tinham extinguido. Enganei-me.
O autor escreve segundo a antiga ortografia
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