? A crise do Sporting, do pontapé de saída ao apito final
Pontapé de saída
A derrota contra o Atlético de Madrid, por 2-1, na primeira mão dos quartos de final da Liga Europa, não agradou a Bruno de Carvalho. Foi na noite de 6 de abril que o presidente do clube leonino desencadeou um conflito com os jogadores, depois de mostrar desagrado com o resultado e a performance da equipa, através de um post no Facebook.
O plantel respondeu ao presidente, também pelas redes sociais: os jogadores recusaram-se a treinar, mas acabaram por vencer os dois confrontos seguintes. Por essa altura, Jaime Marta Soares, presidente da Mesa da Assembleia Geral, exige a demissão de Bruno de Carvalho. O presidente acabou por pedir a marcação de uma AG para discutir a sua continuidade na liderança do clube.
Invasão de campo
Na última jornada do campeonato, a derrota contra o Marítimo empurrou o Sporting para o terceiro lugar e para fora da Champions. O apuramento para a competição iria garantir a entrada de, pelo menos, 20 milhões de euros nos cofres do clube.
Durante o treino de preparação para a final da Taça de Portugal, na tarde de 15 de maio, um grupo de 50 adeptos invadiu a Academia de Alcochete. Armados e de cara tapada, chegaram a agredir jogadores e equipa técnica. No dia seguinte, o comunicado da GNR dava conta de 23 detidos, todos pertencentes à JuveLeo.
As reações ao ataque vieram de todos os lados, do clube aos adeptos. Marcelo Rebelo de Sousa, António Costa, Ferro Rodrigues, Fernando Medina, e até a Altice Portugal, patrocinadora oficial do clube, mostraram o “repúdio” pelos atos de violência cometidos.
Os jogadores apresentaram, nessa noite, queixa na GNR, e o Ministério Público começou a investigar o ataque. Estava, assim, oficializada a crise no Sporting.
Pressão na área
Dois dias depois do ataque na Academia de Alcochete, demite-se em bloco o Conselho Fiscal e Disciplinar do clube, deixando assim de haver quórum para tomada de decisões relativas à fiscalização da direção do conselho diretivo do clube. Logo de seguida, ainda a 17 de maio, a Mesa da Assembleia Geral (MAG) – presidida por Jaime Marta Soares –, também anuncia a demissão. Contudo, volta atrás horas mais tarde.
O presidente da MAG apela à saída de Bruno de Carvalho. O líder do clube leonino considera Marta Soares demissionário. Agravou-se assim o braço de ferro entre os dois.
O “dia mais triste”
No final da reunião de órgãos sociais do Sporting, a 24 de maio, Marta Soares anuncia a Assembleia Geral para destituir Bruno de Carvalho e a direção, a 23 de junho.
“Hoje é um dos dias mais tristes que vivi no Sporting”, confessa Bruno de Carvalho na conferência de imprensa que se seguiu ao anúncio. Explica que a decisão põe em causa o empréstimo obrigacionista de 15 milhões de euros e acusa Marta Soares de estar a “lançar uma bomba atómica”.
Situação financeira agrava-se
A instabilidade no clube leva a CMVM a travar o empréstimo obrigacionista que deveria arrancar a 28 de maio. Com a iminência da rescisão de contratos por parte dos jogadores, e contas para pagar, a situação financeira do Sporting agrava-se.
Nove em fora de jogo
O primeiro foi Rui Patrício. O Sporting enviou um comunicado à CMVM a dar conta da rescisão unilateral do guarda-redes, a 1 de junho. Mais oito jogadores seguiram o capitão de equipa até à data limite de apresentação de rescisões. Bas Dost, Bruno Fernandes, Gelson, William, Podence, Rafael Leão, Ruben Ribeiro e Battaglia também deixaram o clube. O valor de mercado destes jogadores corresponde a 60% do valor do plantel, ou seja, a cerca de 150 milhões de euros.
Bruno de Carvalho suspenso. Ou não
Entretanto, são criados mais dois órgãos sociais: Marta Soares forma a Comissão de Fiscalização, para exercer as funções do Conselho Fiscal, até à Assembleia Geral. Em resposta, Bruno de Carvalho funda a Comissão Transitória da Mesa da Assembleia, para substituir a MAG demissionária de Marta Soares.
A Comissão de Fiscalização anuncia, a 13 de junho, a suspensão imediata do Conselho Diretivo do Sporting. Bruno de Carvalho afirma que “não reconhece legitimidade a esta comissão de fiscalização”, em declarações à SIC Notícias.
O quarto árbitro
Para assegurar a realização da Assembleia Geral, Marta Soares avança com duas providências cautelares. O Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa proíbe as AG marcadas pela Comissão Transitória da MAG. As reuniões, que deveriam acontecer a 17 e 21 de junho, são consideradas ilegais. É também deliberado que a direção leonina seja obrigada a entregar os cadernos eleitorais ao presidente da MAG, e a pagar a realização da Assembleia Geral de dia 23 de junho que, segundo o Público, teriam o valor de 80 mil euros.
Cartão vermelho para a SAD
A PWC, auditor da SAD do Sporting, alertou a CMVM de que as rescisões apresentadas pelos jogadores mais valiosos do plantel podem ser uma ameaça concreta para a continuidade das operações da SAD. O aviso chega durante a madrugada de 19 de junho, através de um comunicado publicado pela SAD na CMVM. Nesse documento, Bruno de Carvalho responde ao auditor, referindo que o “conselho de administração considera que a continuidade das operações da SAD se encontra assegurada”.
Apito final
A Assembleia Geral do Sporting vai finalmente realizar-se este sábado. A destituição do Conselho Diretivo fica a depender dos sócios. A reunião magna tem início marcado para as 14h00, no Altice Arena, mas abrirá as portas ao meio-dia.
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