Science4you. Devemos confiar no Pai Natal?
Aquilo que começou como um projeto académico de Miguel Pina Martins, transformou-se num negócio sério assente na brincadeira dos mais pequenos. Tão sério que vai para a bolsa. Mas no Natal?
No 196 da Avenida da Liberdade há motivos para celebrar. É a morada da bolsa portuguesa, a Euronext Lisboa, que nos últimos anos só viu abrir-se a porta de saída de empresas do mercado de capitais. Este ano está a ser ao contrário. Apesar do percalço da Sonae Retalho, outras empurraram a porta para entrar.
Ao contrário do que aconteceu noutros tempos, desta vez não são grandes negócios que passam a porta giratória para subirem ao PSI-20. É uma nova vaga. A Raize foi uma das primeiras a avançar. O sucesso da operação atraiu muitos investidores ávidos por ganharem exposição a estas novas empresas.
Tanto a Raize como, agora, a Science4you, que deu o pontapé de saída para o mercado de capitais, têm em comum o facto de terem começado pequenas, como startups, e terem crescido, tendo a ambição de continuar a fazê-lo, tanto cá dentro como lá fora.
A Raize é uma fintech. A Science4you não o é. Mas não é por isso que tem menos charme. Enquanto a primeira joga no mundo financeiro, a segunda quer pôr todas as crianças a brincar, mas com o fator diferenciador de desafiá-las a apreender ao mesmo tempo.
Aquilo que começou como um projeto académico de Miguel Pina Martins, transformou-se num negócio sério assente na brincadeira dos mais pequenos. Fatura, fatura e fatura… Muitos milhões de euros, tanto em Portugal como noutras geografias. E que melhor altura para faturar como o Natal?
Chocolates, perfumes e brinquedos são, sem dúvida, dos presentes mais oferecidos nesta altura do ano. As pessoas gastam rios de dinheiro a comprá-los para que os seus familiares e amigos possam desembrulhá-los à meia-noite. Mas será que sobra algum desse dinheiro para comprar ações? É um risco.
Colar a oferta pública de subscrição das ações da Science4you à época natalícia pode dar para os dois lados. Pode ser um sucesso ou um autêntico fiasco. Pina Martins parece confiar no Pai Natal. E acreditar que este ano o seu presente seja uma entrada em bolsa bem-sucedida.
É verdade que o valor que a empresa pretende arrecadar é reduzido quando comparado com operações regulares que se fazem no mercado de capitais, nomeadamente o português. A Mota-Engil, por exemplo, está a renovar as obrigações que tem em bolsa, numa operação de 65 milhões de euros. O Sporting prepara-se para ir ao mercado levantar o dobro do que quer a Science4you.
Mas tanto a Mota-Engil, mas especialmente a SAD leonina, correram contra o tempo para conseguirem chamar os investidores antes de chegar dezembro. É um mês em que as atenções simplesmente não estão para aí viradas. Dezembro está para o inverno como agosto para o verão. Não é ciência. É o mercado.
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